Capítulo 2: Doutor Vega e Coronel Pascal

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- "Creio que uma avaliação mais detalhada seja necessária, mas solicito a lobotomia como o último caso

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- "Creio que uma avaliação mais detalhada seja necessária, mas solicito a lobotomia como o último caso." - O Doutor Atika Vega abaixou a prancheta com uma expressão nada sutil, levantado a sobrancelha por pura petulância. - Lobotomia, no Brasil?

- Creio que nossos médicos tiveram um bom motivo para solicitar algo dessa... - O senhor, quase completamente calvo limpou a garganta, desviando o olhar para a escrivaninha cheia de papeis. - Magnitude.

- Isso é tortura Senhor Paiva. É tão sutil quando um tiro na cabeça. - Desdenhando daquele método, Vega notou o grande selo vermelho naquele documento. - Mas creio que alguém tem bom senso. Este pedido foi abortado.

Sem conseguir encarar o Doutor, Eduardo Paiva, Chefe do Projeto Segundas Chances tentava arrumar os lápis bagunçados em cima da mesa.

- Quem, Senhor Paiva, que teve o mínimo de decência?

Como um estalo, ou um gatilho de apresentação, a porta do Escritório se abriu de uma vez batendo contra a parede.

- Paiva seu arrombado de merda! - Esbravejou um homem com roupa militar. - Eu vou enfiar uma arma na sua bunda desgraçado!

Por sorte mais dois oficias estavam junto, segurando seu Coronel para que ele não pulasse no pescoço de Paiva, que foi se encolhendo na cadeira todo pálido com os olhos arregalados por trás dos óculos.

Enquanto isso Vega deixou a prancheta de lado para tomar seu chá.

- Como pode aprovar a Lobotomia seu merda?! - Dava até para ver as veias saltadas do Coronel.

- C-coronel Pascal. - Paiva tremia em sua cadeira chique. - T-tente entender o Senhor Rafael estava d-descontrolado...

- E daí porra?! Ele estava sob seus cuidados! 

- Coronel, se acalme Senhor. - Quase implorava um dos Soldados, sendo arrastado por um homem tão bruto.

- Por favor Coronel. - Pediu o outro fazendo mais força que deveria.

- Bater nele não irá mudar nada. - Comentou enfim o Doutor deixando sua xícara de chá vazia em cima da mesinha. - Pode ser prazeroso agora, mas logo irá se arrepender.

Parando com a investida, o Coronel Pascal olhou aquele jovem Psicólogo como quem se perguntasse se alienígenas existiam. Não demorou para Vega se levantar abotoando o sobretudo.

- Doutor Atika Vega. - Se apresentou sem muita vontade. - Sou o psicólogo encarregado do caso de seu irmão Coronel Pascal.

- Já era tempo. - Em um movimento, o Coronel fez seus soldados lhe soltarem. - Você viu o estado dele?

- Lastimável, mas creio que o Senhor quem impediu a solicitação atempo. - Vega cruzou os braços notando como o Coronel parecia muito com seu paciente. - Perdão, mas os dois se parecem muito.

- É porque somos gêmeos. - Respondeu sem rodeios. - É reversível? 

- Por sorte não atingiu uma área fatal, mas causou estragos. - O Doutor olhou para Paiva que estava quase se escondendo de baixo da mesa. - Por que essa informação não estava nos arquivos?

- É reversível porra? 

O Coronel deu um passo a frente medindo altura com Vega, que serrilhou os olhos pela afronta e levantou o rosto sem recuar.

Pela primeira vez, após tanto tempo disparando informações, o silêncio veio. 

O Doutor Vega e o Coronel Pascal ficaram se encarando por um tempo. Vega estava mesmo peitado a montanha que era o Coronel? Seja lá qual tática que aquele Doutor estava usando, fez os soldados se olharem com preocupação, nem o pior militar tinha coragem de enfrentar o famoso Coronel Pascal, quem dirá um almofadinha daqueles?

- Está mais calmo? - Pergunto Atika com rispidez, como se conversasse com uma criança.

- Vai a merda.

- Que cruel.

- Senhores, por favor. - Eduardo tentou se manifestar, mas apenas o olhar raivoso de Pascal lhe fez ficar na sua e fingir que não disse nada. - Perdão, continuem.

- Dentes rangendo, olhos avermelhados, tenso e bufando. - Descreveu Vega o olhando com desdém. - Trate de se acalmar, estresse é uma coisa, já a falta de controle e uma péssima imagem para alguém com tanto poder.  

O Coronel apertou os dentes ainda mais, marcando sua mandíbula, logo, se endireitou passando a mão pelo cabelo fazendo suas mechas voltarem para trás para não ficarem caídas na frente dos olhos.  

- Pois bem. - Continuo Vega. - Lobotomia é quase irreversível, muitas sequelas vão continuar e creio que grandes mudanças irão acontecer. Será um processo lento, cruel e nada bonito, porém é possível resgatá-lo.

- Está dizendo que ele mudou? 

- Estou dizendo que você perdeu seu irmão Coronel Pascal. - Afirmou Atika Vega, firme, sem tato, apenas a verdade nua e crua sendo jogada na cara do Coronel. - E do que sobrou, dos restos que vocês me entregaram, farei o possível para te devolver algo aceitável. 

O pomo de adão daquele homem desceu e subiu. A expressão meio derrotada assustou seus soldados que bateram continência, como se lembrassem seu Coronel onde estavam. Com poucas palavras, Doutor Vega acabou com o homem feito, que contemplou a culpa e o arrependimento como se fossem suas aliadas.

- Agora, por que tem informações faltado nos registros de Rafael Pascal? 

- E-elas são confidencias, foram proibidas de serem divulgadas, nem podem ser entregues sem o devido aval do Concelho. - Eduardo enfim se pronunciou, agora que sua vida não estava mais em risco.

- E como posso fazer meu trabalho se informações tão cruciais estão sendo escondidas de mim? - Seu tom irônico e impaciente fez com que Paiva limpasse a garganta outra vez.

- Foram ordens de cima e...

- Dê tudo para ele. - Mandou o Coronel olhando Paiva pelo conto do olho. - Tudo o que ele pedir, dê a ele.

- Mas Coronel, não posso aceitar que seja assim, precisamos de uma Reunião com o Concelho e... 

- Falarei com eles logo que amanhecer. - Seu tom já estava ficando impaciente. - Por agora de os Registros. - Em uma última troca de olhares, o Coronel exigiu. - Ao fim de cada sessão, venha ao meu escritório, quero um relatório completo.

- Como desejar.

O que acharam? Sinceramente, eu estou adorando!

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O que acharam? Sinceramente, eu estou adorando!

Está muito divertido escrever esse caos :D

Doctor Morro [Romance Gay]Onde histórias criam vida. Descubra agora