FOUR

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JACK

Fiquei ali, sentindo uma pontada de preocupação crescer em meu peito. Conhecia Mia desde que éramos crianças e podia ver que ela estava escondendo algo. Lucas voltou a se sentar ao meu lado, ainda preocupado.

— Ela não parece bem, Jack, — Lucas comentou, olhando para mim.

— Eu sei, — respondi, tentando pensar no que poderíamos fazer. — Talvez ela só precise de um tempo. Às vezes, as coisas podem ser difíceis de lidar.

Lucas assentiu, mas eu sabia que ele estava tão preocupado quanto eu. Embora sempre tentasse manter uma fachada dura e indiferente, não podia deixar de me importar com Mia. Ela sempre foi como uma irmã mais nova para mim, e ver aquele olhar triste nos olhos dela me incomodava mais do que eu queria admitir.

Levantei-me do sofá, esfregando a nuca como se estivesse tentando aliviar alguma tensão invisível.

— Vou ao banheiro, — disse, tentando soar casual. Lucas apenas assentiu novamente, mergulhado em seus próprios pensamentos.

Caminhei pelo corredor, mas em vez de virar para o banheiro, continuei em direção ao quarto de Mia. Parei em frente à porta fechada e respirei fundo, hesitando por um momento antes de bater suavemente.

— Mia, posso entrar? — perguntei, tentando não parecer invasivo.

Houve um silêncio do outro lado da porta antes de ouvir um murmúrio baixo, quase inaudível.

— Entra, — ela respondeu, sua voz abafada.

Girei a maçaneta e entrei no quarto, encontrando Mia deitada na cama, encolhida sob as cobertas. Seus olhos vermelhos e inchados indicavam que ela havia chorado. Ela tentou se sentar, mas eu levantei a mão para impedi-la.

— Não precisa se levantar, — disse, fechando a porta atrás de mim. — Só queria ver como você está.

Mia suspirou, puxando as cobertas mais perto de si.

— Já disse que estou bem, Jack. Só um dia ruim, — repetiu, mas o tremor em sua voz dizia o contrário.

Aproximei-me da cama e me sentei na beirada, observando-a atentamente.

— Mia, sei que não sou o melhor em lidar com essas coisas, mas posso ver que algo está realmente te incomodando. Você pode me contar, sabe disso, não é? — Falei com mais suavidade do que normalmente usava, esperando que ela percebesse que eu realmente queria ajudar.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, uma expressão que sempre fazia quando estava tentando conter as lágrimas.

— Eu... eu só estou cansada de tudo, Jack. Da escola, das pessoas... de como elas me tratam, — finalmente admitiu, a voz quebrando no final.

— Bullying? — perguntei, sentindo um nó se formar no meu estômago.

Ela assentiu lentamente, lágrimas rolando por suas bochechas.

— Eles não me deixam em paz. Cada dia é uma luta, e hoje foi especialmente ruim. Eu só precisava de um tempo sozinha.

Minha raiva começou a crescer, mas eu a mantive sob controle. O que eu queria era resolver aquilo do meu jeito, mas sabia que isso só complicaria as coisas para Mia.

— Eu sinto muito por isso, Mia. Ninguém deveria passar por isso, — falei, estendendo a mão e segurando a dela. — Se você precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, eu estou aqui. Não precisa enfrentar isso sozinha.

Ela apertou minha mão, e eu senti um pouco da tensão em seus ombros diminuir.

— Obrigada, Jack. De verdade.

Ruas em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora