Capítulo 2 - A Mansão dos Segredos

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Os primeiros raios de sol penetravam as janelas da mansão Fushiguro, lançando sombras longas e suaves pelas paredes decoradas. Sukuna acordou cedo, o som dos pássaros cantando nos jardins servindo como um despertador natural. Ele vestiu-se rapidamente e fez seu caminho até a cozinha para iniciar suas tarefas diárias. A rotina era meticulosamente planejada: preparar o café da manhã, cuidar dos jardins e atender às necessidades de Megumi.

Enquanto preparava o chá, Sukuna ouviu passos suaves se aproximando. Era Megumi, já acordado e vestido, seu rosto ainda marcado pelo cansaço da noite anterior.

— Bom dia, senhor Fushiguro — cumprimentou Sukuna, oferecendo uma leve reverência.

— Bom dia, Sukuna — respondeu Megumi, com uma voz baixa e quase rouca. Ele se sentou à mesa e observou Ryomen servir o chá com movimentos precisos e graciosos. — Você sempre acorda tão cedo?

— Sim, senhor. Gosto de ter tudo pronto para quando o senhor acordar — disse Sukuna, oferecendo-lhe uma tigela de arroz e alguns acompanhamentos.

Megumi sorriu levemente, agradecido, mas ainda com aquele olhar distante. Sukuna notou a expressão de Megumi e perguntou, hesitante: — Dormiu bem esta noite, senhor?

Megumi balançou a cabeça, suspirando profundamente.

— Não muito. Tenho tido pesadelos recorrentes ultimamente. São... perturbadores.

Sukuna não pôde deixar de sentir uma pontada de preocupação.

— Se precisar de algo, por favor, me avise, senhor. Estou aqui para ajudar.

— Agradeço, Sukuna — respondeu Megumi, levantando os olhos para encontrar os de Sukuna. Houve um momento de silêncio, cheio de algo não dito, antes de Megumi desviar o olhar.

Após o café da manhã, Sukuna começou a cuidar dos jardins, algo que ele descobriu que realmente gostava. Havia algo tranquilizador em trabalhar com as plantas, especialmente com os lótus, que pareciam florescer sob seus cuidados. Enquanto trabalhava, ele percebeu que Megumi o observava de uma das janelas do segundo andar.

Sukuna fez uma pausa, levantando a mão em um aceno casual. Megumi, um pouco surpreso, levantou a mão timidamente em resposta antes de desaparecer da janela. Sukuna sorriu para si mesmo, voltando ao seu trabalho com uma sensação estranha de satisfação.

Mais tarde, enquanto Sukuna estava podando algumas plantas no jardim, ele ouviu vozes vindo de dentro da mansão. Curioso, ele se aproximou discretamente da janela aberta, onde podia ouvir claramente a conversa.

— Megumi, você precisa pensar seriamente sobre essa proposta de casamento — a voz pertencia a Kenjaku, que parecia estar em uma visita inesperada. — É uma oportunidade única para fortalecer nossos laços com os japoneses.

— Já ouvi isso antes, Kenjaku — respondeu Megumi, sua voz firme. — Mas minha resposta continua a mesma. Não estou interessado.

Kenjaku suspirou audivelmente.

— Megumi, você sabe que sua família está contando com você. Este casamento não é apenas sobre você. É sobre todos nós.

— E eu estou cansado de ser apenas uma peça no jogo da família — replicou Megumi, sua frustração evidente. — Preciso de tempo para pensar. Não vou ser forçado a fazer algo que não quero.

Sukuna sentiu uma onda de empatia por Megumi. Ele sabia muito bem como era ser manipulado e usado pelos outros. Enquanto voltava ao trabalho, ele ponderou sobre as palavras de Megumi, percebendo o quão complexa e difícil era a posição dele.

À noite, Sukuna estava terminando suas tarefas quando ouviu um leve bater na porta de seus aposentos. Ele abriu a porta para encontrar Megumi, que parecia agitado.

— Megumi? — Sukuna perguntou, surpreso. — Está tudo bem?

— Posso entrar? — perguntou Megumi, sua voz carregada de emoção.

— Claro, por favor, entre.

Megumi entrou no quarto de Sukuna, parecendo um pouco desconfortável. Ele olhou ao redor antes de se sentar na pequena cadeira ao lado da mesa de Sukuna.

— Precisava de um lugar para pensar — começou Megumi, olhando para o chão. — Kenjaku esteve aqui hoje e... bem, estou me sentindo pressionado.

Sukuna se sentou na beira da cama, observando Megumi atentamente.

— Eu ouvi um pouco da conversa — admitiu Sukuna. — Entendo que a situação é difícil para você.

Megumi o olhou, seus olhos cheios de vulnerabilidade.

— Você realmente entende?

— Mais do que você imagina — disse Sukuna, sua voz suave. — Eu sei o que é ser pressionado a fazer algo contra a sua vontade. Sei como é sentir que você é apenas uma ferramenta para os outros.

Megumi ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Sukuna. Então, ele se levantou e caminhou até a janela, olhando para os jardins abaixo.

— Às vezes, sinto que estou preso aqui — disse Megumi, sua voz um sussurro. — Preso entre o que eu quero e o que esperam de mim.

Sukuna levantou-se e caminhou até Megumi, parando ao seu lado.

— Você não está sozinho, Megumi — disse ele, sua voz cheia de sinceridade. — Estou aqui. E farei o que puder para ajudar você.

Megumi se virou para Sukuna, seus olhos cheios de gratidão e algo mais profundo. Antes que qualquer um deles pudesse falar mais, um trovão soou ao longe, sinalizando a chegada de uma tempestade.

— Parece que uma tempestade está chegando — disse Sukuna, tentando aliviar a tensão.

— Sim — respondeu Megumi, com um sorriso leve. — E talvez traga consigo algumas respostas.

Os dois ficaram ali, lado a lado, observando o céu escurecer e a chuva começar a cair. Naquele momento, sob a sombra dos lótus, uma compreensão silenciosa se formou entre eles. Sukuna sabia que a missão estava se tornando mais complicada, mas também sabia que, de alguma forma, ele e Megumi estavam destinados a enfrentar essa tempestade juntos.

O Criado (Sukufushi)Onde histórias criam vida. Descubra agora