Capítulo 5

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Três anos atrás…

O relógio da parede parecia ecoar cada segundo em meu quarto, enquanto eu debatia internamente a decisão que estava prestes a tomar. Encontrar-me com Ivarsen era arriscado, e eu não tinha certeza se queria me envolver com ele. 

Ele era mais velho que eu, filho do melhor amigo do meu pai, nós nos conhecíamos desde crianças e eu sabia que ele era inconsequente. No entanto, uma inquietação persistente revirava meu estômago, sugerindo que algo maior estava em jogo.

Uma súbita sensação de que algo estava errado percorreu meu corpo. Um rangido distante, um som fora do lugar, me fez ficar alerta. Meus sentidos aguçaram-se, e a escuridão do quarto pareceu mais densa. O medo entrou como uma sombra silenciosa, fazendo-me reprimir a respiração.

Os minutos arrastavam-se, e cada som mínimo aumentava minha tensão. Poderia ser um ladrão? Um sequestrador? Meu coração acelerou, e as possibilidades de perigo surgiram em minha mente já que nossa família sempre correu riscos.

Decidi verificar, movendo-me com cuidado em direção à porta que levava até a sacada do quarto. Cada passo era cauteloso, e o silêncio pairava sobre a casa como uma ameaça. Ao chegar do lado de fora, meus olhos vasculharam as sombras do jardim, buscando qualquer sinal de intrusos.

Foi quando vi um vulto no canto da sacada. Um arrepio percorreu minha espinha, e a adrenalina disparou. Instintivamente, preparei-me para gritar, mas a figura emergiu da escuridão.

Antes que eu pudesse gritar, ele tampou minha boca com a mão. Seus olhos, intensos e penetrantes, fitaram os meus.

— Shhhh. Não precisa gritar. — ele sussurrou, a voz calma, mas seus olhos carregavam a intensidade da situação.

Meu coração continuava a martelar enquanto eu o encarava. Como ele havia chegado aqui sem ser notado pelos seguranças? — Ivarsen, o que você está fazendo aqui? Como entrou? — disse tirando a mão dele da minha boca.

Ele sorriu, como se essa invasão fosse apenas parte de um plano cuidadosamente arquitetado.

— Digamos que eu tenho minhas maneiras. Não é a primeira vez que faço isso.

— Espere aí, você já fez isso antes? Invadiu minha casa? — que porra ele queria dizer com isso?

Seu sorriso misterioso persistia, desafiador.

— Digamos que eu sei mais sobre você do que imagina. Algumas coisas não precisam ser ditas, apenas descobertas.

A resposta dele só intensificou minha raiva. Como ele conseguia manter esse ar superior, como se estivesse no controle de tudo? 

— Está querendo dizer que eu deveria confiar em você? — questionei.

— Confiança é relativa, Jones. Às vezes, o certo está na incerteza. — ele respondeu.

Ele sabia o que ele estava fazendo. Meu silêncio tornou-se cúmplice enquanto seguia Ivarsen pelo jardim, chegando ao Ford Mustang preto que estava a alguns metros da minha casa. 

Ao adentrar o carro, meus olhos examinaram cada detalhe. Seu modo de dirigir, os músculos rígidos de seus braços, o rosto focado na estrada. 

O aroma inconfundível do perfume dele impregnava o carro. Passei a questionar se ele tinha se arrumado especificamente para esse encontro ou se era apenas o vestígio de sua presença constante naquele carro.

Ao fitar o espelho retrovisor, meus olhos se fixaram em uma corrente elegante, adornada por um anel que ostentava com orgulho o brasão da irmandade das nossas famílias. Aquele símbolo, já era familiar para mim. Meus pais e cada um de seus amigos possuíam uma jóia com aquele símbolo. Contudo, a presença dele no carro de Ivarsen, me fez questionar se aquilo indicava uma espécie de iniciação à qual eu ainda não havia sido submetida e ele já.

Conviction | Série Devil's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora