7 - Conflito...

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POV Lyanne Jensen

O cursor do editor de texto piscava na minha tela, insistentemente, mas as palavras não vinham. Minha mente estava em branco, exceto pelos pensamentos que sempre buscavam por ele. Por mais que eu tentasse, tudo parecia vazio e sem sentido.

Qual era o meu problema, afinal? Por que era tão difícil aceitar o que eu estava sentindo e me deixar envolver por esse sentimento que, apesar de assustador, era tão bom?

Um arrepio constante corria pela minha pele sempre que pensava em Min Yoongi, um lembrete visceral da atração que eu sentia. Então por que raios eu simplesmente não conseguia me deixar levar por esse sentimento?

Recostei-me na cadeira e fechei os olhos. As imagens daquela noite ainda eram vivas na minha memória, assombrando-me constantemente: o rosto pálido e sem vida da minha mãe, as luzes dos carros da polícia, o vermelho viscoso escorrendo pelos meus dedos, o rosto retorcido do meu pai me encarando nas sombras, enquanto era contido pelos policiais.

As memórias daquela longínqua noite me atingiam como uma avalanche, trazendo de volta o mesmo medo e desespero, da adolescente de 14 anos que eu era, quando assisti impotente meu pai assassinar minha mãe, era quase como se aquilo estivesse acontecendo naquele exato momento. Passei muitas noites sem dormir depois disso, atormentada por pesadelos e terrores noturnos. Aos poucos, encontrei meios de evitá-los, afastando de mim qualquer sentimento e qualquer um que ameaçasse os muros que construí ao meu redor.

Evitar sentir é doloroso demais, machuca demais, e fiz isso por tantos anos que agora, não sei como parar. Não posso negar que, de alguma forma, ele conseguiu. Min Yoongi atravessou as minhas defesas como se eles nem estivessem ali. Ele arrasou com tudo, deixando minha máscara de frieza em pedaços, me expondo para ele assim como eu sou.

E já não sei se sou capaz de juntar meus pedaços e me sentir inteira novamente. Não sei nem consigo explicar ou compreender meus sentimentos. Aquelas lembranças ainda eram muito dolorosas e me fizeram ser a pessoa que sou hoje.

Mas quem sou eu, afinal?

Uma vez me disseram que eu não deveria me culpar pelo que aconteceu com meus pais, que eu era apenas uma vítima deles. Sim, deles, pois foi meu pai quem matou minha mãe, mas foi minha mãe quem alimentou a loucura que viviam. E eu era só uma peça no jogo doentio deles.

Talvez a maior vítima de tudo isso?

Não, eu não gostava de me ver assim, mas eu não tinha como negar que, viver naquele ambiente doente, me deixou marcas e amarras que me prende até hoje.

Até quando serei refém do meu passado?

Por que simplesmente não posso esquecer tudo e seguir em frente com minha vida?

Por que me sinto assim... incapaz de amar?

Batidas na porta me fizeram despertar da minha inércia. Caminhei até a porta e abri, encontrando Jungkook do outro lado.

"Olá, desculpe o meu atraso." ele disse simpático enquanto se balançava nos calcanhares e sorria para mim ainda parado à porta.

"Ah! sim... sem problemas." falei retribuindo o sorriso. "Entra." continuei dando espaço para ele entrar na sala.

"Eu tive um compromisso mais cedo e acabou se estendendo por mais tempo do que eu previa." ele explicou enquanto entrava na sala.

"Tranquilo, eu compreendo." eu disse tranquilizando-o, mas a verdade é que eu tinha me esquecido completamente que tinha marcado com ele naquele dia.

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