Capítulo 11 – 01/05/2024 – pela manhã
— Sabe o que eu acho, mãe, que a senhora deveria cuidar da própria vida.
— George Lucas... O que é isso! — Dona Fátima retrucou, devidamente sentada ao sofá da sala do apartamento dele.
O ruivo permaneceu de pé a certa distância e respirou fundo em uma tentativa de escolher melhor suas próximas palavras, entretanto não havia outro jeito de afirmar o que precisava. Olhou em volta e agradeceu mentalmente por Aline ter levado Maya para andar de bicicleta no parque, porque detestaria que a criança ouvisse o diálogo em questão, afinal de contas fazia de tudo para que a pré-adolescente não soubesse o quão preconceituosa a avó se mostrava ser. — Acontece que a minha irmã é uma mulher de 34 anos grandinha, que sabe se cuidar e muito bem, melhor do que todos nós. Por isso, não retiro o que acabei de dizer: você realmente deveria cuidar da própria vida... Sei lá... Já que tá tão ansiosa pra que a Gen arrume um namorado, por exemplo, por que a senhora não se dedica a isso?
— Eu não acredito que tu tá me dizendo essas coisas! — Ela comentou indignada. E o respeito, onde fica?
— Na verdade, mãe, eu não tô sendo desrespeitoso. Eu não falei nada de tão grave assim que a senhora já não saiba. E, bem, sendo franco, estamos na minha casa e... Eu não posso nem vou ficar quieto vendo você perseguir a minha irmã dessa maneira obsessiva, porque eu seria conivente com todo preconceito que você expressa, coisa que eu não sou. Se quiser ter um namorado a Gen vai, se não quiser... Ela não vai e ponto. E o mesmo se refere a qualquer pessoa com mais de 30 anos ou até menos que possa se gerir sozinha.
— O Marcel bateu lá em casa assustado ontem de noite, disse que quem a encontrou foi aquela mulher ridícula que apareceu na televisão aquele dia no noticiário... E tudo bem pra ti?
— Sim. — Ele voltou a suspirar. — Porque a minha irmã pode estar trabalhando, por exemplo. Será que vocês dois, o idiota do Marcel e você, já chegaram a pensar nisso, por acaso? — Indagou exasperado. — E mesmo se ela não estivesse, repito que a Gen é grande o bastante pra decidir o que quer fazer e com quem quer.
— Tu realmente puxou ao teu pai... Não acredito que ache normal que ela ande com uma mulher, ainda mais ridícula como aquela...
George se mostrou irritado com tamanha insistência. — Eu não sei se ela tá ou não andando com essa tal pessoa, porque não faço o estilo perseguidor, ainda mais de uma policial esperta como ela.
— Tu é o irmão dela, devia ajudá-la... Alertá-la do grave erro que tá cometendo!
O ruivo passou a mão pelos ralos fios acobreados de seu cabelo e tornou a respirar fundo. — Tá, você venceu. Eu prometo que vou conversar com a Gen assim que ela chegar. — Falou, somente para que voltasse a ficar sozinho dentro do próprio apartamento o quanto antes, porque precisava terminar de escrever o artigo sobre doença renal em felinos até o final da manhã, caso contrário não poderia sair durante a tarde com Aline e com Maya como havia prometido que faria.
— Então quer dizer que tu vai me ligar se ela der notícias? Além do mais eu tô preocupada com esse sumiço dela!
— Sim, mãe, eu vou, sim. Mas tenho absoluta certeza de que ela tá bem. Ou tá no trabalho ou então tá na casa dessa mulher aí, aproveitando cada músculo dela.
— Credo, que horror! — Dona Fátima fez uma careta de desgosto e se levantou de repente. — Eu não consigo acreditar que considere isso uma coisa natural.
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À Flor Da Pele
Ficción General⚠️ HISTÓRIA PARA MAIORES DE DEZOITO ANOS ⚠️ Uma série de assassinatos fará com que a policial Kaplan, recém incorporada ao DHPP como inspetora, acabe imersa em um perigoso jogo de gato e rato com alguém que imagina sequer conhecer, enquanto busca pi...