Refrescante como menta e hortelã.

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A voz amedrontada dilacerava o peito do alfa, o lúpus corria sem sucesso, e era forçado a assistir o que seria um rapaz loiro e aroma de cereja sendo levado, enquanto sua fragrância única era deixada nas lembranças do outrem.
O sentimento vazio em seu peito tomava conta de cada centímetro de sua derme.

— Por favor, hyung... Não deixe eles me levarem desta vez... Eu te imploro, hyung!
— Eu vou te buscar, Lix... Eu prometo! - suspirou... — Se não nessa vida, na próxima...

[...]

Pela segunda noite seguida, esse pesadelo atordoou o alfa. Com a cabeça explodindo de dor, Bangchan levantou-se semelhante a um zumbi rabugento, dirigindo seu corpo ao banheiro. O cheiro de menta misturado com hortelã do lobo inundava cada canto daquele lugar. Estagnou-se perante o espelho ao olhar o horário no relógio. Estava atrasado. Os olhos que pendiam a fechar agora estavam arregalados. Soltou sua fúria em um grito percebido por todos os funcionários da casa, aprontou-se em 5 minutos e desceu as escadarias do casarão.

"Não está esquecendo algo?" A voz lupina dentro de Chan falou, e ele se tocou, esquecera a principal tarefa para poder-lhe dar um bom dia.

— Porra! - O alfa bravejou correndo para ir de encontro ao seu omma, Hoshi. Agarrou o mesmo por trás, encheu de beijos seus cabelos rosas e assim curvou-se em respeito.

— Oi, omma! Oi, appa!... Tchau, omma! Tchau, appa! - pegou uma fruta qualquer, deu uma mordida e pôs-se a correr para seu carro, sem ao menos deixar os progenitores falarem. Assim que adentrou o veículo, deu início ao seu dia, que estava longe de ser como o habitual.

[...]

— O Chan-hyung está atrasado? Que estranho, ele nunca se atrasou em todos os seus quinhentos anos. — Seungmin, um dos ômegas da matilha de Chan e PM da delegacia, preparava seu café enquanto tirava sarro de seu superior.

— Puta merda, se ele se atrasou, nosso querido alfa estará mais rabugento do que nunca... — antes que o rapaz terminasse de falar, o barulho da porta da delegacia foi ouvido. Em uma batida forte, os olhares curiosos dos alí presentes se voltaram à figura de um homem alto, de cabelos negros e olhos intensos. Seu cheiro refrescante não passou despercebido.

— Estarei na minha sala se precisarem. - a voz grave e baixa arrepiou as pessoas que aguardavam atendimento. Os olhos da alcateia se reviravam, sempre que Chan falava, os ômegas caíam de encantos pelo tal.

— Bom dia, atrasado! - a voz suave do beta, Hyunjin, foi ouvida na sala, sendo seguida por um sorriso brincalhão que foi morrendo ao se deparar com o olhar fuzilante vindo de Lee Know, o alfa de cabelos ruivos. — Não tem uma ronda a fazer, Hyunjin? - Disparou com sua voz serena de sempre.

— E você, não deveria estar lambendo o traseiro do seu namoradinho? - proferiu recebendo um tapa forte no braço como resposta.

— Respeito ! Hanji é meu marido, não é Hanji...? - suspirou apaixonado fungando o cheirinho de algodão doce vindo do mais baixo.

As bochechas gordinhas do citado ruborizaram e logo receberam um beijo molhado de seu alfa ruivo.

— Eca! - Hyunjin fingiu sentir dor física e logo tomou isso como incentivo para fazer sua ronda diária, deixando a sala exclusiva para fardados.

[...]

Ao entrar na grande sala, Bangchan rotineiramente fazia as mesmas tarefas: ligava o ar condicionado, retirava o colete a prova de balas, abria seu notebook e aguardava sentado em sua cadeira a visita diária de um ômega e um beta bagunceiros, sendo mais específico: Seungmin e Hyunjin, respectivamente. Ambos adentravam sua sala para furtar chocolates. Bom, eles insistiam tratar de assuntos "importantíssimos", mas Chan nunca fora desinformado, sabia sobre tal "esquema de pirâmide", mas hora, que mal tem seus "filhos" – assim considerados pelo alfa –pegarem alguns doces.

