Mas a leitura que vinha com mais intensidade à sua mente tão fértil, nesses momentos decisivos, era a da brasileira Rachel de Queiroz que havia narrado, com apenas 18 anos de idade, os sofrimentos que sua família enfrentou no outro lado de um país continental, diverso e rico em termos de clima, cultura e biodiversidade. País presenteado com uma natureza plural habitada por um povo nem sempre lembrado por seus governantes, preocupados mais com votos e seus próprios salários, do que com o fornecimento de condições básicas de educação, saneamento e saúde pra quem neles votam. Tantos brasileiros e brasileiras sofredoras, batalhadoras e bem humoradas compartilhando elementos semelhantes, pois somos todos seres extremamente frágeis repletos de escolhas equivocadas, culpas e sofrimentos, mas também dotados de um desejo imenso e incansável de sobreviver. Como havia imaginado, os obstáculos ali na rua (que agora era um rio) eram semelhantes aos que enfrentara em seu quarto minúsculo e obviamente muito superiores em proporção. Há pouco se deparara com um sofá digno de um palácio e certamente caríssimo que, naquele contexto, constituía uma metáfora da insignificância de todo o luxo que muitos dão o sangue pra conquistar.

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DILÚVIO
Fiksi SejarahDILÚVIO ou INUNDAÇÃO ou ESCOLHAS & CONSEQUÊNCIAS ou ENCHENTE ou DEBAIXO D'ÁGUA ou CARAMELO ou CLARA Ao povo gaúcho À minha mãe Anna A todo e qualquer ser humano que escolhe viver, apesar dos obstáculos quase intransponíveis