Na manhã de quarta-feira, Becky acompanhou a família até o aeroporto de Nice. Ela prometeu que dentro de um mês estaria voltando de vez para seu lar, em Newcastle.
Antes de embarcarem, a dor nos olhos dos pais dela revelou a incredulidade de que ela manteria a promessa.
Aquele olhar lhe rendeu mais culpa.
Eles não sabiam que o vislumbre da vida que ela descrevera na TV pertencia ao passado.
Os avôs dela tinham morrido.
Assim que ela cumprisse o último desejo do avô — que do qual ninguém mais sabia, além do advogado dela — nada mais a prenderia na França.
Mas até que ela colocasse seu plano em ação e voltasse para Newcastle, eles não acreditariam que ela desejava voltar com todo o seu coração. Depois de garantir que estaria de volta para o 30° aniversário de casamento deles,
em agosto, ela foi para o Banque Internacionale du Midi com uma sensação estranha no estômago.— Vovô?
Disse ela para o ar quente do sol de julho.
— Já concluí a primeira parte do nosso plano na TV. Agora espero conseguir completar a segunda parte, mas estou nervosa. Se eu me meter em problemas precisarei da sua ajuda, caso contrário, não conseguirei pôr em prática a terceira parte. Está me ouvindo?
O anúncio na mídia na sexta passada virara o clã dos Ferrier de cabeça para baixo como ela sabia que aconteceria, e como o avô dela sabia que ia acontecer depois que Robert terminasse de ler seu testamento na reunião de conselho.
Ela sabia que vários deles, incluindo os membros que não eram da família, tinham esperança de ser nomeado sucessor. Pelo menos eles não faziam disso um segredo. A mãe francesa e o pai britânico de Becky, assim como seus irmãos, eram conhecidos como a parte Britânica da progenitura dos avôs dela. Eles não queriam se envolver com os negócios da família. Porém, todos os outros Ferriers moravam na França e existiam para promover a empresa. Alguns deles residiam em Paris e ocupavam altos cargos na perfumaria.O resto deles nunca deixara os arredores de Nice, que incluíam Grasse. Todos trabalhavam para a Ferrier de um jeito ou de outro. No início, havia apenas uma pequena fundição em Grasse. Com o tempo, 30 destilarias surgiram na região dos Alpes.
O avô dela tinha o próprio laboratório particular em Grasse e dividia seu tempo entre uma perfumaria, em Hyères, e a outra, em Paris. Pouco a pouco, a empresa expandiu até a grande perfumaria ser construída em Grasse. Naturalmente, a família inteira tinha um grande interesse em tudo que estava acontecendo. Becky amava todos. Eles eram pessoas maravilhosas. Mas em se tratando de famílias fazendo negócios juntas em uma empresa com um histórico de herança como a deles, as emoções é que mandavam.
Inveja, orgulho e, em alguns casos, até mesmo ganância. Para eles, ouvir que Becky fora indicada, dentre todas as pessoas como Michel Didier disse: uma mulher, a mais nova da família — foi o mais baixo de todos os golpes.
O avô dela era uma pessoa reservada, e ele quis que seus planos secretos fossem ocultos até o grand finale.
Além disso, ele era, sem dúvida, o homem mais doce e generoso que ela já conhecera. E Becky sabia que ele estava contando com ela. Embora o avô dela soubesse que todos ficariam magoados ou bravos, de alguma forma, ele tinha um propósito nobre em mente e estava utilizando a neta para consertar algo de errado que vinha acontecendo desde que ele era um menininho em La Tourette, a casa dos Ferriers em Grasse.
A reação da família não era nada em comparação com o furor que estava por vir.As lágrimas encheram os olhos dela.
— Não vou decepcioná-lo, vovô.
Ela dirigia o Audi pelo distrito financeiro de Nice. O banco com quem a House of Ferrier fazia negócios há anos ficava em um antigo palácio cor de creme de design neoclássico.
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My Stolen Heart
FanfictionA CEO Becky Armstrong sempre lutou para provar sua competência a cada posição que conseguiu alcançar na carreira. Especialmente para a sombria Freen Sarocha, a mulher mais charmosa que já conhecera. Freen não é de confiar com muita facilidade, porém...