Capítulo 3 - Aproximadade Perigosa

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Os dias que se seguiram foram um turbilhão de emoções e novas descobertas para Sukuna. A tempestade que havia começado naquela noite parecia nunca ter realmente partido, com trovões ocasionais e chuvas intermitentes criando uma atmosfera de introspecção dentro da mansão Fushiguro. Sukuna, apesar de ser um criado, se sentia mais próximo de Megumi do que jamais imaginara possível. A amizade relutante que se formava entre eles era temperada com um subtexto de algo mais profundo, algo que ambos pareciam hesitar em nomear.

Certa tarde, enquanto Sukuna estava podando as árvores no jardim, ele ouviu o som de passos leves atrás dele. Virou-se para encontrar Megumi, que observava suas mãos habilidosas trabalharem com as plantas.

— Você tem um jeito com as plantas, Sukuna — comentou Megumi, seus olhos azuis brilhando com interesse genuíno.

— Obrigado, senhor. Eu sempre achei que as plantas têm uma maneira de nos ensinar paciência e cuidado — respondeu Sukuna, com um leve sorriso. — Além disso, cuidar delas me dá tempo para pensar.

— E sobre o que você pensa tanto? — perguntou Megumi, inclinando-se contra uma árvore próxima.

Sukuna parou por um momento, refletindo sobre a pergunta.

— Penso sobre muitas coisas. Sobre minha vida, minhas escolhas... E ultimamente, tenho pensado muito sobre você, Megumi.

Megumi parecia surpreso, mas não desconfortável.

— Sobre mim?

— Sim — disse Sukuna, aproximando-se. — Você é uma pessoa intrigante. Há muito mais em você do que aparenta. E eu quero entender melhor quem você realmente é.

Megumi desviou o olhar por um momento, antes de voltar seus olhos para Sukuna.

— E o que você descobriu até agora?

— Que você é mais forte do que pensa — respondeu Sukuna, sua voz suave mas firme. — E que há uma tristeza em você que eu gostaria de ajudar a aliviar.

Megumi deu um meio sorriso, um gesto que parecia genuíno, mas ainda tingido de melancolia.

— Você é um mistério, Sukuna. Apareceu na minha vida de repente e, de alguma forma, se tornou uma parte essencial dela.

Sukuna sentiu seu coração acelerar. Ele sabia que estava se aproximando perigosamente de um ponto sem retorno, mas não conseguia mais evitar seus sentimentos. Ele deu um passo à frente, a proximidade entre eles agora quase palpável.

— Megumi, eu...

Antes que Sukuna pudesse terminar sua frase, um dos criados mais antigos da casa, um homem chamado Ijichi, apareceu no jardim, interrompendo o momento.

— Senhor Fushiguro, o senhor Kenjaku está aqui novamente e deseja falar com você — disse Ijichi, sem perceber a tensão no ar.

Megumi suspirou, visivelmente irritado.

— Parece que nunca tenho um momento de paz. Obrigado, Ijichi. Já vou para lá.

Ijichi fez uma leve reverência e se retirou. Megumi olhou para Sukuna, seus olhos refletindo um pedido silencioso de compreensão.

— Desculpe-me, Sukuna. Deveres me chamam.

— Entendo, Megumi. Estarei aqui quando precisar — disse Sukuna, observando Megumi se afastar com um nó no estômago.

[...]

Naquela noite, Sukuna não conseguia tirar Megumi da cabeça. O que deveria ter sido uma missão simples estava se tornando algo muito mais complicado e emocionalmente carregado. Ele sabia que precisava manter seu foco, mas seus sentimentos por Megumi estavam se tornando cada vez mais difíceis de ignorar.

Mais tarde, enquanto Sukuna estava terminando de arrumar a biblioteca, Megumi entrou, parecendo exausto. Ele fechou a porta atrás de si e se encostou nela, deixando escapar um suspiro pesado.

— Kenjaku pode ser realmente insuportável às vezes — disse Megumi, esfregando as têmporas com as mãos.

— Posso imaginar — respondeu Sukuna, colocando o livro que segurava de volta na prateleira. — Ele parece ter uma habilidade especial para tornar tudo mais difícil.

Megumi sorriu, mas seus olhos mostravam cansaço.

— Sukuna, preciso de uma distração. Algo para tirar minha mente de tudo isso. Pode me ajudar?

Sukuna olhou para Megumi, percebendo a sinceridade em seu pedido. Ele assentiu lentamente.

— Claro, Megumi. O que você tem em mente?

Megumi ponderou por um momento antes de responder.

— Você toca algum instrumento, Sukuna?

Sukuna ficou surpreso pela pergunta, mas então sorriu.

— Toco um pouco de shamisen. Não sou um mestre, mas sei tocar algumas melodias.

— Ótimo — disse Megumi, seus olhos brilhando levemente. — Vamos até o salão de música. Quero ouvir você tocar.

Eles caminharam juntos até o salão de música, um quarto grande e bem decorado com vários instrumentos tradicionais. Sukuna pegou o shamisen, sentando-se em um banquinho enquanto Megumi se acomodava em uma cadeira próxima.

— Alguma preferência? — perguntou Sukuna, começando a afinar o instrumento.

— Toque algo que te traga paz — respondeu Megumi, fechando os olhos.

Sukuna começou a tocar uma melodia suave e melancólica, suas mãos movendo-se habilmente pelas cordas do shamisen. A música encheu o salão, criando uma atmosfera calma e íntima. Megumi ficou em silêncio, absorvendo cada nota, sentindo a tensão de seus ombros se dissipar lentamente.

Quando a música terminou, Megumi abriu os olhos, parecendo mais relaxado.

— Isso foi lindo, Sukuna. Obrigado — disse ele, com sinceridade.

— Fico feliz que tenha gostado — respondeu Sukuna, colocando o shamisen de volta no suporte. — Às vezes, a música é a melhor forma de expressar o que as palavras não conseguem.

Megumi levantou-se e caminhou até Sukuna, parando bem na sua frente. Havia uma intensidade em seus olhos que Sukuna nunca havia visto antes.

— Sukuna, preciso dizer algo — começou Megumi, sua voz baixa e urgente. — Desde que você chegou, minha vida mudou de maneiras que eu não esperava. Você trouxe luz para os meus dias mais sombrios. E... eu não sei o que faria sem você.

Sukuna sentiu seu coração acelerar, mas antes que pudesse responder, Megumi o puxou para um abraço apertado. Sukuna ficou paralisado por um momento, mas então retribuiu o abraço, sentindo a sinceridade e a necessidade no toque de Megumi.

— Eu sinto o mesmo, Megumi — disse Sukuna, sua voz um sussurro. — Vou estar aqui para você, sempre.

Eles ficaram ali, abraçados, sob a suave luz do salão de música, enquanto o mundo lá fora continuava a girar. Naquele momento, nada mais importava além da conexão que compartilhavam. Sukuna sabia que os desafios ainda estavam por vir, mas também sabia que enfrentaria qualquer coisa ao lado de Megumi.

O Criado (Sukufushi)Onde histórias criam vida. Descubra agora