01 - Dopamina

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Sanzu estava sentado de forma desleixada no sofá daquela boate, o copo de Whisky quase vazio, um sorriso dançava em seus lábios, enquanto seus olhos nublados pela dopamina causada pelo álcool e pelas drogas que havia consumido.

As drogas em seu organismos já levavam Sanzu a outro mundo, um mundo de irrealidades onde ele se sentia feliz e leve, sem ter traumas e dores para o consumir, sem ter um namorado tóxico, sem problemas familiares e sem se sentir extremamente sobrecarregado.

Um mundo de alegria e felicidade, onde tudo era perfeito, como em um mundo de contos de fadas.

A música alta da boate dominava seus ouvidos, dificultando o diálogo naquele local, não que Sanzu tivesse o interesse de conversar com alguém, apenas queria ficar ali, imerso em seu mundinho de dopamina que lhe era fornecido apenas por conta das drogas que alteravam o funcionamento de sua mente. Bem, ele também não poderia ou Manjiro acharia que estava o traindo, e isso tornaria sua noite e sua vida um verdadeiro inferno.

Não que já não fosse um inferno, se sentia especial, tinha seu próprio inferno particular e seu próprio demônio o torturando, céus, isso só podia ser um castigo divino, Sanzu tinha certeza que em sua vida anterior havia sido o próprio anticristo para sofrer assim.

Pff...

Que merda ele estava pensando?

Anticristo...

Sanzu se quer é religioso, nem mesmo acredita nessas histórias de salvação, paraíso, reencarnação, ou em qualquer deus inventado pela mente humana, que procura alivio em divindades inventadas, sempre procurando algo ou alguém para culpar do que dá errado em sua vida e alguém para agradecer quando algo da certo.

Humanos são tão burros e ignorantes que sequer aceitam sua capacidade de conquistar as coisas por mérito próprio, e o quão horríveis eles podem ser, não sabem admitir seus próprios erros, e culpavam o demônio por isso.

Se esse tal de Lúcifer existe mesmo, ele deve sofrer, por ser culpado por tudo, por coisas que ele nem mesmo fez!

Ah, Sanzu sentia pena dele, afinal, sabia muito bem como era ser acusado e responsabilizado injustamente por algo que não fez.

Sanzu guia sua mão direita, que estava livre do copo, até a cicatriz no canto de sua boca, um flash rápido do dia que Manjiro as fez passa por sua mente. Sanzu balança a cabeça espantando aqueles pensamentos.

Melhor pensar em outras coisas, e tomar mais alguns comprimidos de ecstasy.

Sanzu tira as mãos do rosto, guiando até o bolso de seu terno, pegando o saquinho com as pílulas, havia apenas mais cinco ali, precisava de conseguir..

Sanzu vira as cinco de uma vez na boca, as engolindo com ajuda do restante de whisky em seu copo, e logo voltando a se perder em pensamentos.

Era irônico, não? A máfia que Sanzu teria que destruir se chamava inferno, assim como Sanzu se referia a sua própria vida como inferno, ele teria que derrubar um demônio, para que o demônio ao seu lado, o demônio que chamava de rei e de namorado, pudesse reinar.

Sanzu estava tão dopado, que sequer notou aquele homem alto de cabelos longos e vermelhos carmesim, se aproximou de si, os cabelos tão vermelhos como aqueles magníficos olhos, céus, eles eram tão vermelhos quanto uma pedra de rubi, qualquer um que olhasse neles se perderia em no abismo sem fim que era a beleza deles.

Sanzu se perdeu naqueles olhos, quem não se perderia? Eles eram tão bonitos... Tão... Porra, excitantes...

As drogas em seu organismo e as que ainda insistia em ingerir dificultava seus pensamentos e suas lembranças, o deixando tão dopado ao ponto de esquecer da Bonten, esquecer onde estava, esquecer que namorava, esquecer de Manjiro, esquecer do risco que era confiar em qualque pessoa.

Meu demônio salvador - MaleReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora