TWO

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As horas do dia passaram como um borrão. Cada segundo no relógio parecia um martírio interminável, meu corpo e mente ainda processando o encontro brutal no corredor. Evitei olhar para os outros alunos, mantendo minha cabeça baixa enquanto me deslocava de uma aula para outra, tentando não chamar atenção.

Finalmente, quando o último sino do dia tocou, peguei minhas coisas e saí rapidamente da sala. Dirigi-me ao estacionamento, ansiando pela segurança e conforto do meu carro. Desbloqueei as portas e me joguei no banco do motorista, respirando fundo e sentindo as lágrimas que eu tinha segurado durante todo o dia começarem a escorrer pelo meu rosto.

Liguei o carro e deixei a música preencher o silêncio, esperando que as melodias suaves ajudassem a acalmar meu coração acelerado. Peguei o caminho para casa, dirigindo mecanicamente enquanto minha mente se ocupava com os acontecimentos do dia e a promessa de sair à noite com Jack e Lucas.

Quando cheguei em casa, meus pais já estavam lá. Minha mãe estava na cozinha preparando o jantar e meu pai estava sentado na sala lendo o jornal. — Oi, querida, — minha mãe disse com um sorriso acolhedor. — Como foi seu dia?

— Engoli em seco, tentando não deixar transparecer a dor e a frustração que ainda me atormentavam. — Foi... foi tudo bem, — menti, forçando um sorriso.

— Ótimo. O jantar estará pronto em meia hora. Você tem alguma coisa planejada para hoje à noite?, — ela perguntou enquanto mexia uma panela no fogão.

— Sim, vou sair com Jack e Lucas mais tarde, — respondi, tentando soar animada. Subi as escadas para o meu quarto, deixando minha mochila no chão e jogando-me na cama. Precisava de um momento para mim, um tempo para processar tudo o que tinha acontecido antes de enfrentar o mundo novamente.

Depois de alguns minutos, decidi me levantar e me preparar para a noite. Dirigi-me ao banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo e lavar a tensão do dia. Fiquei ali por alguns minutos, deixando que o vapor e o calor aliviassem minha mente e corpo cansados.

Enquanto a água caía, pensei sobre os eventos do dia e sobre como a noite com Jack e Lucas poderia ser uma oportunidade para escapar, mesmo que por algumas horas, das dificuldades que eu enfrentava na escola.

Depois do banho, me enxuguei e escolhi uma roupa que refletisse minha vontade de me sentir poderosa e confiante: um body preto, uma saia curta colada com uma fenda na lateral, e uma jaqueta de couro. Refiz minha maquiagem, escondendo as evidências das lágrimas que tinha derramado, e passei uma escova pelos cabelos, deixando-os soltos.

Quando o jantar estava sendo servido, desci para me juntar à minha família à mesa. As conversas eram leves e casuais, e eu tentava participar, embora minha mente ainda estivesse distante. Meu irmão Lucas percebeu meu estado de espírito e me lançou um olhar questionador, mas não disse nada.

Depois do jantar, subi novamente ao meu quarto para pegar minhas coisas. Jack e Lucas já me esperavam na entrada quando desci. — Pronta para ir?, — Jack perguntou com um sorriso encorajador.

— Sim, pronta, — respondi, tentando espelhar seu entusiasmo. Saímos de casa e entramos no carro de Jack, a adrenalina começando a substituir a tristeza e o medo que tinham me consumido durante o dia.

Enquanto dirigíamos pelas ruas da cidade, a sensação de liberdade e excitação crescia dentro de mim. As luzes da cidade passavam rapidamente pelas janelas, e eu podia sentir o pulso da noite nascendo ao nosso redor. Estava pronta para me perder nas corridas, nas velocidades, e na camaradagem que vinha com esse mundo secreto e perigoso.

Chegamos ao local onde as corridas aconteciam, um lugar escondido longe dos olhares da polícia e dos cidadãos curiosos. O som dos motores roncando e o cheiro de borracha queimada enchiam o ar, criando uma atmosfera carregada de energia e antecipação.

Ruas em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora