Meses depois
Os meses correram mais rapidamente após as férias no meio do ano e agora estávamos na minha época favorita do ano letivo. A semana de provas chegava ao fim, mas os professores ainda fechavam as notas, passavam recuperação ou então passavam as manhãs inteiras sentados em suas cadeiras resolvendo as próprias coisas, enquanto os poucos alunos presentes em sala procuravam inúmeras formas de se entreter para não morrerem de tédio.
- Não sei, Fê. Eu desisto! - Rafael falou para Felipe que fazia o jogo da forca no quadro branco, entretendo não só o nosso grupinho, mas também um pessoal na sala.
- Vocês são muito lentinhos. - Ele colocou as letras que faltavam na frase "Tá duro, Mussum!" e levando uma chuva de bolinhas de papel de Rafael e Rosane.
- O meme do tempo dos Astecas, porra! Quem iria saber disso? Você tem dezessete anos ou setenta e um? - Rosane reclamou, indignada ao lado de Rafael.
- Vocês não tem cultura e a culpa é minha? - Ele falou totalmente revoltado e entregou a caneta para que Rafael escrevesse no quadro agora.
Com meu celular apoiado na garrafinha de água de Guilherme, ele mantinha a cabeça apoiada em meu ombro, enquanto assistíamos a um dorama escolhido por ele.
Tampei o rosto pela décima vez ao vez o protagonista assassinando outra pessoa, a terceira só no primeiro episódio.
- Pãozinho, eu vou ter pesadelos. Vai ter que dormir lá em casa para me consolar desse jeito. - Fiz um biquinho e ele pausou o dorama.
- Desculpe, Lulu. Esqueci que você é sensível para esse tipo de coisa. - Só o cafuné e o selinho já valeu a pena qualquer pesadelo que eu viesse a ter futuramente. - Quer assistir outro? Pode escolher, amor.
Sorri abertamente e o apertei no abraço. - Meu pãozinho me chamou de amor. Eu te amo, meu Guigui, eu te amo! Aceita se casar comigo?
- Claro que aceito, Lulu. - Gui me deu um selinho mais lento desta vez e retribuiu o abraço.
- Pombinhos, o que acham de pedirmos alguma coisa para comer? Pensei em esfirras. - Felipe sentou na cadeira em nossa frente, falando baixo para que os outros não ouvissem e nos encarou enquanto mexia no celular, olhando o aplicativo do restaurante.
- Eles entregam aqui? - Franzi o cenho. - E quem é que vai pagar?
- Acabei de ganhar mesada, então quem você acha? Mas é só para o nosso grupinho. Vão querer?
- Nossa, por mim é óbvio que sim. E você, Guinho? - Puxei Guilherme para sentar no meu colo e ele assentiu.
- Eu quero sim. Ai, Lu! - Ele reclamou com uma expressão dolorosa e eu imediatamente me lembrei da injeção que ele havia tomado ontem e provavelmente ainda estava dolorido. - Cuidado.
- Esqueci a injeção, desculpe, amor. - Beijei a bochecha fofinha dele, totalmente arrependido e me sentindo o pior ser humano do mundo por fazê-lo sentir dor. - Perdão, eu sou um monstro.
- Não é para tanto, Lu. Está tudo bem. - Ele se ajeitou no meu colo e deitou a cabeça em meu peito. - Depois da terceira aplicação eu já estou mais acostumado. Nem desmaiei desta vez.
- Meu Guigui, estou orgulhoso. Você é tão corajoso. - Beijei a bochecha dele.
Conforme as horas se passavam, a sala ficava mais vazia, não só sem os alunos, mas também sem os professores, já que a professora das duas primeiras aulas foi embora e os outros dois de hoje sequer vieram para a escola.
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Alinhamento Milenar (Taegi)
RomanceAs bochechas eram rechonchudas como as de uma criança, os lábios vermelhinhos chamavam atenção e os olhos afiados davam toda a graça ao rosto delicado dele. Talvez eu tenha passado mais tempo do que deveria olhando para ele. Definitivamente era o...