5 - Escolha

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POV Lyanne Jensen

Me encontrei imersa nas minhas dúvidas e pensamento após minha conversa, pra lá de esquisita com Taehyung. O que quer que ele tenha pretendido dizer ainda estava em processamento pelo meu cérebro que se encontrava ainda muito atordoado pelos efeitos da atração que eu sentia por Yoongi.

Eu não conseguia compreender realmente como, mas ficou claro pra mim que havia algo mais rolando e depois daquela intensa aproximação entre nós, era óbvio que o envolvimento não era só da minha parte.

Entretanto algo dentro de mim se debatia com a ideia de quão errado era aquilo. Minha consciência profissional e minhas barreiras de autodefesa emocional foram avassaladoramente esmagadas durante nossa conversa, e ele de alguma maneira, ainda não compreendida por mim, conseguiu ultrapassá-las como se elas fossem inexistentes, e isso me deixava chocada e com medo da maneira com eu respondia a isso.

A ansiedade e expectativas que eu tinha alimentado de forma inconsciente, agora se fundiam em um pânico imensurável que eu tinha de lidar com emoções e sentimentos involuntários.

Esse medo já havia me paralisado tantas vezes antes, mas eu achava que tinha vencido esse medo, desde que tomei a decisão de assumir o controle da minha vida e aceitar quem eu realmente era e ir atrás dos meus sonhos.

Refletindo sobre isso, volto inevitavelmente para aquela noite e para nossa conversa, de alguma forma eu compreendia que as palavras dele pra mim naquele dia foram bastante significativas e despertaram algo dentro de mim.

Uma chama que até então eu desconhecia, mas que ardia no fundo da minha alma e só precisava de uma faísca para me incendiar por completo.

Ele havia sido isso pra mim, essa faísca, embora ele não soubesse e muito provavelmente nunca venha a ficar sabendo. Eu me debatia internamente a cada vez que este pensamento me ocorria.

"Porque eu não posso falar isso pra ele, afinal?" Eu me perguntei mais uma vez. "Não há nada de mais nisso, não é?" Porém algo dentro de mim sentia que não era o momento, nós mal nos conhecemos, seria esquisito chegar nele dizer... "então, sabe aquele dia que você ficou perdido em São Paulo e ligou para operadora, porque ficou sem internet? Fui eu quem te atendeu! E depois daquele dia eu enfim tomei coragem e larguei aquele emprego e me tornei o que sou hoje, então obrigada!"

Tá! Eu sei, isso pareceria bem esquisito! Ou talvez não, mas... Ah... Foda-se! Talvez a gente possa rir da situação juntos, depois de eu dizer isso, mas eu me sinto tão estúpida ao pensar nisso tudo.

Passei muito tempo construindo essa pessoa que sou agora, apesar de ainda ser a mesma garota daquela noite, mas que agora é capaz de sair das sombras do anonimato e enfrentar de frente as luzes dos holofotes que foram apontados na minha cara, desde que meu livro virou um best-seller.

Tive que forjar essa casca impenetrável para ser capaz de encarar as críticas, os haters, meus medos... meu passado. Tive que empoderar a mim mesma para erguer a minha cabeça e ser capaz de dizer a mim mesma " Você é foda!" e realmente me sentir assim.

Não porque agora eu era uma escritora reconhecida e com milhares de fãs pelo mundo, mas sim pelo fato de que eu fui capaz de fazer algo mesmo tendo todas as probabilidades contra mim.

Eu ainda podia sentir minhas mãos trêmulas enquanto me sentava pela primeira vez na frente do meu PC velho de guerra e finalmente deixava fluir para além de mim as palavras que eu guardava aqui dentro.

A experiência era libertadora, muito mais do que qualquer terapia que eu já tivesse feito, e Deus sabe que foi preciso muita, para lidar com toda a merda do meu passado.

Até a Última PáginaOnde histórias criam vida. Descubra agora