A manhã e a tarde foram calmas. O mais velho dali resolveu responder também e-mails que envolviam seu cargo como Ministro da Harmonia Inter-Lupina – que basicamente se tratava de promover a cooperação e integração entre as diferentes castas ABO da sociedade, garantindo a igualdade de direitos e oportunidades para alfas, betas e ômegas. – Na teoria, isso deveria ser feito, mas infelizmente a sociedade ainda tinha estereótipos antiquados em relação a ômegas. Para muitos, ter essa classificação os tornava inferiores.

Em mais de 3 mil anos de história, o país teve apenas um presidente ômega, que não concluiu nem dois anos de mandato, pois seu impeachment fora solicitado pelos mesmos que deveriam o apoiar. Mas isso não trazia tristeza apenas aos ômegas, Bangchan se sentia fracassado em seu cargo. Desde quando era um lobinho filhote, achava que poderia mudar o mundo com suas idéias, entretanto, isso nunca ocorrera. Para ser mais claro, isso não torna-se real por culpa de uma pessoa, Mingyu, o Secretário de Políticas Ômega, ou para os íntimos, o irmão caçula de Chan. Ambos não têm uma relação "normal". Não há mais ninguém que saiba sobre tal parentesco, além de seus pais e eles. O mais novo mudou seu sobrenome assim que completara a maioridade lupina. Se elegeu como um protetor da causa e fez o oposto em seu mandato. Só de pensar nisso o alfa primogênito tem vontade de esganar o irmão.

[...]

Mirou o relógio e estava quase na hora de seu jantar arranjado, revirou os olhos fortemente, temendo que não voltassem ao lugar.
Famílias abastadas e tradicionais coreanas tendem a escolher e prometer um de seus filhos como uma forma de manter seus "status" sempre. Infelizmente, Chan se via no meio de uma dessas famílias. Os Bangs e os Lee são amigos há gerações e haviam prometido seus filhos, nesse caso Bangchan deu sorte *ou azar* de ser este filho. Do outro lado seria Wonyoung Lee, a filha caçula e princesinha da Coréia.

O acastanhado sempre achou um tédio isso e nunca deu a mínima para essa tradição, pensava que se safaria se ocupasse todo seu tempo em seu trabalho – obviamente não deu certo – apenas virou mais um motivo para o tal casório. A única coisa que o homem conhecia dessa tal moça era que: tinha um irmão gêmeo bivitelino e que por "pouquíssimo" ela seria mais velha que ele.

Suspirando profundamente, o lúpus levantou-se da cadeira, tomou em mãos seu casaco e se dirigiu à porta de saída.

— Me desejem sorte – falou muxoxo, todos sabiam do compromisso do mais velho e assim desejaram sorte em uníssono.

Sentia que precisava relaxar um pouco ou entraria em pane como um computador velho. Adentrou o automóvel luxuoso se dirigindo a um o píer que ficava próximo da delegacia, nada conhecido. Estacionou. Em passos vagarosos e pensativos aproximou-se do local e  sentou à beira da ponte.

Aproveitava a brisa do lago que batia em seu rosto sereno. Por instinto, fechou os olhos. Ouviu o que seria um choro, angustiado, procurou a origem e encontrou um rapaz não muito alto, seu corpo era magro, seus fios na cor azul eram percebíveis apesar da baixa luminosidade presente. Ele estava na ponta das pedras, com os braços abertos cambaleava. Iria se jogar, com certeza iria...

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Oi gente, como vão ?
Depois de muito matutar, eu decidi postar essa fanfic que penso a tanto tempo, talvez ela seja um pouquinho longa (não sei ainda).

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𝗣𝗿𝗼𝗺𝗲𝘀𝘀𝗮 𝗮̀𝘀 𝗲𝘀𝘁𝗿𝗲𝗹𝗮𝘀, CHANLIXOnde histórias criam vida. Descubra agora