𝗣𝗿𝗼́𝗹𝗼𝗴𝗼

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𝖭𝖺𝗋𝗋𝖺𝖽𝗈𝗋𝖺

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É uma noite fria e o dia havia sido longo e cansativo, então não é de se estranhar que Rayna havia ficado irritada ao ouvir as batidas na porta tão tarde da noite. Ela abre a porta de supetão, implorando pra que seja lá o que queriam com ela fosse rápido, mas se surpreende ao ver a entrada da casa vazia, até ouvir um choro

Seus olhos baixam para o chão de sua porta, onde há um bebê enrolado em lençóis sujos de sangue, notoriamente ele havia acabado de nascer, a julgar pelo sangue e por seu tamanho. Quem faria uma coisa dessas?

Ela se abaixa, pegando a criança e a balançando em seus braços enquanto olha ao redor de sua casa, a procura de quem poderia ter abandonado o bebê, mas não vê nada além da escuridão da floresta.

-Quem deixaria você aqui, bebezinho? -pergunta balançando a criança em uma tentativa de a acalmar

Então ela entra, fechando a porta atrás de si e andando até a pequena cozinha. Ela coloca o bebê com todo cuidado em cima da mesa e enche o pequeno caldeirão com água, levando até a lareira na sala e pendurando no suporte

Voltando para a cozinha, a morena pega umas folhas de camomila e joga no maior balde de madeira que tinha em casa, e logo em seguida enchendo o balde com água o suficiente para dar um banho rápido na criança e volta até a lareira, tirando a água já quente dali e despejando no balde

-Que tal um banho, sim? -fala com a criança que não para de chorar- uma menina -sussurra para si mesma, depois de tirar o lençol da criança- vai te deixar mais calma

É o que diz enquanto mergulha a criança no balde e imediatamente, a pequena para de chorar e assim fica durante todo o banho, em silêncio, em uma paz admirável

-Não tenho nada para você vestir, lindinha -diz entrando em seu quarto

Ela aconchega o bebê em cima da cama e começa a vasculhar seu baú

-Isso deve servir pelo menos por essa noite -diz enrolando a bebê em vários lençóis- amanhã eu costuro algo para você. Agora, o que eu vou te dar para comer?

A mulher anda até a cozinha, procurando pelo restinho de leite que havia sobrado da janta e põe pra esquentar e em seguida, busca a bebê no quarto e se aconchega na cadeira de madeira em frente ao fogo com ela em seus braços

-Quem abandonaria uma bebê tão lindinha como você? -sussurra fazendo carinho nas bochechas magrinhas e coradas da recém nascida

Com o passar da noite as coisas já estavam mais calmas na pequena casa de Rayna Stoev, causando uma tranquilidade para a morena, que podia aproveitar para pensar no que iria fazer com esse bebê

Se ela aparecesse com a criança, o que iriam pensar? Não tem como acharem que ela estava grávida, já que ela não era casada e muito menos aparecera na vila com um barrigão. E se a entregasse para as freiras? Elas certamente teriam melhor capacidade de cria-la

Mas então seus olhos baixam para o pequeno embrulho em seus braços e a ideia vai embora. Naquele momento ela decidiu que iria ficar com a criança e cuidar dela, para quem perguntasse, a mãe dela era uma prima de outra vila que havia falecido e a pediu para cuidar da criança, resolvido

Na manhã seguinte acordou bem cedo, ferveu o leite e utilizou uns lençóis que não usava para costurar algumas roupas para a bebê

-Como irei te chamar? -pergunta vestindo o vestido na criança, que dormia tranquilamente, sem ligar para os movimentos que a mulher fazia para vestir sua roupinha

Ela olhou pela janela, vendo o tempo nublado, já havia chegado o inverno então precisava se abastecer para ficar dias sem sair de casa

-Amaya é um nome bonito, não acha?

A menininha abre os olhos, devagarinho, acordando de sua soneca e abre um pouco a boca, bocejando e dando um meio sorriso que somente os recém nascidos sabem dar

-Gostou? Então é esse é seu nome a partir de agora -a morena faz carinho nas bochechas dela- Amaya Stoev, bem vinda a minha problemática família, princesinha

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-Feliz aniversário, minha princesa -a mais velha fala colocando um bolo de cenoura em sua frente

-Obrigada, mamãe! -diz meio desanimada

-Por que essa tristeza? Você ama seu aniversário -fala se sentando ao seu lado

-Quando eu vou conseguir fazer as coisas que você faz? -pergunta

Rayna encara a filha, sem saber como responder. Sua família vem de uma longa linhagem de bruxas e não é atoa que a garotinha estava doida para começar a aprender uns feitiços. Mas como faria para explicar que ela não fazia parte da sua família? Que ela não era sua filha de sangue

-Em breve, meu amor -é a única coisa que ela responde, porque ainda não sabe como contar a verdade

A menina logo se anima e inicia uma conversa animada sobre o que aprendeu na cozinha da casa do nobre que a mãe trabalha. Mas Rayna nem consegue prestar atenção, os pensamentos girando em torno da verdadeira mãe de sua filha

Porquê ela havia a abandonado? Quem ela é? Será que algum dia voltaria para busca-la? Se voltasse, ela não tinha certeza se deixaria a criança ir embora. Afinal de contas, ela é sua filha agora, ela a criou e a amou com todo o coração e então, independente de sangue, ela havia a criado desde seu primeiro dia de vida, passou por diversas situações difíceis e se esforça todos os dias para dá-la o melhor e criá-la da melhor forma

E então, fez uma promessa mentalmente, ninguém nunca tiraria sua filha, nem por cima do seu cadáver
 















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𝗜𝗡𝗩𝗜𝗦𝗜𝗕𝗟𝗘 𝗦𝗧𝗥𝗜𝗡𝗚 - 𝗞𝗹𝗮𝘂𝘀 𝗠𝗶𝗸𝗮𝗲𝗹𝘀𝗼𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora