capítulo dois Sakusa

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Os dias de neve pareciam intermináveis, e mais uma manhã gélida me recebeu ao despertar. Apesar do desejo de me livrar da sensação de sujeira que me acompanhava, o banho não foi capaz de lavar a angústia que persistia dentro de mim. Vestindo meu moletom preto e a máscara habitual, encarei meu reflexo no espelho, notando os cabelos que começavam a crescer sem que eu tivesse ânimo para cortá-los. Limpei os furos dos piercings com desinteresse, resignado à rotina que se repetia dia após dia.

A dor era constante, uma presença irritante que me acompanhava a cada movimento. Com a força da raiva impulsionando meus passos, dirigi-me à área dos remédios. Peguei todos os que precisava para a manhã, engolindo-os de uma vez só com um gole rápido de água. Os medicamentos me deixavam sonolento, mas recusava-me a passar meus dias envolto em sonhos.

Rapidamente, me dirigi ao salão mais uma vez, me sentando em um banco próximo à janela embutida. Ali, observei os flocos de neve dançando no ar gelado lá fora, uma cena familiar que despertava uma saudade dolorosa dentro de mim. Como eu ansiava pela sensação do frio em minha pele.

Enquanto observava os flocos de neve caindo lá fora, uma onda de nostalgia e melancolia me envolveu. Me lembrei dos dias em que podia sair sem preocupações, sentir o ar fresco da manhã em meu rosto e me deixar envolver pela magia boba do inverno. Recordações de tempos mais simples e despreocupados inundaram minha mente, trazendo à tona um misto de saudade e tristeza pela vida que costumava levar. Era realmente uma vida boa se for comparar com a vida que levo aqui dentro.

Mas agora, aqui estava eu, preso neste lugar estéril e impiedoso, lutando contra uma condição que parecia determinada a me manter cativo. A cada dia que passava, parecia que a doença se fortalecia, me roubando não só a minha saúde física, mas também minha liberdade e minha alegria de viver.

E enquanto eu permanecia ali, olhando para o mundo lá fora através da janela embaçada, uma sensação de impotência se apoderou de mim. Era como se eu estivesse preso em um ciclo interminável de dor e desespero, sem fim à vista. E, apesar dos meus esforços para manter uma fachada de força e determinação, por dentro eu sentia como se estivesse desmoronando aos poucos.

Mas mesmo no meio da escuridão que me cercava, ainda havia uma pequena centelha de esperança queimando dentro de mim. Uma esperança de que um dia, de alguma forma, eu conseguiria encontrar uma maneira de superar essa doença, de recuperar minha vida e minha liberdade. Era uma esperança frágil, quase imperceptível em meio ao caos que me envolvia, mas era tudo o que eu tinha para me agarrar. Mas... As vezes penso em acabar com tudo o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que quero viver eu só quero parar de sentir, quero que passe e se não for passar por bem eu mesmo faço passar.

Enquanto os pensamentos depressivos teimavam em dominar minha mente, fui instantaneamente resgatado desse abismo escuro quando meus olhos se encontraram com os dela. Lá estava ela, a garota de ontem, parecendo ter saído diretamente de um comercial de margarina, pronta para iluminar meu dia com sua presença levemente indesejada.

Hoje, ela estava vestindo um conjunto que só poderia ser descrito como "verão na praia encontrando um unicórnio mágico". Shorts curtos o suficiente para fazer um flamenco corar de inveja, uma blusa rosa que parecia ter sido emprestada de uma fada moderna e, é claro, seu cabelo preso em um rabo de cavalo que parecia desafiar as leis da física.

Mas o que realmente roubou a cena foi seu All Star rosa. Não o All Star básico de sempre, mas um modelo cor-de-rosa que brilhava como um farol em um mar de tênis monótonos. Era como se ela estivesse dizendo: "Sim, eu posso ser fofa, mas também posso chutar traseiros e tomar nomes enquanto faço isso".

Enquanto eu a observava, não pude deixar de sorrir diante da visão hilária e encantadora que ela proporcionava. Se havia uma maneira de iluminar até mesmo os dias mais sombrios do hospital, era ela.

Mr.Loverman {Sakusa x Leitora}Onde histórias criam vida. Descubra agora