III

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No capítulo anterior, a leitora teve acesso a um trecho de um dos cadernos do Dr. P. Você deve ter percebido que aquilo não poderia ter sido escrito por mim. “Pênis”, “ânus”, “genitália” e todas as outras formalidades, tudo ao estilo do Dr. P. O que dizer da metáfora do Davi de Michelangelo?! Na minha adolescência, eu teria comparado I. ao Reynaldo Gianecchini, comendo a Vera Fischer e a Carolina Dieckmann em Laços de Família – lembro de ver a novela e planejar o ménage entre esses três… Outros elementos de estilo que elegi são pura cópia de Dr. P., como não revelar os nomes das personagens, utilizando apenas iniciais.

Voltando a I., a comparação com Enrique Iglesias era mais do que justa. Ele chegou a fazer cover do Iglesias em algumas festas de 15 anos e despedidas de solteira, coisa que ele negaria até a morte.

Perdão, leitora, porque divago com facilidade. Desde a Covid me sinto assim, com um TDAH adquirido tardiamente. Enfim, deve querer saber a leitora quem é Dr. P. e quem é I. Por que, dentre as várias páginas dos cadernos e os mais de 300 homens com os quais o sexo foi descrito por Dr. P., eu escolheria justamente a página do dia 02 de novembro de 1996? 

É que todas as minhas memórias não caberiam aqui, neste único volume. Como um editor, eu tive que me limitar a um certo número de personagens e tive que selecionar uma série específica de acontecimentos que me ocorreram e que, aqui, eu devo fazer parecer que foram tais acontecimentos que me tornaram quem eu sou.

Dr. P. e I. são então essas pessoas. Se, na vida, tivesse eu encontrado outros sujeitos, certamente o zodíaco seria insuficiente para dizer quem sou eu. Foram eles, Dr. P. e I., foi o contato de suas existências com a minha e a interação de nossas existências que me tornaram G.

Bem, vamos pôr ordem nisto aqui: primeiro apresento Dr. P. Depois, I.

Memórias de um GPOnde histórias criam vida. Descubra agora