Capítulo 4 - 09/04/2024

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Capítulo 4 – 09/04/2024


Genevieve suspirou um tanto pesadamente ao deixar o veículo particular que guiou até o mercado mais próximo à residência de dona Fátima. Havia recebido um recado do irmão gêmeo via WhatsApp para que ela fizesse o favor de comprar as bebidas, já que se encontrariam com a mãe de ambos para comer pizza juntos.

A investigadora fez o possível para declinar ao convite, embora a confraternização familiar fosse algo tão corriqueiro que sabia que não conseguiria escapar e, a bem da verdade, gostava das companhias de Aline, de Maya e de seu próprio irmão, ainda que dona Fátima, com seu conservadorismo habitual, a criticasse sempre que tinha a chance.

Kaplan parou de andar com o objetivo de ler outras duas mensagens em seu aparelho telefônico: uma era de Júlio César, que avisava que, infelizmente, a tomada de depoimentos das testemunhas de um segundo assassinato tão violento como o primeiro, dessa vez de um jovem de nome Rafael Medeiros Silva, não o levou a lugar algum. Afinal de contas, as pessoas vinculadas ao rapaz morto sequer sabiam por que motivo ele fora assassinado de maneira tão brutal.

A segunda mensagem era do pai de George e de Genevieve, o empresário americano Gerald que, sempre que vinha ao Brasil, visitava-a. Ele perguntava a respeito dela e, após responder brevemente ao garantir que estava bem, a ruiva retomou a busca pelas bebidas, com a finalidade de que pudesse deixar o mercado o mais rápido que conseguisse.

Assim que comprou os itens e que efetuou o pagamento em um dos caixas, foi até seu carro e dirigiu por mais cinco minutos. Estacionou em frente à casa de sua mãe que ficava no bairro Guarujá e, quando estava prestes a descer, seu celular tocou. Ela bufou ao ver o número de Franciele no visor, porque não pretendia conversar com a garota a qual namorava há poucos meses naquele exato momento.

— Oi Gen...

— Fran... Oi. Tá tudo bem?

— Sim. Escuta... Eu tô na rua e quero saber onde tu tá... Pra eu ir te encontrar agora.

A policial rolou os olhos devagar e respirou fundo. — Infelizmente não vai dar.

— Eu não entendi... Como assim?

— Eu acabei de chegar na casa da minha mãe, Fran. Estamos tendo uma noite em família e, você sabe qual é a minha situação quanto a isso, nós já conversamos diversas vezes a respeito e eu deixei bem claro.

— Ótimo! Essa é uma excelente oportunidade pra tu me apresentar pra eles todos então!

— Eu não estaria tão certa disso, acredite em mim.

— Por que, qual o problema, porra? Tu me disse que o teu irmão sabe que a gente namora e... Convenhamos, não é como se tu dependesse da tua mãe pra viver de qualquer maneira...

— Você tem toda razão, eu não dependo dela. Mas acontece que eu sei o quanto seria estressante o fato de ela não aceitar nem sequer respeitar minha orientação sexual, que é o que vai acontecer. E eu não me sinto pronta, pelo menos por enquanto, pra lidar com isso.

— Se ela fazer qualquer comentário homofóbico é muito fácil, é só tu prender ela, ora.

— Fran, porra! Você quer parar de dizer merda!?

— O que foi? Eu não disse nada de tão grave. Ela estaria cometendo o crime de homofobia...

— É da minha mãe que estamos falando. — Kaplan comentou em resposta como se aquilo fosse óbvio, enquanto observava seu irmão e sua sobrinha se aproximarem do veículo. — Depois nós conversamos melhor sobre isso, certo?

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