Capítulo VIII

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O salão de reuniões do palácio estava repleto dos nobres mais poderosos de Valenor. A Rainha Amara, sentada em uma cadeira de ébano ornamentada, parecia uma figura de gélida determinação. Suas unhas batucavam ritmicamente no braço da cadeira, cada toque ecoando como um sinal da tensão crescente no ar.

“Eu convoco todos vocês aqui para resolver uma questão urgente,” declarou a Rainha Amara, sua voz firme. “Adrian e Lena conseguiram escapar. Isso é intolerável. Eu exijo que sejam trazidos de volta ao palácio para enfrentar a forca.”

Os nobres se entreolharam, nervosos. O Duque Renard, um homem alto e corpulento, levantou-se, sua expressão era de cautela e preocupação. “Majestade, com todo o respeito, sabemos que Adrian e Lena se refugiaram nas Montanhas de Thorne. A área é quase inacessível e qualquer tentativa de captura resultaria em uma guerra sangrenta. Além disso, temos os problemas internos do descontentamento do povo que precisam ser abordados.”

A Rainha Amara lançou um olhar gélido ao Duque Renard, seu desdém palpável. “Problemas internos?” ela repetiu com desprezo. “Eu não me importo com os descontentamentos triviais do povo. Eles são apenas peões no meu jogo. O que me importa é que Adrian e Lena sejam capturados e executados.”

Renard apertou os lábios, tentando manter a calma. “Majestade, entendo sua urgência, mas precisamos ser estratégicos. Uma investida precipitada nas montanhas pode resultar em perdas significativas e fortalecer a rebelião. Precisamos considerar todas as opções.”

A Rainha Amara levantou-se abruptamente, a fúria ardendo em seus olhos. “Eu não pedi sua opinião sobre estratégias, Duque. Pedi que eles sejam capturados. E quanto ao povo, elimine qualquer opositor da forma mais brutal possível. Mostre-lhes o que acontece quando desafiam a minha autoridade.”

O Duque Renard hesitou por um momento, seus olhos mostrando um brilho de ressentimento. Mas ele sabia que desafiar a Rainha abertamente não era uma opção segura. “Como desejar, Majestade,” disse ele finalmente, sua voz carregada de um mal disfarçado desdém. “Eu tomarei as medidas necessárias para lidar com os opositores e planejar a captura de Adrian e Lena.”

“Ótimo,” disse a Rainha Amara, voltando a se sentar com um semblante de satisfação cruel. “Não me decepcione, Duque Renard. Eu quero suas cabeças na minha mesa o mais rápido possível.”

Renard fez uma reverência rígida antes de se retirar, seus pensamentos fervilhando de frustração. Ele sabia que a missão seria perigosa e que a brutalidade contra o povo poderia causar uma revolta ainda maior. Mas sob o domínio de ferro da Rainha Amara, ele tinha pouca escolha.

Enquanto os nobres dispersavam, a Rainha Amara permanecia sentada, seu olhar fixo em um ponto distante. Sua mente estava trabalhando rapidamente, calculando cada movimento, cada passo necessário para esmagar a rebelião. Ela sabia que a chave para manter seu poder era a demonstração implacável de força e crueldade.

Na sua saída do salão, os nobres sussurravam entre si, conscientes da gravidade da situação. A decisão de Amara de eliminar brutalmente qualquer opositor interno estava destinada a alimentar as chamas da revolução. Mas a Rainha estava disposta a arriscar tudo para manter seu controle absoluto sobre Valenor.

O Duque Renard, ao caminhar pelos corredores do palácio, sentia o peso das ordens da Rainha em seus ombros. Ele sabia que a captura de Adrian e Lena seria um desafio monumental, mas também sabia que falhar não era uma opção. Com uma mistura de determinação e apreensão, ele se preparou para a tarefa hercúlea que estava por vir.

