Ano 1017, depois da Grande Conquista.Caravelas. Ele contou sete embarcações no total, três delas atracadas no porto. Homens se moviam com rapidez, desembarcando diversas mercadorias, pilhas e pilhas de caixotes enfileirados. Pela distância, seria impossível ouvir o que os marinheiros e mercadores diziam, mas Tamaki podia imaginar seus gritos, a euforia dos tripulantes por finalmente estarem em terra firme e até mesmo o som do tilintar dos copos cheios da cidra amarga trazida nos barris. Permanece sereno, imperturbável enquanto observava a movimentação dos navios e o balançar das ondas.
Tochas foram erguidas para iluminar a margem antes que a noite cobrisse o céu.
Por mais de uma hora ele se manteve preso pela agitação da costa marítima.
— Com licença, senhor.
Ouviu o chamado de uma de suas aias.
— Sim? — respondeu sem tirar os olhos do porto.
— O jantar vai ser servido em breve. Lorde Amajiki solicita a sua presença.
O corpo de Tamaki não se moveu, seus braços apoiados sobre mureta de pedras. Dos inúmeros lugares daquela fortaleza, a torre leste era a que continha a vista mais privilegiada.
— Eles parecem ainda menores. — Estreitou os olhos.
— O que disse, senhor? — perguntou a jovem beta, confusa.
O ômega se virou, recebendo uma breve reverência em troca.
— Não é nada. — Ele sorriu. — Avise ao meu pai que estarei presente. Obrigado, Asui.
Tamaki deixou o terraço no minuto seguinte, caminhando de volta para o seu quarto. Longe do vento gelado ele pôde tirar o manto que o cobria; vestia roupas mais leves e confortáveis por baixo. O interior do cômodo estava aquecido.
Do lado de fora, a chegada de seu pai havia causado certo alvoroço. Os empregados corriam para atender a companhia do Lorde Amajiki, soldados famintos e cansados da viagem.
Percebendo o avançar da hora, Tamaki gastou alguns minutos para pentear os cabelos e colocá-los em ordem. Asui apareceu em seus aposentos para ajudá-lo a se aprontar após passar o recado para o mordomo da casa, mas já era tarde demais. Dedos ágeis foram rápidos em trançar as duas laterais das madeixas rebeldes, juntando cada ponta para prender os fios soltos que restavam. A beta suspirou e balançou a cabeça, se dando por vencida. A rotina era tão costumeira para o ômega que ele sequer olhava para o próprio reflexo no espelho. Antes de sair, sorriu de forma culpada para a aia.
Ele desceu as escadarias.
O aroma agridoce que se espalhava pela sala de jantar atingiu o nariz de Tamaki. Frutas e especiarias moídas, carne cozida em brasa e vinho, o último sendo um item difícil de se produzir no solo congelado de Hadar, que nevava a maior parte do ano.
— Não estamos atrasadas, Eri. — Uma garota de cabelos tão escuros quanto os seus atravessou as portas do salão. — Viu só?
O moreno inclinou a cabeça e a pequena filhote também apareceu em seu campo de visão, de braços cruzados e com um enorme bico nos lábios.
— Mas quase, por sua causa. — Eri, a caçula da família, apontou o indicador para a irmã mais velha.
— Não fique por aí dizendo besteiras, papai não chegou ainda. — Kyoka se moveu, indo em direção à mesa. — E eu não pedi para você me esperar, sua criança chorona.
As bochechas de Eri se inflaram, ganhando alguns tons de rosa. Antes que ela pudesse rebater e transformar aquilo numa discussão sem fim, Tamaki se adiantou.
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Favo de Mel | miritama
Fiksi PenggemarEm uma terra gélida, onde os lobos andavam entre os homens, Mirio Togata nunca quis riquezas para si, posses ou fama, muito menos ocupar o lugar de seu irmão mais velho como futuro líder, mas o inverno do Reino do Norte provaria ao alfa que seu dest...