Na quinta de manhã, Becky dirigiu em direção à pequena casa de fazenda de Fleury nos arredores de Grasse.
Ela devia muito a Freen, embora ainda não soubesse o preço que pagaria.
Quando Becky se olhava no espelho, ela tinha dificuldades em ver alguém que fosse ela mesma. Aqueles ao redor dela que conheciam seu pai viam os olhos castanhos e o nariz dele. Aqueles que conheceram seu avô viam os fartos cabelos negros e as sobrancelhas. Aqueles que conheciam a mãe dela viam o rosto oval dela. Mas a maioria das pessoas via a sobreposição da avó de Becky, Megan — o contorno do sorriso, o peculiar franzir da testa, a expressão desejosa ocasional, o contorno de sua figura. Era isso que assustava Becky. Dois primos amaram a avó dela com uma paixão selvagem que duraria para sempre. Megan amara os dois. Mas embora Remy a tivesse visto primeiro, foi para o avô de Becky que ela entregara o coração. Quando Remy olhasse para Becky, será que ele iria conseguir superar a lembrança da avó dela e ouvir o que ela precisava dizer?
Será que a dor ainda existia?
O corpo todo dela tremia conforme ela dirigia pela estradinha de terra que cortava as fileiras de violetas em direção a casa.
Ela diminuiu ao ver um homem abaixado, cuidando de uma planta.
De costas para ela, ele usava um par de tênis e uma camisa branca. Mesmo a distância ela reconheceu o cabelo ruivo e lembrou-se do comentário de Freen sobre o fazendeiro e sua plantação.
Os 66 anos não apagaram o físico que poderia pertencer a um homem muito mais novo. Ela parou o carro.
Era à hora. Colocando o arquivo dentro da bolsa de palha, ela desceu. O aroma paradisíaco era quase inebriante.
Ele estava a alguns metros dela.
— Eh bien.
Ela limpou a garganta.
― Estou procurando por Remy Fleury Ferrier.
Ele levantou-se e virou o corpo.
Por um instante perdido no tempo ele a encarou até os olhos verdes começarem a arder, e então ele cambaleou para trás.
Ela sabia quem ele estava vendo.
Com certeza ele vira a reportagem com Becky.
Mesmo estando muito bronzeado, ela viu que ele empalideceu.
— Mon Dieu.
Sussurrou ele, como se tivesse visto um fantasma.
— Você e eu não compartilhamos o mesmo sangue, mas eu compartilho do seu amor intrínseco por esta terra. Você é o filho que deveria ter sido posto no topo do império da Ferrier quando seu pai morreu.
A emoção enegreceu os olhos verdes dele.
— Sou Becky. Meu avô me usou para colocá-lo no seu lugar de direito como presidente da empresa que você construiu anos atrás. Ela precisa de você desesperadamente.
Aproveitando o estado apoplético dele, ela pegou o arquivo na bolsa.
— Leia isso e descobrirá que o Banque Internationale du Midi está nos emprestando dinheiro para comprarmos a propriedade do antigo monastério. A presidente do banco,
Freen Sarocha, quer conhecê-lo. Esse é o registro do acordo. Se você estiver disposto a assumir a empresa, então essa terra será nossa e poderemos plantar milhares de fabulosas Violetas de Parma. Eu já preparei o perfume com algumas que comprei no mercado. Aqui está uma amostra.Ela colocou o pequeno frasco na outra mão dele.
― Acho que devemos chamá-lo de Parfum Reine Fleury, em homenagem à sua mãe. Com você no comando, a empresa voltará ao topo muito melhor do que jamais foi. Infelizmente a vida foi dura sob o regime de seu pai tirânico. Desculpe por ser tão brutal, mas nem todos os homens foram feitos para serem pais ou maridos.
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My Stolen Heart
أدب الهواةA CEO Becky Armstrong sempre lutou para provar sua competência a cada posição que conseguiu alcançar na carreira. Especialmente para a sombria Freen Sarocha, a mulher mais charmosa que já conhecera. Freen não é de confiar com muita facilidade, porém...