16 - Férias

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- Vocês não vão entrar? - Rafael perguntou já sentado na beira da piscina, enquanto Gui e eu estávamos sentados nas espreguiçadeiras.

- Quer entrar agora, Guigui? - Percebi o olhar incerto dele e acariciei suas costas.

- E se alguém perceber que eu sou... Você sabe, trans? Pode acabar marcando na roupa.

- Guigui, ninguém vai te destratar aqui. - Olhei para Felipe que estava sentado na espreguiçadeira ao lado, enquanto Mateus passava protetor nas costas deles. - O que acha, Fê? Será que alguém vai estranhar o Gui se ele entrar na piscina? Ele está com medo da roupa marcar e alguém perceber.

- O pessoal aqui é bem tranquilo com essas coisas, Gui. No máximo as crianças podem perguntar por curiosidade, mas fora isso, pode ficar despreocupado.

- As famílias de vocês são tão amorosas. - Gui comentou em um tom cabisbaixo, embora tentasse sorrir para aparentar plenitude.

Nem imagino como Guilherme deve se sentir injustiçado por ter vivido em uma casa com alguém que o destratava, então era absolutamente compreensível vê-lo triste por saber que outras famílias são tão amorosas com pessoas como nós.

- Vamos entrar, meu pãozinho? Me deixa passar protetor em você primeiro. - Espalhei o protetor no rosto e braços dele.

- Lulu, será que eu posso ficar sem a camiseta? - Ele levantou a barra da roupa, mostrando o binder que usava embaixo.

- Claro que pode, Guigui. Deixa que eu passo o protetor nas suas costas.

Assim que ele tirou a camiseta, ficando apenas com o binder preto e a bermuda cinza de tactel, eu espalhei o filtro solar em toda a pele exposta. Guilherme era tão branquinho que poucos minutos no sol sem proteção fariam um estrago dos grandes e eu queria garantir que nada de ruim aconteceria.

- Minha vez, Lulu. Tira a sua também. - Ele pegou a embalagem da minha mão e espalhou o protetor nas minhas costas também.

- E por mim ninguém faz nada, é assim mesmo. - Rafael cruzou os braços, ainda sentado na beira da piscina e nos encarando com a maior cara de cachorrinho que caiu do caminhão da mudança.

Revirei os olhos. - Vem, fundador da coitadolândia, a gente passa em você também.

- Eba! - Rafael sentou na espreguiçadeira ao meu lado e eu espalhei o protetor no peito, pescoço e braços dele, enquanto Guilherme espalhava nas costas e ombros.

- É mais mimado e dengoso do que o Miguelzinho. - Comentei enquanto espalhava o protetor no peitoral dele.

- Falando em Miguelzinho, parece que aqueles dois estão se dando bem no final das contas. - Guilherme comentou, apontando com a cabeça para Miguel e Gabriel que brincavam na piscina infantil.

- Fiquei com medo do Miguel bater no Gabriel. O coitado levou um fecho e saiu chorando. - Rafael comentou em meio a uma risada.

- Que nada, o Miguel não mata nem formiga.

Rafael foi o primeiro a entrar na piscina dando um salto do tipo bola de canhão e eu fui logo atrás, dando um mergulho de sereia típico da época em que eu assistia H₂O meninas sereias.

- Vem, pãozinho! - Chamei Guilherme que sentou na escada e desceu degrau por degrau como se fosse um senhor de oitenta anos.

- Acha que eu sou doido de pular igual vocês fizeram? É nessa brincadeira que você cai e perde um olho, daí eu quero só ver!

Alinhamento Milenar (Taegi)Onde histórias criam vida. Descubra agora