Parte 02 - Let me get what I want;

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Gojo espreguiçou-se e bocejou, olhando diretamente para o céu.

— Fala sério, — reclamou — até quando vamos continuar com essas missões para exorcizar Maldições de Grau 3 e 4? Já não provamos que somos fortes o suficiente?

E chutou uma pedrinha. Suguru, que até então estava agachado, levantou-se.

— Nós recém começamos a ir em missões sozinhos, tenha paciência, Gojo.

— Me poupe.

Suguru revirou os olhos, enrolando a língua para não continuar com aquela discussão tosca. Não era a primeira vez que seu colega reclamava disso e com certeza não seria a última.

Incomodado com a falta de resposta, pois simplesmente queria reclamar, Satoru bufou e tirou o celular do bolso, conferindo o horário. Ainda era cedo.

— Ei, Suguru, o que você acha de irmos até aquela cafetaria próximo do 7-Eleven? Quase nunca viemos pra Meguro, temos que aproveitar.

Geto deu de ombros.

— Depende. Vamos lá para tirar foto ou para realmente comer algo?

— Haha. — Fingiu uma risada, voz pingando sarcasmo. — Como você é chato. A culpa não é minha se você não tem bom gosto estético. Vem, vamos.

— Você não sabe nem combinar estampa — Suguru retrucou e colocou-se ao lado de Satoru. — Bom gosto estético uma ova.

— A diferença entre cafona e estiloso é a confiança — respondeu seu amigo. Suguru estalou a língua, mas não falou mais nada. Os dois seguiram em silêncio.

Comparado a Shibuya, onde geralmente se reuniam, Meguro era uma região mais calma, cheia de museus e bares — sempre tinha algo a se fazer. Os dois continuaram andando, passando pela margem do rio até entrar na rua do 7-Eleven. Satoru sentiu seu estômago roncar em antecipação, pensando no dorayaki e na fatia de cheesecake que iria comer. Virou-se para Suguru para perguntar o que ele iria querer, mas se surpreendeu ao reparar que ele não estava mais ao seu lado. Olhou para trás, confuso, vendo que seu colega tinha ficado a poucos metros de distância, parado em frente a uma vitrine que olhava com interesse.

Gojo revirou os olhos, andando até seu amigo.

— Vamos, Suguru! Tô com fome, cara. Que que deu em você?

Satoru olhou para a loja. Pelo vidro, enxergou pilhas de CDs e vinis. Era um sebo.

Geto piscou, encarando todos aqueles nomes desconhecidos. Não era uma pessoa que tinha hobbies, a não ser que assistir televisão contasse como um. Sempre achou tudo muito fácil de se aprender, então nunca teve interesse em nada, muito menos por música; contentava-se com as músicas pop que ouvia no rádio — gostava, especialmente, de Hamasaki Ayumi. Mas sabia que Suguru era diferente, ele sim estava sempre ouvindo seu MP3 quando tinha algum tempo livre no dormitório, seus fones constantemente emaranhando-se nos cabelos.

— Hm? — Satoru, curioso, bateu nos ombros de Suguru. Só então percebeu que ele não estava encarando para dentro da loja, mas sim um CD específico na vitrine: sua capa era preta, sem nenhum outro detalhe, além de Deftones escrito em dourado. Satoru não reconhecia o nome.

— Não sabia que já tinha sido lançado... — murmurou Suguru em resposta. Satoru encarou-o, talvez por mais tempo do que o necessário enquanto observava o cenho franzido e os cabelos bem presos. Finalmente, o outro rapaz virou-se para Gojo. Sob o olhar confuso do amigo, explicou-se: — É uma banda que eu gosto, eles são americanos. Eu sabia que eles iam lançar um álbum esse ano, mas... Acho que perdi a noção do tempo.

you drive me wild // satosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora