you drive me wild // satosugu

Parte 03 e 04 - I watch you (burn away);

iii.

Satoru escorou o rosto em sua mão, mastigando um takoyaki lentamente. Com um certo fascínio, observou a cena em sua frente: Kento, Haibara, Shoko, Utahime e Suguru, todos bêbados, riam de tudo e nada ao mesmo tempo, um falando por cima do outro. Espetou mais um bolinho. Haibara empurrava o microfone na direção de Nanami — que estava mais vermelho que o normal —, tentando convencê-lo a cantar.

Era uma cena estranha, aquela. Satoru sabia que o grupo regularmente saía para beber e ir ao karaokê, nem sempre todos juntos, claro, por conta das missões — e era exatamente por isso que o próprio Satoru nunca tinha saído com eles para esse tipo de coisa. Durante as missões, era normal irem a alguma cafeteria ou restaurante para jogar um pouco de conversa fora, quase como se fossem pessoas normais. Porém, vê-los daquela forma... Era um bom lembrete do seu motivo para não beber.

— Cansado? — Suguru chamou sua atenção. Ele também não estava normal, se a sua forma lenta de falar e as orelhas vermelhas fossem algum indicativo. Satoru sorriu.

— É, é, acho que um pouco.

— Eu vou cantar então! — Utahime falou, arrancando o microfone das mãos de Haibara. — Que coisa!

Satoru riu.

— Ah, não. Eu gosto de ter os tímpanos intactos.

— Cala a boca, Gojo. — Utahime mostrou a língua para ele. — Observa e aprenda o que realmente é talento.

Os primeiros acordes de Love Parade começaram a tocar.

— É claro que você cantaria Orange Range — Shoko falou, mas havia um pouco de carinho em sua voz. Gojo olhou-a com a sobrancelha levantada; certamente não deixaria essa cena passar em vão. Ieiri, porém, nem percebeu a expressão do colega, estava concentrada demais olhando para Utahime com um sorriso nos lábios.

Quando a garota terminou de cantar, Satoru fez questão de vaiar. Utahime jogou uma bolinha de guardanapo em sua direção.

— Quem vai agora? — Utahime perguntou, observando com certa satisfação Satoru juntar o papel do chão.

— Eu — Suguru apressou-se a responder e levantou. Utahime passou-lhe o microfone.

— Mais tarde vamos fazer um dueto! — Haibara falou alegre, batendo nos ombros de Kento.

— Vamos não.

Satoru bebeu mais um pouco do seu refrigerante, observando Suguru escolher sua música, logo apertando no botão de play. Gojo não conseguiu reconhecer o nome da música, mas já tinha ouvido-a no rádio: era do Asian Kung-Fu Generation.

E — ok. Suguru era bom em muitas coisas. Bom com pessoas, bom ouvinte, bom em ser bonito, e isso era só pensando por cima. Cantar, porém? Certamente não entrava para a lista.

Satoru só descobriu que estava sorrindo quando percebeu seu sorriso sumir ao ouvir a voz de Suguru.

A voz dele não era feia, com certeza não, ela só era... estranha. Para alguém que gostava tanto de música, ele certamente não conseguia atingir os tons certos, sempre desafinando.

Shoko, ao olhar sua expressão, começou a rir.

— O talento musical do Suguru é proporcional ao seu nível de sobriedade — informou. — Quanto mais bêbado, pior fica.

Se isso fosse verdade, ele deveria estar prestes a entrar em coma alcoólico.

Assim que Geto terminou de cantar, Satoru levantou-se, cansado das cantorias desafinadas.