Ciúmes?

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          Mais um dia, mais uma enxurrada de casos, mas dessa vez, o grupo decidiu tirar algumas pequenas horas de descanso, principalmente pelas duas pessoas vivas que compõe aquele grupo tão peculiar.

          Os detetives fantasmas, acompanhados de sua vidente e da mais recente aliada, Niko, encontravam-se reunidos no aposento da jovem de cabelos alvos. Crystal e Niko, absortas, entretinham-se com a clássica animação “Scooby-Doo”, enquanto risadas ocasionais escapavam-lhes dos lábios. Charles, por sua vez, observava atentamente seu amigo, Edwin, que se movia furtivamente até a janela. Com um olhar meticuloso, Edwin perscrutava o ambiente exterior.

          — O que tá vendo aí, Edwin? – Pergunta Niko, curiosa, ao notar a atenção do fantasma voltada para fora.

          — Estou apenas vendo se Monty passa por aqui. Afinal, combinamos de nos encontrar.

          Niko sorri de forma boba, e Crystal, igualmente, não consegue conter o riso. Já Charles, visivelmente irritado, revira os olhos com impaciência, sacode a cabeça com exasperação e solta um suspiro tão pesado que quase parece um rosnado.

          — Vocês ficam igual dois idiotas por aí conversando sobre astrologia, mapas astrais e essas coisas. – Resmungou Rowland, chamando a atenção de Payne.

          O rapaz dá uma viradinha, mantendo as mãos para trás e com uma expressão intangível, mas suas sobrancelhas se movem levemente, o que já é suficiente para indicar que o fantasma está claramente confuso.

          — Sabe o que é isso? Ciúmes. – Crystal rebate, cruzando os braços e alternando olhares entre os dois fantasmas.

          — Tá de brincadeira? Eu só não gosto desse tal de Monty, ele é bem estranho. – Charles responde, impaciente.

          — Não seja tão cruel. Monty tem gostos... Peculiares, mas isso não o torna estranho.

          Edwin interrompe, franzindo as sobrancelhas e olhando para seu melhor amigo.

          A verdade é que neste momento, Edwin estava dedicando considerável tempo a Monty, possivelmente influenciado pela insistência do humano vivo. No entanto, talvez Payne não estivesse consciente das segundas intenções subjacentes. Ele se via fascinado pelas novas experiências e conhecimentos adquiridos com Monty e, de maneira evidente, estava experimentando sensações incomuns. Estas sensações eram peculiares ao ponto de despertar sua curiosidade, levando-o a se envolver cada vez mais nesse universo desconhecido.

          — Você tem que defendê-lo, não é? – Rowland resmunga, levantando-se e indo até o espelho presente no quarto, teleportando.

          — O que diabos ele tem? – A garota vidente pergunta, franzindo as sobrancelhas, já irritada com as mudanças de humor de seu amigo fantasma.

          — Ele tá com ciúmes do Edwin. – Niko diz, olhando para o fantasma. — Talvez você devesse falar com ele. Ele está com raiva do Monty.

          Edwin moveu os olhos pelo quarto, relutante em levar Niko a sério. Afinal, a garota tem uma tendência a enxergar o lado mais improvável das situações.

          — Como eu vou atrás dele? Ainda tenho essa pulseira que aquele Rei Gato colocou em mim. – Ele ergue o braço, olhando para a pulseira e lembrando-se instantaneamente de sua pendência, não deixando de se sentir culpado, mas também, sentindo-se intrigado pelo felino e sua presença avassaladora.

          — Faz aquela sua técnica de sempre, deixa a mão fora do espelho, tenta chamá-lo para conversar.

          Edwin solta um suspiro exasperado, enquanto sua mente tenta desvendar o paradeiro de seu amigo. Então, num lampejo de memória, lembra-se do escritório deles em Londres. Com passos rápidos, ele se aproxima do espelho, concentrando-se em atravessar o portal, deixando sua mão do outro lado, ainda no quarto.

𝙎𝙚𝙣𝙨𝙖𝙘̧𝙤̃𝙚𝙨「Garotos Detetives Mortos」Onde histórias criam vida. Descubra agora