capítulo nove Sakusa e Sn

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A semana toda foi fria, mas não fria de clima, foi fria de ser vazia de sentimentos. A ausência de S/n deixou um vazio insuportável, um frio que parecia congelar minha alma. Como eu havia pedido, ela não me visitou, mas nós nos falávamos por mensagens. Cada mensagem dela era uma fagulha de calor em meio ao meu desespero, mas não era o suficiente para afastar a escuridão que me envolvia.

Os movimentos das minhas pernas se foram por completo. Eu estava preso a essa cama, incapaz de fazer qualquer coisa sozinho. E os braços, antes fortes e firmes, agora mal conseguiam se mover. A fraqueza se espalhava, e eu me sentia mais impotente a cada dia que passava.

O médico vinha me ver diariamente, monitorando minha condição. Ele era profissional e compreensivo, mas mesmo ele não conseguia esconder a gravidade da situação. Eu sabia o que estava por vir, e isso só aumentava minha angústia.

Na solidão do meu quarto, eu tentava ocupar minha mente com pensamentos de S/n. Lembrava dos nossos momentos juntos, das risadas, das conversas, dos beijos... Era uma forma de me manter são, de me lembrar que, mesmo na dor, havia amor.

Mas a realidade era implacável. O tempo passava lentamente, e a cada hora que se arrastava, eu sentia a vida escorrendo por entre meus dedos. E a única coisa que me mantinha firme era a esperança de que, de algum modo, tudo isso faria sentido para S/n, que ela entenderia e não me odiaria.

E então, em meio a essa semana fria e vazia, preparei-me para o que viria a seguir. Sabia que meu tempo estava se esgotando, e a dor de deixar tudo para trás era quase insuportável. Mas estava pronto. Pronto para aceitar meu destino e, de algum modo, encontrar paz na esperança de que S/n soubesse que meu amor por ela era eterno. E querendo ou não, eu prefiro não lidar com isso vivo.

Os dias eram lentos, cada segundo se arrastando como se o tempo estivesse tentando me prender aqui. Mas finalmente chegou o último dia. Eu me permiti aproveitar uma última vez, comi tudo que queria, saboreando cada mordida como se fosse a última refeição de um condenado. A cada momento, a realidade do que estava prestes a fazer se tornava mais clara, mais inevitável.

Peguei meu celular e mandei uma última mensagem para minha mãe. As palavras vieram do fundo do meu coração, carregadas de amor e de despedida:

"Mamãe, eu te amo, sou grato por tudo que a senhora fez por mim e espero que não me odeie. A ideia de te torturar a cuidar de mim me assusta e eu dei o meu melhor. Quando vier hoje de noite me ver, eu não estarei aqui, espero que não se culpe. Espero que viva, viva feliz e que se permita amar e que cuide da minha menina. Com amor e carinho, seu filhote."

Ao enviar a mensagem, senti uma pontada de dor no coração. Era difícil imaginar o impacto que essas palavras teriam sobre ela, mas eu precisava ser honesto, precisava deixá-la saber o quanto ela significava para mim.

Depois disso, chamei a enfermeira. Com voz firme, mas carregada de emoção, pedi a ela que a caixa com o laço fosse entregue à minha namorada. "Ela tem que ficar com tudo," eu disse. A enfermeira, compreensiva e profissional, assentiu e separou a caixa, colocando-a cuidadosamente de lado.

E então, era hora. Por volta das 15 da tarde, fui colocado na maca. Olhei em volta do quarto, uma última vez, tentando gravar cada detalhe na memória. Fui levado pelos corredores, as luzes passando por cima de mim como um filme em câmera lenta. Cada passo que me afastava do quarto era um passo mais perto do fim.

Cheguei aos tubos. O lugar onde minha jornada terminaria. Me deitei, sentindo o peso de minhas decisões, mas também uma estranha paz. Sabia que estava fazendo o que achava ser o melhor, o mais misericordioso para aqueles que amava. E, com isso, fechei os olhos, preparado para o que viria a seguir.

Mr.Loverman {Sakusa x Leitora}Onde histórias criam vida. Descubra agora