Capítulo Sete.

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"Olá, linda." Enfermeiro Wilson me cumprimentou quando entrei na Sala de Recreação B.
Com um gentil sorriso, ele me entregou o material artístico.
"Chegou a Nuvem Negra." Niall exclamou ao entrar na sala. Que babaca!
Molhei o pincel na tinta amarelo-canário e tracei no quadro ainda em branco posto sobre o cavalete. Hoje me sinto assim, esperançosa e excitada com a possibilidade. Me sinto num amarelo vivo. Continuei o meu trabalho com os dois tons de amarelo que encontrei na sala apertada, e me virei quando percebi alguém bem perto de mim.
"É um belo trabalho." Wilson sorriu e eu assenti silenciosamente.
"Não seria melhor adicionar alguma outra cor?" Ele sugeriu olhando para o meu rosto. Encarei meu desenho, e o deixando sem resposta retomei a pintura amarela. O abstrato que eu criava ali combinava com o abstrato da minha mente, e fazendo ali a minha arte, o meu coração se encheu de uma emoção quente e confortável.


"Está ruim. Não tem técnica nenhuma!" Niall criticou ao parar ao meu lado. Neguei com a cabeça, Quem ele pensa que é? Não se trata de habilidades mas de sentimentos, disso eu tenho certeza.
"E caso você seja dautônica, me deixe te dizer que só tem uma cor aí!" Ele disse e saiu. Você que é dautônico, imbecil. Eu usei dois tons diferentes.
"É legal." A mulher careca e rechonchuda ao meu lado consolou. Tentei forçar um sorriso retribuinte e assinei o meu quadro. Está pronto.



"Barry voltou. Barry voltou. Barry voltou." Miller choramingava para Tyler no jantar. Meu corpo se endureceu ao perceber as palavras. Oquê? Não!

Miller está louco, sim, ele está.

A pessoa mais louca de todo esse hospital voltou, e o pior de tudo é que ao contrário de mim ele não era um paciente. Ele era o psiquiatra responsável por todos os pacientes de Cane Hill. Responsável por mim... desde o ínicio.

Com voltas grotescas no meu estômago tentei engolir o assado. Estava seco e frio. O refeitório estava mais quieto que o normal, o medo transparecia no rosto de todos, inclusive eu, imagino. Niall estava absorto ao que estava acontecendo ao seu redor e nesse milésimo de segundo senti pena dele. Ele era só mais um mísero inseto preso na teia de aranha de Barry. A próxima presa de um vilão sem remorsos. Mas talvez eu esteja errada, de um outro ângulo posso ver os dois sendo bons amigos.




MAD - n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora