Motivos para (não) te amar - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 5 - Lara

─ Posso te levar para casa? ─ Me assusto ao escutar sua voz rouca. Encostado em um carro luxuoso, Mateus está parado em frente ao bar.

─ Agradeço, mas não será necessário.

Ele e seus amigos saíram há quase duas horas, o que diabos está fazendo aqui? Voltou apenas para me oferecer uma carona ou ficou parado esse tempo todo me esperando? Droga, nesse momento, tudo que não preciso é de mais dúvidas.

─ Você tem noção de quanto tempo fiquei aqui esperando? ─ Dá alguns passos em minha direção, me afasto indo para trás. ─ Não precisa se fazer de difícil, sei que assim como eu, você também ficou interessada.

─ Talvez, mas isso não significa que entrarei no carro de um estranho. Sabe quantas mulheres são agredidas a cada minuto em nosso país? E quantas foram mortas?

Ele fica sério, parando em minha frente, tocando o meu rosto.

─ Você tem razão, não é seguro para uma mulher entrar no carro de um desconhecido à uma da manhã. Apesar de que, meu intuito não é machucá-la, e sim escutar deliciosos gemidos saindo de sua boca, enquanto te fodo ─ Ele fala com tanta naturalidade, diferente de mim, que estou completamente envergonhada. ─ Eu sou o Mateus, qual o seu nome?

─ Lara... ─ respondo com a voz baixa.

─ Agora não somos mais desconhecidos, pode me passar o seu contato?

─ Por que você quer o número de alguém como eu? Tenho certeza de que existem muitas mulheres mais apropriadas.

─ Talvez, mas nenhuma delas tem esse rosto angelical. ─ Se aproxima da minha orelha e sussurra: ─ além do mais, é você que tem me deixado de pau duro, desde que nos encontramos na frente do banheiro.

─ Você não tem vergonha de falar essas coisas?

─ Por que eu teria?

─ Nós acabamos de nos conhecer, não pode sair falando coisas assim, ainda mais dessa maneira.

─ Me desculpe, pessoas diretas te assustam? Não gosto de enrolar, prefiro ir direto ao assunto e deixar bem claro as minhas vontades. Nesse momento, o que mais quero é foder você. ─ Sorri de canto, esfregando o polegar em minha boca. ─ Entretanto, entendo perfeitamente seus receios. Por esse motivo, me passe seu contato, vou levá-la para sair e depois posso desfrutá-la como sobremesa.

Sinto como se estivesse vendo a versão masculina da Bruna, ela, assim como ele, não parece ter nenhum pudor. É o tipo de pessoa que fala tudo que vem na mente, sem se preocupar em como soará para a pessoa que escuta.

Tenho duas opções: Passar meu número e compartilhar do mesmo desejo que ele está sentindo, ou ignorar e fingir que meu corpo não está ansiando pelo toque dele. Por que negar? Nós somos adultos, não tem problema.

Sem conseguir mais enganar a mim mesma, passo meu contato, porém dispenso a carona, devemos dar um passo de cada vez.

─ Vem, vou colocá-la em um táxi.

─ Não preci...

─ Não seja teimosa, Lara ─ fala me interrompendo. ─ Já que não me permite lhe dar uma carona, apenas aceite o meu desejo de pagar um táxi. É tarde, não acho que consiga um ônibus com facilidade.

Sei que ele tem razão, mas ainda assim me parece estranho.

Mateus dá sinal e um carro para, depois de conversar alguma coisa com o motorista e de lhe dar um dinheiro, vem até mim.

─ Chegue em casa em segurança. ─ Beija o canto da minha boca. ─ Ligarei para combinarmos o jantar, não pense em bloquear o meu contato, caso contrário virei pessoalmente falar com você. ─ Aceno, concordando.

Depois de terem se passado vários dias, estava sem esperanças de receber uma ligação do Mateus, pensei que finalmente tinha caído em si e encontrado alguém melhor para sair. No entanto, hoje de manhã me enviou uma mensagem, dizendo que acabou se ocupando no hospital e só hoje conseguiu um tempo.

Coincidentemente hoje é minha folga, ele passará às oito para me buscar e não faço ideia do que vestir. Sendo sincera, acho que nem tenho roupa para qualquer lugar que ele me leve.

Viro meu guarda-roupa do avesso, procurando algo apresentável. Separo dois vestidos mais estilosos, mas pedirei a opinião da Bruna, caso ela não goste, me verei na obrigação de ir até o shopping comprar algo.

─ Amiga, help ─ falo assim que ela atende a chama de vídeo.

─ O que houve? Por que está com esses vestidos na mão?

─ O Mateus me convidou para um jantar essa noite e...

─ EI, ESPERA AÍ ─ grita, me assustando. ─ Quem é Mateus? O cliente do bar que falou outro dia?

─ Sim, ele mesmo.

─ Como vocês progrediram tanto e você não falou nada com a sua melhor amiga?

─ Não tinha nada para falar, na verdade ia contar depois que voltasse do jantar. O problema é que não faço ideia do que vestir, como te disse, Mateus é um homem que tem dinheiro, tenho medo das minhas roupas parecerem muito pobres.

─ Vou perdoá-la dessa vez, mas depois quero detalhes, principalmente da sua primeira vez. ─ Eu não disse a ela que iríamos transar. ─ Deixa eu ver as roupas.

Mostro detalhadamente cada uma das peças, ela não mostra nenhuma expressão, fico sem entender o que está pensando.

─ Gosto da primeira opção, esse decote vai valorizar os seus seios. Além do mais, fui eu que lhe dei de presente e foi bem caro. Me mostre os sapatos e bolsas.

Depois de um tempo, finalmente me sinto mais tranquila. Bruna tem um olhar bem crítico, se as opções estivessem ruins, ela não hesitaria em falar.

─ Um detalhe importante que não pode passar despercebido. ─ Olho para ela confusa. ─ Sua depilação, está em dia?

─ Sim, amiga.

─ Ótimo, agora vá tomar um banho bem relaxante, fique cheirosa e prepare-se para ter a melhor noite da sua vida. Você rasgou elogios a aparência e voz desse homem, sendo assim, deve ser do tipo que deixa qualquer mulher de perna bamba, então aproveite e tire o atraso de todos esses anos.

Encerramos a ligação e decido seguir o seu conselho. Não posso mais me fazer de rogada, sei que estou indo contra tudo que vim acreditando, mas a vida é assim, nem sempre conseguiremos cumprir com o planejado.

(...)

No horário combinado, recebo sua mensagem avisando que está a minha espera. Dou uma última olhada no espelho, satisfeita com o resultado. Meu vestido preto fica no meio da coxa, tem uma pequena fenda e decote. Deixei meus cabelos loiros soltos com algumas ondas e uma maquiagem leve com apenas um batom vermelho marcando a boca.

─ CARALHO! ─ exclama assim que me vê. ─ Você quer me enlouquecer, Lara? Precisa sair desse jeito?

─ Qual o problema? Tem algo de errado com a minha roupa? ─ Não sei como interpretar sua reação, é algo bom ou ruim?

─ Menina, sabe qual o problema? Eu vou ter que passar a noite inteira com uma maldita ereção, pensando no momento perfeito para tirar esse vestido de seu corpo e beijar cada pedacinho da sua pele ─ diz, caminhando em minha direção e segurando em minha nuca. ─ Vou beijá-la!

E assim ele faz. O contato inicial é suave, apenas como se estivéssemos conhecendo o território. Em questão de segundos Mateus muda a intensidade, chupando a minha língua, mordiscando meu lábio inferior, enquanto aperta a minha coxa. É tão intenso que minha mente fica em branco, é a primeira vez que sou beijada dessa forma.

─ Porra ─ xinga quando nos afastamos, limpo alguns vestígios do meu batom que ficou em seus lábios. ─ Melhor irmos, antes que eu desista desse jantar e pule para a sobremesa.

Eu não sei o que esperar dessa noite, minha única certeza é de que terminarei entregando minha virgindade para o Mateus.