Capítulo IV - final

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Mais dois meses haviam se passado e eu havia encontrado distração nos bordados, nos passeios pelo jardim e nos bolos de fim de tarde, estes que sempre acompanhavam uma xícara de chá ou café fumegante

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Mais dois meses haviam se passado e eu havia encontrado distração nos bordados, nos passeios pelo jardim e nos bolos de fim de tarde, estes que sempre acompanhavam uma xícara de chá ou café fumegante. Vez ou outra, o vento que atingia as cortinas, trazia-me os devaneios e lembranças de Bruce, mas eu já havia aceitado sua ida. Não totalmente, mas o suficiente para continuar a jornada solitária que me embalava.

O silêncio sempre residia cada centímetro do casarão e eu quase não via Benjamin em casa. O jovem, que certo dia confessara seu amor por mim, passou a se distanciar desde as minhas últimas palavras de fuga. E eu me convenci de que era melhor daquela forma.

Mas, eis que o destino resolvera me pregar uma peça; Em meio toda a indiferença que implantamos um com o outro, eu desejei cruelmente que Benjamin me olhasse novamente e dissesse tudo aquilo mais uma vez. Que insistisse um pouco mais, que voltasse a sorrir de modo suave como as nuvens e que me fizesse acreditar de que nada daquilo era errado.

As noites tornavam-se cada vez mais tortuosas, pois as lágrimas insistiam em surgir, dolorosas e quase incontroláveis. Eu era um mar de confusão e desespero. Ora queria vê-lo, senti-lo, ouví-lo. Ora me massacrava por querer estar perto do irmão do meu falecido marido.

ㅡ O seu chá está pronto, senhora Katerine! - Charlotte aparecera em minha frente. Sorri e levantei-me da cadeira.

Benjamin passava boa parte do seu tempo na escola de música ou com seus colegas do exército.

Sua mãe jamais aceitou a decisão do filho de ficar na Inglaterra, mas sempre escrevia cartas amorosas e repletas de cuidado maternal. O rapaz tinha esperanças de um dia ser entendido, mas no fundo, compreendia a mulher que lhe dera a luz. Ele a amava e por amá-la, passou a entendê-la.

Um muxoxo de dor deixou meus pulmões assim que a agulha feriu-me o polegar mais uma vez. Uma pequena quantidade de sangue fluia do ferimento, então levei o dedo atingido até a boca, sugando o líquido vermelho.

Meu coração fraquejou assim que o vi adentrar a sala onde eu me encontrava. O cabelo agora chegava na altura dos olhos amendoados e os lábios esboçavam um méleo sorriso. Benjamin ficara ausente por três dias, pois precisou fazer uma viagem para comprar novos instrumentos musicais.

Jamais serei capaz de explicar o que eu senti quando o vi alí parado em minha frente, tão belo, encantador, proibido e desejável. O suor nas palmas das mãos, o bater rápido no peito e a respiração afetada, denunciavam o quanto ele me desestabilizava e o quanto eu o queria.

Talvez eu estivesse cega ou me negasse a olhar outro homem que não fosse Bruce, mas eu nunca havia dado atenção àquele sorriso peculiar, àquele olhar meigo, àquele doce timbre que me causava um calafrio bom pelo corpo. Eu nunca havia encontrado o senhor Benjamin, embora eu o visse todos os dias.

CLOSER - Versão original [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora