★ - D E V I L - P U N K · †
· - "Grupo de rock anarquista se torna cada vez mais influente nas cidades vizinhas" . . . ⁹⁶⁹
Quatro garotos insatisfeitos com a censura, ditadura e esquecimento de sua cidade se revoltam e dão tudo de si em uma b...
A minha vida tá um saco. Acabei de ser expulso de casa em pleno período conturbado no Brasil, ou a ditadura militar para os mais leigos. Além de ser o meu aniversário de 18 anos, aquele velho só estava esperando a minha maioridade chegar para me colocar na rua. Ainda não sei onde ficar ou pra onde ir, mas eu dou um jeito.
Ugh... Pra variar ainda tá anoitecendo, vou gastar o que me resta com drogas e morrer pra algum militar.
Eu sempre compro drogas em um beco não muito longe daqui, é o lugar onde vende mais barato antes da meia-noite.
Entrando no beco percebi um movimento diferente, meus fornecedores não estavam no lugar de sempre e a cada passo que eu dava, maior era o som da música e o fluxo de pessoas por aquele canto estreito. No fim, meus fornecedores não estavam lá, só um segurança muito alto perto de uma porta pegando ingressos pra esse show. Curioso como sou, decidi perguntar;
— Qual o show que tá rolando aí?
— É o "Banquete demoníaco" se quiser entrar vai ter que comprar um ingresso. - ele se ergue e aponta para um balcão com alguns ingressos.
— Oh, sim, talvez seja legal me divertir hoje.
Andei rapidamente e esperei a fila diminuir, comprei um ingresso e ainda recebi um desconto de último ingresso comprado.
— Esse show novo tem muitas drogas e bebidas grátis, bom proveito gatinho! - Diz o balconista, que eu prefiro acreditar que não flertou comigo.
Voltei para a porta, entreguei o ingresso e, nossa, essa festa vai ser empolgante.
Muita gente bebendo vodca misturada com energético, se pegando e fumando nos cantos. Essa banda chegou com bastante impacto, a voz do vocalista é de se invejar. ㅤ
"Morra! Morra! Morra! Morra! Espero que esses capitalistas se fodam!
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Eles pisam em nós,
nem ligam para o que fazem,
E com a morte tentarão
sumir com quem fala a verdade!
ㅤ
Vou gritar muito mais alto,
Romper a barreira do som,
Não gostou que fui ruim?
Vou deixar de ser bom!" — ★ ㅤ
Por alguns segundos eu queria ser como ele, ter essa coragem de falar tudo o que penso... Ele não sabe que pode morrer por causa disso?
Bem... Não é como se eu fosse só um drogado, tenho um baixo que consegui roubar daquele babaca do meu pai. Não sou tão bom, mas consigo pegar o jeito igual antigamente.
Percebi que não tenho nada a perder, eu quero entrar nessa banda, mesmo que eu morra, e, na verdade, eu não iria perder muito morrendo. Não tenho uma casa, parentes que gostam minimamente de mim... Só um baixo e um poder enorme de persuasão.
ㅤ
Eu curti bastante, bebi muita cerveja e fumei o máximo que consegui barganhar, quando o show acabou eu esperei até a última pessoa sair. Com muitos neurônios faltando eu decidi conversar com o baterista da banda, ele tinha cara de quem poderia me dar uma ajudinha.
— Oi oi. Você é o baterista, não é?
— Uhum, me chama de Caleb. Tô sentindo que vou te ver mais vezes aqui. - Disse ele me encarando de cima a baixo.
— Hm... Sim. Vocês estão precisando de um baixista? Eu achei a banda de vocês o máximo e eu toco muito bem.
— Não, você não parece ser tudo isso o que diz. - Ele cruza as pernas e vira de lado, como se tivesse dado a última palavra.
— Eu toco muuuuuito bem. Você precisa me ver tocando o meu baixo, aliás, 'cê mente muito mal, tem só quatro pessoas na banda, né!? Um vocalista, um guitarrista, um baterista e um rapaz no teclado, e eu sou homem, tô nos requisitos básicos, não é?
— Se tinha quatro, agora pode ter cinco. Você não tá com o seu baixo né? Volte aqui amanhã com ele para uma audição, se eu pudesse te deixaria entrar no grupo sem pestanejar, mas a decisão não é só minha. - Caleb pula do palco - onde estava sentado, e levanta, ficando agora de frente para mim.
— É óbvio que não vou perder essa oportunidade, pode me esperar que eu vou impressionar. - Ele me dá um aperto de mão bem firme e vai para o camarim.
Essa é a minha chance de finalmente ter um progresso. Eu não aguento mais viver nessas ruas dessa cidade idiota... Recordem as minhas palavras: Eu vou entrar nessa banda.
Mas agora eu tenho que dar um fora daqui antes da meia-noite, parece que o fluxo de patrulhas dos militares aumentou. Isso me preocupa, até quando eu vou conseguir me esconder disso..
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