MAD - n.h

Capítulo Dois

Acordei com dores na cabeça, já era noite. Pelo menos não tive que almoçar.
"Cassandra? Vim te trazer o jantar, querida. Você perdeu a hora do jantar, mas eu guardei para você." Wilson explicou-se enquanto abria a porta de ferro que me separava do corredor  e colocava o jantar na mesinha de cabeçeira. Ele continuou falando, sabia que eu não iria responder.
"Você está bem? Lamento pelo oque aconteceu esta manhã. Sabia que o novo paciente traria problemas, só não imaginei que tão cedo. Bem, eu já vou indo, bebê. Te vejo amanhã, Cassandra."
Ele pensa que eu sou louca. Eu não sou. Ele pensa que eu irei jantar. Eu não vou. Ele não sabe nada sobre mim e nem vai saber. Não confio nele e nem nunca vou confiar.
Fitei o teto infiltrado e suspirei. Minha vizinha de cela já havia voltado e falava com as paredes. No fim do corredor, alguém chorava. Era muitos barulhos pra mim. Querem me deixar louca. Todos eles.
Senti um aperto na minha garganta, como se quisessem me matar. Olhei em volta, não tinha ninguém. O aperto se intensificou e perdi o ar. Meu coração acelerou e minha respiração ficou escassa, não conseguia me mover. Alguém estava tentando me matar, querem que eu pense que sou louca. Eu não sou louca, isso é real. Não é uma alucinação!
Deixei um último suspiro sair entre meus lábios abertos enquanto lágrimas desciam. Eu estava em pânico.
Assim como veio, a sensação foi embora; de repente. Respirei todo ar que pude de uma só vez, ainda estava em pânico. Olhei em volta outra vez, ninguém entrou aqui. Eu sou louca? Não! Não sou! Eu senti, era real.

    

Aqui estou eu de novo. No refeitório.
Miller não olhou pra mim enquanto eu me sentava. Não me importei.
"Olá." O novato sorriu pra mim e um arrepio subiu pelas minhas costas. Não respondi. Eles são todos loucos e eu não sou.
"Cassie? Me desculpa." Miller sorriu e eu fechei os olhos. Não quero estar aqui.
"Não falas, princesa?" Niall insistiu e fechei os olhos com mais força.
"Não percebeu ainda? Não! Ela não fala! Ela é louca, igual a vocês!" Peter disse com seu tom de voz baixo.
Ela é louca... não sou, não sou. As palavras de Peter me deram dor de cabeça, eu não sou louca.
"Ela não é louca!" O novato disse irritado e eu vomitei. Não sou louca! Não sou!
Uma das enfermeiras correu até mim e me levou ao banheiro. Ela não é louca... Aquela conversa me fez vomitar. Odeio eles. Um por um, todos! Não sou como Peter, a palavra louca me dá nojo. Ele sente raiva. Ele é louco. Eu não sou.
"Quer um remédio?" A enfermeira mais velha perguntou.
"Não... não quero." Respondi baixinho.
Quando voltei ao refeitório ela me fez tomar o remédio mesmo assim. Bônus meu, escapei de mais um café da manhã. Quanto tempo irei sobreviver aqui?

    

   

  

Encarei o meu almoço. Frango e batata doce. Despresível.
"Olá, de novo." Ele se sentou do meu lado e eu me encolhi. Não queria falar com ele.
"Olha, não precisa ter medo. Fala comigo!" Insistiu.
Mordi o interior da minha bochecha, não quero perder o controle.
"Oque eu tenho de errado?" Perguntou sorrindo.
"Eu não mereço conversar com a madame?"
Contive o suspiro. Não! Não! Não quero falar com nenhum louco.

A cada dia que passa, isso fica pior. A vida me tira mais um pedaço de sanidade, no momento só quero ser livre. Não suporto mais esse manicômio de bosta.

"Deixe ela em paz!" Miller se sentou na mesa.

"Ah, o pobre maluquinho! Olá pra tu!" O rapaz  tinha um tom de voz bem humorado.

"Eu sei oque você fez!" Miller afirmou baixo e logo em seguida tampou os dois ouvidos e fechou os olhos. Ele se contraiu na cadeira e começou a se balançar pra frente e pra trás.

"Ridículo." Cochichei para mim mesma e o louco ao meu lado me colocou sobre o seu olhar intenso.

"Você acabou de dizer algo? Ou eu estou errado?" Ele disse antes de se aproximar mais de mim, como se não quissese perder minhas proximas palavras.

Olhei para os meus dedos depositados em meu colo, por que ele insiste em falar comigo?

"Acho que estou ficando louco, afinal..." Murmurou antes de se levantar e sair, me deixando assim respirar.