Capítulo I

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O sol nascia lentamente sobre as montanhas de Aeloria, derramando um brilho dourado que iluminava o reino de Valenor com uma beleza etérea. A luz da manhã revelava campos verdejantes que se estendiam até o horizonte, florestas densas onde árvores centenárias sussurravam histórias antigas e rios cristalinos que cortavam a terra como veias de prata. Valenor era um lugar de lendas e magia, onde o passado ainda sussurrava através das folhas e do vento.

No coração desse reino encantador erguia-se a cidade de Eldoria, um lugar de grandeza e história. Eldoria, com suas ruas pavimentadas de pedra, praças amplas e edifícios majestosos, era o centro pulsante de Valenor. Porém, por trás dessa fachada de esplendor, a sombra da opressão pairava pesada. O povo vivia sob o jugo implacável da Rainha Amara, cujo reinado era tão frio quanto as neves eternas das montanhas do norte.

No centro de Eldoria, dominando a paisagem, estava o castelo de Elenor. Suas torres esculpidas em pedra negra erguiam-se imponentes contra o céu, um símbolo de poder e controle. O castelo era magnífico, mas também uma prisão para aqueles que viviam sob a tirania da Rainha Amara. Seus salões eram decorados com tapeçarias ricas e obras de arte que contavam a história de conquistas e glórias passadas, todas ofuscadas pelo governo cruel da atual soberana.

Dentro dessas muralhas, a Rainha Amara caminhava pelos corredores, suas passadas ecoando com autoridade. Vestida com trajes opulentos feitos dos tecidos mais finos e adornada com joias raras, Amara exalava uma aura de poder absoluto e riqueza desmedida. Seu olhar era frio e calculista, e seus súditos tremiam ao seu simples olhar.

"Cavaleiro Arald," chamou a Rainha, sua voz clara e autoritária ressoando pelo salão do trono.

Arald, o capitão da guarda real, apressou-se a responder ao chamado. Ele se curvou profundamente ao se aproximar, mantendo os olhos fixos no chão. "Sim, minha Rainha," disse ele, tentando esconder o nervosismo na voz.

"Quero um relatório completo sobre a coleta de impostos nas aldeias do norte," ordenou Amara, seus olhos fixos em Arald com uma intensidade gelada. "Tenho ouvido murmúrios de insatisfação. Não tolerarei desobediência."

Arald levantou a cabeça apenas o suficiente para encontrar o olhar da Rainha. "Claro, Majestade," respondeu ele, a tensão evidente em seu rosto. "Tomaremos medidas imediatas para assegurar a ordem."

A Rainha acenou com a cabeça, dispensando-o com um gesto de mão. "E lembre-se, Arald," ela acrescentou, sua voz carregada de ameaça. "A lealdade é recompensada. A traição, punida."

"Sim, Majestade," repetiu Arald antes de sair apressadamente, o eco de seus passos desaparecendo pelo corredor.

Amara se recostou em seu trono de mármore negro, um sorriso frio brincando em seus lábios finos. Ela acreditava firmemente no poder da força e do medo para manter seu controle. Seus banquetes eram opulentos, regados a vinhos raros e iguarias exóticas, enquanto seu povo passava fome. "Eles nunca ousarão se rebelar," murmurava para si mesma, convencida de sua invulnerabilidade.

Do alto da torre mais alta, a Rainha observava Eldoria, seus olhos perscrutando as ruas onde os cidadãos se moviam com cuidado, evitando chamar atenção indesejada. As praças, antes repletas de vida e música, estavam agora silenciosas, uma sombra do que foram. As barracas dos comerciantes eram poucas, suas mercadorias escassas e caras, refletindo o peso insuportável dos impostos.

Nas tabernas e nos mercados, os sussurros de descontentamento começavam a crescer. "Lena," murmurou um dos comerciantes para o outro, seus olhos cheios de preocupação. "Ouvi dizer que a filha do ferreiro está se envolvendo com os revolucionários."

"Fale baixo," advertiu o outro, olhando nervosamente ao redor. "Os guardas da Rainha estão por toda parte. Se ouvirem isso, estamos perdidos."

Acima deles, nas alturas do castelo, Amara não ouvia os murmúrios dos descontentes. Ela via apenas o reflexo de seu próprio poder, acreditando que seu reino estava seguro sob sua mão de ferro. Mal sabia ela que, nas sombras de Valenor, uma chama de revolução começava a arder, alimentada pela desesperança e pela determinação de um povo cansado de ser oprimido.

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