Tudo pra que ela chegasse à conclusão de que, de alguma maneira inexplicável suas poucas escolhas, numa vida tão curta, a tinham preparado pra aquele instante de provação.
Pois a triste realidade era que, por mais que resolvesse implorar aos céus que parasse de enviar tanta chuva desnecessária, a natureza implacável não permitia nem mais um instante de elocubrações juvenis. Era como se dissesse: "Deixe pra relembrar os bons momentos da vida numa ocasião mais propícia, sua bobinha. Sua espécie me desafiou por tantos séculos! Eu, justa Natureza que provém todas as suas necessidades alimentares. Tu sabes que me  devolveram muito ódio e destruição, não é? Ora,  o castigo já foi  decidido pelos deuses. Supere, pequena humana! Vamos medir nossos  poderes!" Então o nível da água subia incansavelmente desafiando aquela minúscula  e resoluta criatura que sentia as pesadas gotas batendo em sua cabeça, escorrendo pelo rosto e encharcando tudo.
Foi aí que, como se mergulhasse numa piscina de água aquecida e transparente, Clara se entregou ao rio inesperado pois permanecer naquele local era um risco extremamente ilógico.

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