2 - Eu gosto de você, tchau.

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O sinal soou por toda a escola e todos saíram desesperadamente da sala para almoçar.

Eu ajeitei meu cabelo ondulado pelo reflexo do celular e saí da sala, olhando na sala do lado e sorrindo abertamente ao ver o meu moreninho arrumando a mochila e colocando o celular no bolso.

- Gui! Estou aqui, vamos almoçar? - O esperei na porta e seu sorriso bonito iluminou todo o ambiente. Eu poderia ver aquele sorriso todos os dias e jamais me cansaria. - Ei, não deixa a sua mochila ali não. Não sabe que podem roubar as suas coisas? Eu não confio no pessoal daqui.

- Obrigado, Luan. - Ele colocou a mochila nas costas e me acompanhou até o refeitório.

Como de costume, a fila dava voltas no pátio e aqueles que saíam correndo assim que o sinal tocava eram os que conseguiam pegar a parte mais gostosa da comida. Aqueles que preferiam viver a vida tranquilamente acabavam com as raspas da panela, mas eu já estava acostumado.

- Guinho, você quer sair para dar uma volta depois da aula comigo? Podemos ir no shopping ou na pracinha.

Enquanto ele estava de costas para mim, prestando atenção em algo no celular, meu braço pairava sobre suas costas, enquanto eu criava coragem para envolver seus ombros, tentando ficar mais próximo dele.

- Não posso, Luan. Eu preciso trabalhar depois da aula.

- Hum, então eu posso te levar no trabalho? Peço para a mamãe levar nós dois. Aonde você trabalha mesmo? - Perguntei, embora lembrasse perfeitamente da foto da sorveteria perto da minha casa em que ele tirou foto e postou nos stories.

- É uma sorveteria na frente de um mercado. É no bairro vizinho e eu costumo ir de ônibus.

- Aquela sorveteria roxa perto de uma escola do fundamental? - Ele concordou e eu finalmente tive coragem de colocar o braço ao redor de seus ombros.

- É aquela mesmo, seu stalker. Por que perguntou se já sabia?

- Ei! Não me chame assim. Só quis confirmar. Isso são coincidências da vida. Meu irmão estuda naquela escola, sabia? Se eu soubesse que um colírio para os olhos desse trabalha lá, então eu teria aproveitado para comprar um sorvete enquanto ia buscar meu irmãozinho.

A fila demorou uma eternidade para andar, mas eu quase pulei de felicidade quando estávamos com nossos pratos em mãos e meus amigos sentaram na mesa que já praticamente pertencia a nós e ainda pegaram uma cadeira extra para o meu moreninho.

- Vocês demoraram. Achei que tinham parado para namor-

Pigarreei alto para interromper Rafael. - É que a fila estava gigante, gente. Ei, vocês já conhecem o Guilherme? Ele é da 2004. Gui, esses são os meus amigos. Mateus Kim o inteligente e marombeiro das covinhas, Felipe Kim o mais riquinho mimado e reclamão e Rafael Jung o engraçadinho dançarino.

- Temos mais um para o clube? Você nasceu no Brasil ou na Ásia, Gui? - Felipe, o mais bonito do grupo, foi o primeiro a se pronunciar para falar com Min. Ele estava no meio de Mateus e Rafael e normalmente tinha uma pose tão glamurosa quanto Regina George sendo a abelha rainha líder das poderosas.

- Eu sou brasileiro. - Ele respondeu em um fio de voz.

- Felipe é o único daqui que nasceu na Coreia, sabia? Ele tem nome coreano e tudo. Ainda morou em uma cidade lá até os oito anos. - Mateus deitou a cabeça no ombro do namoradinho. - Meu Fê sabe falar coreano, português e ainda é ótimo em inglês. Mas o inglês fui eu que ensinei. - Deixou um beijo na bochecha de Felipe.

Rafael fez uma expressão de desgosto, trocando de lugar e saindo de perto do casal, ficando a meu lado.

- Essas gays melosas, eu sofro tanto segurando vela que daqui a pouco viro um castiçal. - Rafael reclamou.

Alinhamento Milenar (Taegi)Onde histórias criam vida. Descubra agora