Capítulo 4

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LUIZ MIGUEL

— O SENHOR NÃO DEVERIA estar aqui — Bernardo, um dos funcionários que lidam diretamente com o café comenta quando chego na unidade de torrefação

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— O SENHOR NÃO DEVERIA estar aqui — Bernardo, um dos funcionários que lidam diretamente com o café comenta quando chego na unidade de torrefação.

— Se eu estou aqui é porque quero estar aqui — respondo de um jeito enérgico, embora minha intenção não seja exatamente lhe dar um fora.

Desde que pus meus pés na fazenda observo os trabalhadores e a forma como se entregam ao que fazem e, de todos eles, Bernardo é, de longe, o que mais ganhou o meu respeito, no entanto, não posso negar que seu modo de fazer muitas perguntas sempre e comentários inconvenientes — muitas vezes sem ser chamado — me deixam bastante irritado.

— É verdade que o senhor está morando no casarão? — pergunta. 

— Sim. Por quê?

— Sortudo, hein. Imagino que a essa altura já conheça a enteada dele. 

Eu o encaro, não entendendo aonde quer chegar com essa conversa.

— Não é nada — encolhe-se, provavelmente percebendo meu semblante sério — É que ela é maravilhosa. Só isso.

Não respondo. Bernardo acrescenta:

— É educada, sensual... bonita. 

Imagino mesmo que a garota seja tudo isso e mais um pouco, todavia não quero ter essa conversa. Não agora e não com ele. Levo à sério minhas horas de trabalho. Além do mais, as minhas avaliações de alguma mulher guardo para mim mesmo.

— Não é verdade? — insiste.

— Não a conheço direito — respondo, mantendo a seriedade — Não estou aqui para pensar na enteada de Albino. Estou aqui para trabalhar.

— O senhor tem razão — Bernardo parece engolir em seco. 

Contudo prossegue em seguida:

— É que ela é realmente linda. Como eu queria que fosse minha namorada. Pena que é enteada do chefe. E que é muito nova pra mim. Ela só tem dezessete...

Sua última frase me chama atenção. 

Olho para Bernardo e tenho a percepção de que não está mentindo. Pela primeira vez o assunto toma o meu interesse. A idade da garota me surpreende. Ela parece jovem, claro, mas eu imaginava que tivesse uns dezenove ou vinte.

— Ah, qual é. Ela não tem só dezessete — retruco.

— Tem sim. É verdade — reafirma — Ano passado o chefe fez uma festa de aniversário para ela. A menina vai completar dezoito só no final deste ano. 

Bernardo faz uma pausa antes de usar um tom sonhador:

— Ah, se ela me desse bola. Eu me casaria na hora com ela.

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