A pulsação de Jasper estava fraca.
Ninguém esperava que Jasper sobrevivesse, e Lissa começava a pensar que, talvez, eles estivessem certos. Talvez, aquilo tudo houvesse sido em vão.
Mas ela se recusava a acreditar naquilo. Jasper precisava sobreviver, mesmo que isso atrapalhasse o sono dos outros delinquentes, que reclamavam dos gemidos de dor. Clarke havia acabado de sair do Dropship para buscar água, deixando Vasilisa e Monty de olho em Jasper, mas Lissa não mais aguentava os gritos de dor, o que a levou a sair também, em busca de ar fresco, quando ouviu gritos que pareciam pertencer a uma criança, e é óbvio que Vasilisa precisou ir ter certeza que estava tudo bem, encontrando uma garotinha de uns doze anos gritando em seus sonhos
- Está tudo bem, foi só um sonho – Disse Vasilisa acordando a garota – Qual o seu nome?
- C-Charlotte – Ela murmurou em voz baixa
- Eu sou a Lissa – Vasilisa se apresentou, sentando-se ao lado dela – Quer falar sobre o sonho?
- São... Os meus pais. Eles foram flutuados, e eu os vejo nos meus sonhos e... – Charlotte explicou com a voz embargada
- Eu entendo – Disse Lissa – Meus pais foram flutuados também
- Isso passa? – Questionou Charlotte, voltando o olhar para Vasilisa
- Não – Disse a russa, sem querer mentir para Charlotte – Mas melhora. Então... Como você veio parar aqui?
- Bom... As coisas dos meus pais estavam sendo levadas para o centro de redistribuição e... Eu perdi a cabeça. Dizem que ataquei um guarda – Charlotte explicou, fazendo Lissa quase sorrir
- Uma guerreira, então. Sabe, no seu lugar eu teria feito o mesmo – Contou Vasilisa, apontando para o céu – Está vendo aquela estrela, a mais brilhante? Clarke me disse que é a Arca. Vê como está longe de nós? Significa que o que que tenha acontecido lá, não pode mais nos machucar
- Você realmente acredita nisso? – Perguntou Charlotte
- Eu tento acreditar, por que se deixarmos que os horrores que passamos lá continuem a nos assombrar, eles vencem – Explicou Lissa – E eu não quero deixá-los vencer
- Não deixá-los vencer – Charlotte murmurou baixinho para si mesma, deitando a cabeça no ombro de Lissa
***
Na manhã seguinte, Lissa estava mais uma vez ao lado de Clarke, cuidando de Jasper, que não parecia estar melhorando
- Os terrestres cauterizaram a ferida. Salvaram a vida dele – Clarke comentou, confusa
- Mas por que? Só para usá-lo como isca viva? – Lissa questionou para ninguém específico
- Talvez. Ou talvez nós não fossemos o alvo – Supôs Finn
- Se não nós, então quem? – Finn ia responder à pergunta de Vasilisa, quando a voz de Clarke atraiu a atenção de ambos
- O ferimento está infeccionado. Ele pode ter septicemia – Ela disse, se virando para Monty e Vasilisa – Algum progresso no uso das pulseiras para contatar a Arca?
- Isso seria um sólido "não" – Respondeu Monty após uma breve troca de olhares com Vasilisa
- Minha mãe saberia o que fazer – Disse Clarke, exasperada
- Corte a carne infeccionada – Sugeriu Lissa – Em teoria, vai impedir que envenene o sangue dele
Clarke pensou por um momento, antes de pegar uma faca e colocar entre as brasas
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The Girl who Played with Fire
Science FictionJohn Murphy nunca fora uma pessoa fácil de se lidar, e isso já era claro para toda a Arca. Era uma clássica história de vilão, sabe? Como poderia um garoto sem família, e sem nada a perder ser algo mais que o mais vil dos vilões? Mas, e se, e a at...