Capítulo Três.

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Minha respiração acelerada me traía. Os passos do meu perseguidor eram cada vez mais altos no corredor frio. Logo ele encontraria meu quarto, e uma vez dentro do mesmo, eu não teria como escapar. Pensei que ele não me encontraria nesse hospício mas estava enganada, ele me perseguiu fora dele e agora me perseguiria aqui. Tentei encontrar algo para usar como arma no meu quarto branco e sujo, mas não havia nada além da cama e da mesinha de cabeceira. Eu estava perdida. A minha visão embaçada pelas lágrimas de desespero não me ajudavam encontrar uma escapatória, qualquer uma. Olhei para o meu espelho de mão na mesinha. Talvez eu tivesse algum tempo para fazer dele uma arma? Senti a sua presença na porta do meu quarto e estremeci. Ele iria entrar. Droga. Droga.

"Socorro! Socorro! Ele vai me matar! Me ajudem! Por favor!" Me encolhi numa bola no chão frio enquanto gritava. Não sei dizer quanto tempo se passou até que a porta pesada se abrisse.

Olhei perplexa para a entrada da minha cela enquanto enfermeiros entravam. Ele não estava ali, onde estaria então? Teria fugido?

"Leve ela ao Dr.Uber! Acho que se trata de um surto psicótico!" Continuei gritando, ele estava solto nos corredores do hospital e iria me matar.

"Cale a boca, sua vadiazinha!" Uma das enfermeiras me estapeou forte.

Cheguei no consultório do Dr.Uber com o nariz sangrando por ter desacatado todas as ordens de me manter em silêncio.

"Doutor! Por favor, não posso ficar aqui!" Pedi me ajoelhando e um enfermeiro socou minha cara com força.

"Pare de gritar! Você está tendo um surto!" Ele berrou na minha cara e me tirou do chão.

"Por favor, Doutor Uber! É real! Dessa vez é real! Eu ouvi! Ele está aqui dentro! Ele vai me matar!"

"Sedem ela." O Dr. anunciou.

"Não! Não é uma alucinação, não é! Estou dizendo a verdade, ele veio atrás de mim! Doutor, por favor, tem que acreditar em mim!" Berrei lutando contra os enfermeiros mas era inútil. Senti minha força vital se esvairando enquanto mais uma vez perdia minha consciência sob o efeito das mesmas drogas.


Pisquei mais uma vez para o teto cinza amarelado, que uma vez poderia ter sido branco. As vozes secundárias a minha volta faziam minha cabeça doer mais. Eu sabia onde eu estava, Hospital Interno de Cane Hill.
"Olha quem acordou..." Dr.Uber se aproximou da cama com sua postura ereta. Engoli em seco. Não me lembro porque vim para cá.
"Você teve outro surto psicótico, caso não se lembre." Ele murmurou enquanto testava meus reflexos. Uma imagem de eu mesma com o nariz sangrando no consultório do Dr. Uber me veio a mente e eu gemi. Parecia que minha cabeça ia explodir.
"Minha cabeça dói." Murmurei.
"Infelizmente pra você, Senhorita Williams os nossos sedativos não são os melhores." Ele riu.
"Mais alguma dor?" O Doutor perguntou cético.
"Meu nariz e minha bochecha estão doloridos." Reclamei. A dor se alastrava por todo o meu corpo, mas preferi me reter ao ferimentos mais importantes.
"Uh, claro. Vou falar com as enfermeiras sobre isso." Disse antes de se afastar e caminhar entre os leitos do hospital até a sua sala no final do corredor.
Me sentei com dificuldade e olhei em volta. Não havia nada que separesse os leitos do hospital, nem mesmo um lençol. Parecia algo improvisado, e talvez fosse. No lado oposto do consultório havia duas portas brancas maiores que era por onde os pacientes chegavam.
Olhei meu vizinho de leito, ele estava cheio de arranhões, e eu suspeito que foram feitos por ele mesmo. Na outra ponta, distante de mim, uma mulher idosa respirava com a ajuda de aparelhos.
Respirei fundo deixando o odor de álcool e mofo entrar nos meus pulmões. Odeio minha vida. Odeio tudo isso, odeio mesmo.
Fechei os olhos e tentei miseravelmente adormecer enquanto flashs da noite passada me atingiam se encaixando lentamente até que minha memória estivesse completa. Quando isso aconteceu, um arrepio gelado desceu pela minha espinha. Ele está aqui!

MAD - n.hOnde histórias criam vida. Descubra agora