E assim, enquanto a noite caía sobre Valenor, o destino de Adrian e Lena estava mais incerto do que nunca. A sombra da Rainha Amara pairava sobre eles, implacável e cruel, mas a chama da resistência ainda queimava intensamente, alimentada pela esperança e coragem de seus líderes. A batalha pela alma de Valenor estava apenas começando, e cada movimento seria crucial na luta pelo futuro do reino.

A lua estava alta no céu quando Lena e Adrian chegaram à base rebelde, escondida nas profundezas das Montanhas de Thorne. A base, um aglomerado de cabanas rústicas e tendas camufladas, estava repleta de revolucionários, cujas faces mostravam uma mistura de determinação e cansaço. O som suave do vento soprando pelas árvores era a única companhia naquela noite tranquila.

Lena desceu de seu cavalo, ajudando Adrian, que ainda estava visivelmente abalado pelo que havia acontecido. Ela o guiou até uma fogueira onde alguns rebeldes estavam reunidos, oferecendo calor e um pouco de conforto após a longa jornada.

Adrian sentou-se ao lado de Lena, as chamas da fogueira iluminando seu rosto cansado e cheio de angústia. Ele olhou para ela, seus olhos azuis refletindo a dor e a confusão que sentia. “Obrigado, Lena. Eu... não sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido. Você salvou minha vida.”

Lena colocou a mão sobre a dele, apertando-a suavemente. “Adrian, eu faria qualquer coisa por você. Não posso imaginar o que está passando pela sua cabeça agora, mas estou aqui. Sempre estarei aqui.”

Adrian suspirou, sentindo a gratidão e a dor misturarem-se em seu coração. “Ela... minha mãe... ela realmente matou meu pai. Eu só tenho algumas lembranças de quando era criança, mas sempre achei que eram apenas sonhos ruins. Agora sei a verdade. O casamento deles foi apenas um acordo político. Nunca houve amor entre eles, e agora percebo que minha mãe só queria o poder.”

Lena ouviu atentamente, seus olhos cheios de compaixão. “Adrian, deve ser terrível descobrir algo assim. Você sempre buscou algo bom nela, alguma razão para acreditar que havia bondade em seu coração.”

Ele balançou a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto. “Eu sempre esperei que, de alguma forma, pudesse haver uma redenção. Mas, depois de hoje, sei que é impossível. Ela é uma tirana, e eu não posso mais ignorar isso. Tudo o que meu pai trabalhou para construir, ela destruiu com sua sede de poder.”

Lena puxou Adrian para mais perto, abraçando-o com força. “Adrian, você não está sozinho. Todos aqui acreditam em você e na causa pela qual estamos lutando. Seu pai ficaria orgulhoso de você, por se levantar contra a injustiça, por lutar pelo que é certo.”

Adrian se deixou afundar no abraço de Lena, sentindo uma sensação de alívio e apoio. “É difícil, Lena. Saber que a única família que me restava é a própria causa de tanta dor e sofrimento. E ainda assim, eu a amo de alguma forma, porque ela é minha mãe. Mas também sei que devo fazer o que é necessário para salvar nosso reino.”

Lena olhou nos olhos de Adrian, seus próprios olhos brilhando com lágrimas. “Adrian, você é mais forte do que pensa. E não está mais sozinho. Todos nós estamos com você nessa luta. Juntos, vamos derrubar a tirania da Rainha Amara e trazer a justiça de volta a Valenor.”

Os dois ficaram ali, em silêncio, sentindo a força um do outro enquanto a fogueira crepitava suavemente ao lado deles. Os outros rebeldes olhavam com respeito e solidariedade, sentindo a importância do momento. A dor e a tristeza de Adrian eram palpáveis, mas também era sua determinação em lutar por um futuro melhor.

Enquanto as estrelas brilhavam no céu acima, Lena e Adrian encontraram conforto um no outro, sabendo que, apesar de todas as adversidades, ainda havia esperança. A luta seria longa e árdua, mas com coragem e união, eles acreditavam que poderiam triunfar. E naquela noite, sob a luz das estrelas, um novo capítulo de sua jornada começou, marcado pela dor, mas também pela promessa de um amanhã melhor.

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