Capítulo 41

968 154 76
                                    


Carol

Ainda estou brava com Natália assim que estacionamos na calçada da revista, mas ela parece ignorar isso completamente.

— Vem — ela desata o próprio cinto — Você vai adorar.

E quando descemos eu seguro em sua mão.

Minha visita ao seu trabalho estava marcada para daqui dois dias, na verdade. Combinamos que eu ficaria no apartamento acompanhando o meu projeto e arrumando as coisas e decidindo o básico da nossa festa de casamento, enquanto ela terminava com seja lá o que fosse por aqui. Mas depois da mensagem de Anya ontem, fui tomada por uma curiosidade absurda de conhecê-la o mais depressa possível.

Natália está chamando o elevador, quando pergunto:

— Ela já está aí?

E ela parece nervosa. — É... eu acho. Anya é a primeira a chegar, sempre.

— Hum.

— Carol — sou encarada pelo canto dos olhos — Você falou que não estava brava.

— Não foi o que eu disse.

O que eu falei, na verdade, é que isso não estragaria a nossa primeira noite de volta, e que tudo bem, é sério, mas quero saber quem ela é, e pare de fazer careta e vire logo para dormir. Por algum motivo, Natália exita antes de entrar no elevador.

— Você parece assustada, credo — eu brinco com ela.

— Você sabe que ela é meio que... hm ... a minha chefe, né?

— Sério? — eu murmuro, ajeitando o meu cabelo no reflexo do vidro — Engraçado, sabe... Lio não costuma me chamar de docinho.

— É, mas o Lio não é o seu ... — ela pausa — Certo, entendi.

E ficamos em silêncio. Mas Natália continua balançando as mãos como se estivesse se preparando para dançar. Ela tenta de novo:

— O que eu tô querendo dizer é que... ai, Deus ... O meu emprego meio que depende dela. Não seria legal se você...

Matasse ela? — eu dou uma risadinha sarcástica. Natália arregalou um pouco os olhos — Não se preocupe, docinho, até parece que não conhece a sua mulher.

Eu não mataria Anya, nem se ela grudasse nos lábios de Natália. Acontece que existem outras formas mais divertidas de torturar. E com ela eu comecei ontem mesmo. Pelo menos por um tempo.

— Você não vai me abraçar? — Natália falou, manhosa, quando eu apaguei as luzes e virei para o lado — Você disse que isso não estragaria a nossa noite...

— Você está no sofá? Muito bem. Então, dê-se por satisfeita!

Ela manteve silêncio um instante, mas estava quase dormindo quando senti suas mãos pequenininhas em volta do meu corpo, logo depois ela afagou meu pescoço com o nariz.

— Eu já falei — disse, baixinho no meu ouvido — Conversei sobre esses apelidos com Anya uma série de vezes, mas ela não tem muitos limites.

— Talvez seja hora de ensinar.

— Carol... — sua voz estava insegura — Ela quem me pagou a passagem pra ir ver você, não faz nenhum sentido achar que, sei lá, ela ainda quer alguma coisa comigo.

— Tá falando do voo que você perdeu?

Natália crispou os lábios. — Você entendeu... Dá pra olhar pra mim?

Todas As LuzesOnde histórias criam vida. Descubra agora