08- Coelho na gaiola

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                       🐺 DANTE🐺

Trocar um café amargo por bolinhos de amora não me pareceria boa ideia até um tempo atrás, mas não tive muita escolha ao ser pego de surpresa e confesso que valeu a pena, mesmo que tenha me colocado em apuros depois.

Algo daquele aroma eu precisava devorar, não importava se fosse apenas comparado.

Mesmo não conseguindo comprar na cafeteria, consegui um jeito de ter os bolinhos de amora e saboreá-los enquanto sentia aquele cheiro, foi interessante.

Mas o que me fez abandonar o sabor doce foi o que visualizei ao ligar meu computador.

São duas telas grandes em uma mesa que fica no meu quarto, uma cadeira confortável e fones de última geração. Daqui realizo o que preciso e desejo.

Quatro ângulos diferentes. Eu sou o dono. Que mal tem cuidar do que é meu?

Confesso que não esperava presenciar o que vi, me deixou completamente surpreso; de uma rotina pacata e sem graça ao ápice de um prazer individual.

Além da empresa e minha casa, o apê em que Fellipo vive agora também é meu território, e em meu território, posso fazer o que bem entender.
A princípio apenas o observei se satisfazendo.

Mesmo sabendo de quem se trata aquele corpo deitado na cama se contorcendo de prazer é impossível não sentir nada, mesmo que seja somente uma vontade de usá-lo e machucá-lo.

De olhos fechados ele se encontra como sempre, alheio ao perigo que o cerca, totalmente entregue e vulnerável. Eu poderia ir até ele e entrar naquele quarto a qualquer momento; qual seria sua reação?

Ao observar a cena e imaginar dezenas de cenários diferentes automaticamente começo participar daquela euforia maluca, quanto mais seu rosto se contorcia mais excitado eu ficava.

Junto ao prazer senti uma raiva tremenda por não conseguir me controlar e atingi o ápice chamando seu nome com os dentes cerrados, o que me enfurece ainda mais por ser a segunda vez que acontece essa palhaçada.

Empurrei a cadeira com força para trás e sem me preocupar em desligar a tela, fui direto para o banheiro tomar uma ducha gelada.

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6:00h da manhã e aqui estou eu; não é que eu seja uma pessoa apaixonada por acordar cedo, mas para correr não pode ser outro horário, então coloquei uma roupa que considero adequada, um conjunto preto da Puma, e parti em direção a praça de sempre.

O frio faz minha respiração sair como fumaça pelo ar e minha garganta arde um pouco, mas por ser um alfa rapidamente me aqueço e fica tudo mais fácil.

Adquiri o hábito de correr com meus pais. Pouco tempo depois da adoção, começaram me convidar e diziam que fazia bem para o corpo e a mente. No início eu achava aquilo uma perda de tempo, preferia mil vezes desfrutar da cama macia e quentinha que era novidade em minha vida, até que pela insistência deles resolvi ceder e tentar.

Então descobri mais uma novidade além da cama confortável, descobri a sensação de liberdade; a liberdade de poder ir, de correr para longe e ainda ter um lugar para voltar.

A partir daí nunca mais parei de correr pela manhã e se não posso ir por alguns dias devido algum imprevisto fico extremamente irritado. Tenho um certo problema com raiva e agressividade, correr ajuda a liberar um pouco dessa energia mal equilibrada.

Dizem que isso é normal entre Alfas dominantes, mas não entendo bem sobre isso; Nem sobre o básico fui informado antes do primeiro ruth.

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Na Boca do Lobo (Omegaverse)Onde histórias criam vida. Descubra agora