Capítulo 1

894 85 12
                                    

Está quieto nas profundezas do castelo. Há uma quietude aqui, uma calma. Alguns achariam isso inquietante e antinatural. E, depois de tudo o que aconteceu, Severus entende. Mas pela primeira vez desde que acordou – do coma induzido por poções de Poppy, da noite da batalha, de sua morte – Severus sente como se pudesse finalmente respirar.

Os corredores estão vazios, os retratos – pelo menos por enquanto – desertos. Não há nada para ver aqui. Nenhuma comoção ou excitação. Nada, exceto a pedra fria e escura e a magia que corre em suas veias.

Fora das masmorras, Severus sabe que o castelo está cheio de atividades. Minerva conta com equipes de voluntários trabalhando incansavelmente, removendo entulhos e reparando danos estruturais. Shacklebolt também tem Aurores aqui, trabalhando para remover a mancha deixada pela magia negra, pela grande quantidade de feitiços usados ​​na noite da batalha final.

Minerva está determinada a ter o castelo pronto para receber os estudantes em setembro, para proporcionar a estabilidade necessária após a guerra. E, depois do trauma dos últimos anos, a perspetiva de um novo começo, de um regresso à normalidade, de um novo ano letivo, é um motivo muito necessário de esperança, de otimismo.

As masmorras sofreram danos físicos mínimos, mas ainda há trabalho a ser feito aqui. Afinal de contas, os reparos envolvem mais do que mover rochas e consertar pedras. A magia de Hogwarts está enraizada na própria fundação do castelo, e essa magia foi tão danificada quanto as torres e as paredes do castelo.

Nem todos os encantamentos de proteção foram quebrados na batalha, mas muitos daqueles que não foram, foram desfeitos com a deterioração daqueles que os cercavam. Novas alas precisarão ser criadas para substituir as que foram perdidas. Essa nova magia precisará então ser interligada ao feitiço existente e ancorada no próprio castelo.

Os feitiços encontrados aqui, nas partes mais profundas do castelo, são alguns dos mais antigos de Hogwarts. E Severus conhece esses feitiços como a palma da sua mão, como os ingredientes em seu laboratório. Eles são tão familiares para ele quanto sua própria magia, e ele pode dizer que estão fora de sintonia.

Severus caminha pelo corredor fora das salas de aula de Poções. Ele ouve a magia; pulsa sob seus pés, vibra ao seu redor e, ainda assim...

Ele sabe o momento em que Potter pisa nas escadas da masmorra. Ele espera que o garoto tenha apenas tomado o caminho errado, que ele volte para o Salão Principal ou para o pátio, para a Torre Norte ou para onde quer que Minerva tenha solicitado sua ajuda. Mas isso é pedir demais e, logo, Severus ouve o eco dos passos de Potter se aproximando, o zumbido de sua magia.

Severus não olha para Potter quando ele vira a esquina, encosta-se na parede a dez passos de onde Severus está ajoelhado, inspecionando uma estreita fenda no chão de pedra.

Mas quando o menino não fala, faz pouco mais do que olhar para ele, Severus não consegue se conter.

— Sr. Potter, posso perguntar o que você está fazendo aqui?

— Ouvi dizer que você estava fora. Pensei em ver por mim mesmo.

— E você viu. Agora, se você não se importa, por favor, me deixe em paz.

Mas Potter não se move.

— Pomfrey liberou você?

Com isso, Severus olha para cima. Potter está olhando para ele, com o rosto impassível. Ele tem uma maçã na mão; ele dá uma grande mordida.

Severus faz uma careta e olha para baixo novamente.

— Obviamente.

— O que você está fazendo?

Foundations (or, where do we go from here) | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora