Óbice de um indivíduo - Ato 2

5 0 0
                                    

Às 5:00 acordei, mas dessa vez, no lugar de fazer as coisas de forma sistemática, fiquei na cama olhando o teto. A única coisa que se passava na minha cabeça era apenas a vontade de não fazer nada. Passei uns 30 minutos apenas olhando o teto. Juntei minhas forças e, de forma rápida, me levantei de uma vez. O problema é que, quando me levantei, ter levantado rápido, minha visão passou a escurecer. Demorou uns 20 segundos para minha visão voltar ao normal. Após isso, andei até a porta que fica a uns 3,2 metros de minha cama. Saindo do quarto e entrando na sala onde minha mãe estava, parecia animada. Me aproximei e perguntei "O que está fazendo?" Ela se virou para mim com uma caixa e a estendeu em minha direção e disse "Feliz aniversário, Dieguinho da mamãe!" Olhei para ela com dúvida e percebi que eu tinha esquecido que era meu aniversário. Eu queria ter agradecido de forma decente, mas tudo o que disse foi "Obrigado..." Falei de maneira baixa, e abri o presente. Era um tênis branco com preto, com detalhes acinzentados no cadarço. Então, minha mãe me olhou e perguntou: "Gostou?". Respondi apenas balançando a cabeça. Depois disso, ela se dirigiu à cozinha. E enquanto ela ia, um sentimento de culpa apertava meu peito, pensamentos de como ela estava tão animada e eu respondi de forma tão apática e fria. Eu queria responder de forma apropriada. No momento, decidi apenas ignorar tal sentimento, mas o incômodo continuava como sempre. A manhã passou de forma tranquila, então me preparei para ir à escola já que fazia parte da rotina. Caminhando até a escola após sair do ônibus, o mundo parecia ter menos cor em minha visão. Chegando na escola, fui direto para minha sala. O professor chegou 10 minutos depois de mim e assim a primeira aula teve início. Era uma aula de português e o professor começou a fazer uma chamada de presença. Alison, Alice, Bruno, Beatriz, Caio, Caique, Carlos, Diego, assim que me chamou, falei. "Presente!" Ele terminou, mas um nome em questão me chamou atenção. "Isadora" Ela é uma garota muito extrovertida e com muitos amigos, ouvir o nome dela me lembrou do quão irritante eu a acho irritante. Ela possui muitos amigos e eles sempre ficam fazendo muito barulho e muitas das vezes são alunos de outras salas. Além de ter vários satélites em volta dela, sempre a elogiando, toda essa idrolatria em volta dela me fazia sentir nojo. Ela decidiu vir falar comigo, isso me deixou desconfortável. Ela chegou até mim e perguntou se poderíamos fazer a atividade juntos. Eu aceitei, pois já que ela veio até mim, apesar de meu preconceito, seria muito trabalhoso achar outra pessoa. Começamos, ela tentava falar sobre coisas que não tinham nada haver com a atividade e mesmo comigo respondendo "É foda". "Complicado". Ela continuava falando, já não aguentava mais, chegou ao ponto de eu olhar para ela e falar "Você me incomoda" Ela olhou para mim com uma cara chocada. Me olhou como se eu fosse um alienígena por não a tratar como seus satélites. Depois disso, ela se calou e fizemos a atividade de forma calada, passamos a nos falar apenas sobre a atividade. E assim o dia passou, voltando para casa, a noite parecia mais escura do que o normal. Não entendi o motivo dessa minha mudança de visão, mas em meio ao meu peito uma dor aguda surgia e eu sabia que isso não era um problema no meu coração. Foi um dia cansativo. Chegando em casa, vi minha mãe que me elogiou dizendo que o tênis ficou muito bom em mim. Eu a olhei e queria falar para ela o que eu sentia, queria mostrar que eu tinha gostado, agradecer de uma forma correta. Apenas respondi "Obrigado, é realmente um belo par de tênis" Fui direto para o quarto sem nem observar sua reação e sem tomar um banho e nem jantar, e fui direto dormir.

O vazio de uma existênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora