capítulo cinco Sakusa

90 13 60
                                    

Os flocos de neve lá fora caíam com mais intensidade hoje, cobrindo tudo com uma manta branca e silenciosa. Podia ouvir o suave som do vento contra a janela, um murmúrio constante que acompanhava meus sonhos.

Senti um peso em meu corpo, um peso mais quente e confortável do que o comum, bem diferente do peso de uma coberta. Lentamente, abri os olhos e esfreguei-os, tentando afastar o sono. Quando minha visão clareou, vi a menina deitada sobre meu peito, seus cabelos soltos espalhados como uma cascata suave e perfumada.

O calor de seu corpo contra o meu era reconfortante, e por um momento, fiquei ali parado, apenas apreciando a sensação de proximidade e intimidade. Podia sentir sua respiração calma e ritmada, seu corpo relaxado em um sono profundo.

Um sorriso se formou em meus lábios enquanto meus dedos roçavam suavemente seus cabelos, apreciando a textura macia e sedosa. Nunca havia experimentado uma sensação tão reconfortante e pacífica como aquela.

O peso de meus pensamentos bagunçados e preocupações pareciam desaparecer naquele instante, substituído por uma calma serena que me envolvia completamente. Por um momento, tudo parecia perfeito, e eu desejei que aquele momento pudesse durar para sempre.

Por dentro, tudo estava uma bagunça. Eu não conseguia descrever exatamente o que sentia por ela. Era um turbilhão de emoções que estavam brigando nesses últimos dias, um misto de carinho, admiração e talvez algo mais profundo que ainda não tinha nome. O que eu sabia com certeza era que a ver feliz me fazia feliz. Então, qual era o problema em aproveitar os momentos com ela, sabendo que, de um jeito ou de outro, meu tempo estava se esgotando?

A ideia de deixar a S/n triste quando meu tempo terminasse me corroía por dentro. Mas se isso era inevitável, se o final já estava escrito no meu destino, pelo menos poderia compensar a tristeza que viria, a fazendo feliz agora. Ela merecia isso. E eu também merecia um pouco de alegria e paz nos meus últimos dias.

Mas eu não podia contar a ela sobre o testamento vital. Não queria que ela carregasse esse fardo, essa sombra constante de um possível adeus definitivo. Precisava manter esse segredo, pelo bem dela e pela nossa felicidade momentânea.

Acariciei suavemente seus cabelos, sentindo a maciez deles entre meus dedos. Ela se remexeu levemente, mas não acordou. Eu queria proteger esse momento, guardá-lo como um tesouro que demoraria a achar. Não sabia quanto tempo mais eu tinha, mas enquanto pudesse, faria de tudo para que o sorriso dela fosse constante.

E assim, com ela aninhada em meus braços, prometi a mim mesmo que faria cada segundo valer a pena, criando memórias felizes para compensar a dor inevitável que estava por vir. Mantive o segredo do testamento trancado em meu coração, decidido a fazer o que fosse necessário para proteger nosso presente, mesmo que o futuro fosse incerto.

Ela estava deitada sobre meu peito, e embora fosse uma sensação agradável, ela começou a se mexer demais. Seus movimentos eram constantes, e mesmo assim, não conseguia acordar. Finalmente, depois de cerca de 30 minutos de movimentação, ela abriu os olhos. Olhou para mim com um sorriso sonolento, e eu não pude deixar de sorrir de volta. Eram 9:45 da manhã, quase 10 horas, quando decidimos que era hora de sair da cama e nos arrumar para o dia.

Eu fui o primeiro a tomar banho. Enquanto a água quente escorria pelo meu corpo, meus pensamentos vagavam. Não conseguia parar de pensar em como as coisas mudaram desde que ela entrou na minha vida. Agora haviam momentos de felicidade genuína, agora algo que eu pensava ter perdido para sempre parecia estar de volta. Terminei o banho, me vesti e voltei para o quarto, onde ela ainda estava deitada, enrolada na coberta, aproveitando o calor remanescente do meu corpo.

- Sua vez - disse, com um sorriso mínimo.

Ela se levantou preguiçosamente, pegou as roupas que eu tinha deixado separadas para ela e entrou no banheiro. Eu me sentei na cama, esperando. Sabia que ela não tinha outras roupas aqui, então ela vestiu mais uma vez as minhas, o que mais uma vez a fazia parecer adoravelmente pequena em comparação.

Mr.Loverman {Sakusa x Leitora}Onde histórias criam vida. Descubra agora