Carol
Ainda estou brava com Natália assim que estacionamos na calçada da revista, mas ela parece ignorar isso completamente.
— Vem — ela desata o próprio cinto — Você vai adorar.
E quando descemos eu seguro em sua mão.
Minha visita ao seu trabalho estava marcada para daqui dois dias, na verdade. Combinamos que eu ficaria no apartamento acompanhando o meu projeto e arrumando as coisas e decidindo o básico da nossa festa de casamento, enquanto ela terminava com seja lá o que fosse por aqui. Mas depois da mensagem de Anya ontem, fui tomada por uma curiosidade absurda de conhecê-la o mais depressa possível.
Natália está chamando o elevador, quando pergunto:
— Ela já está aí?
E ela parece nervosa. — É... eu acho. Anya é a primeira a chegar, sempre.
— Hum.
— Carol — sou encarada pelo canto dos olhos — Você falou que não estava brava.
— Não foi o que eu disse.
O que eu falei, na verdade, é que isso não estragaria a nossa primeira noite de volta, e que tudo bem, é sério, mas quero saber quem ela é, e pare de fazer careta e vire logo para dormir. Por algum motivo, Natália exita antes de entrar no elevador.
— Você parece assustada, credo — eu brinco com ela.
— Você sabe que ela é meio que... hm ... a minha chefe, né?
— Sério? — eu murmuro, ajeitando o meu cabelo no reflexo do vidro — Engraçado, sabe... Lio não costuma me chamar de docinho.
— É, mas o Lio não é o seu ... — ela pausa — Certo, entendi.
E ficamos em silêncio. Mas Natália continua balançando as mãos como se estivesse se preparando para dançar. Ela tenta de novo:
— O que eu tô querendo dizer é que... ai, Deus ... O meu emprego meio que depende dela. Não seria legal se você...
— Matasse ela? — eu dou uma risadinha sarcástica. Natália arregalou um pouco os olhos — Não se preocupe, docinho, até parece que não conhece a sua mulher.
Eu não mataria Anya, nem se ela grudasse nos lábios de Natália. Acontece que existem outras formas mais divertidas de torturar. E com ela eu comecei ontem mesmo. Pelo menos por um tempo.
— Você não vai me abraçar? — Natália falou, manhosa, quando eu apaguei as luzes e virei para o lado — Você disse que isso não estragaria a nossa noite...
— Você está no sofá? Muito bem. Então, dê-se por satisfeita!
Ela manteve silêncio um instante, mas estava quase dormindo quando senti suas mãos pequenininhas em volta do meu corpo, logo depois ela afagou meu pescoço com o nariz.
— Eu já falei — disse, baixinho no meu ouvido — Conversei sobre esses apelidos com Anya uma série de vezes, mas ela não tem muitos limites.
— Talvez seja hora de ensinar.
— Carol... — sua voz estava insegura — Ela quem me pagou a passagem pra ir ver você, não faz nenhum sentido achar que, sei lá, ela ainda quer alguma coisa comigo.
— Tá falando do voo que você perdeu?
Natália crispou os lábios. — Você entendeu... Dá pra olhar pra mim?
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Todas As Luzes
Fanfiction"Todas as luzes misturadas em um tom perfeito de azul magestic".