Capítulo II.

77 10 17
                                    

Alguns dias após a chegada dos Ackermans nas terras Jaeger, a paz de Levi foi tirada no momento em que sua mãe abriu a porta de seus aposentos com uma postura autoritária que o fez revirar os olhos. Desencostou da sacada que estava, voltando para dentro do grande cômodo.

— Minha privacidade pulou pela janela em meu lugar? — O sarcasmo evidente fez Kuchel bufar.

— As pessoas estão comentando, Levi! Seu dever é ao menos fingir. — Ela gesticulou na direção da porta, Levi deu de ombros.

— O que quer dizer com fingir, mamãe? — Parou na frente de um grande espelho e apertou o corset preto que estava por cima de sua camisa branca. — Eu sou o que sou.

— Ao menos mostre que também tem interesse por atividades masculinas, oras! — Ela o observou antes de continuar. — Do que achou que eu estava falando?

Levi a encarou e ajustou as botas pretas nos pés, sabendo que aquela luta estaria perdida. Sua mãe não cederia naquele momento, tinha certeza disso.

— Tanto faz. — Deu de ombros mais uma vez. — Irei ao treinamento de recrutas, se é o que deseja.

— O quê?!

— Não foi o que você disse? Atividades masculinas. — Ajustou o cabelo no espelho, encarando-a pelo reflexo. — Meu futuro cunhado disse que está treinando novatos que acabaram de debutar. — O sarcasmo estava lá, a rainha notou. — É uma bela oportunidade para fazer teatro de cunhados que se adoram e toda besteira de família reunida e sem conflitos.

Kuchel estreitou os olhos.

— Não cause problemas.

Levi riu, se virando e caminhando pelo quarto, abrindo a porta em seguida.

— Palavras erradas, mamãe. — Ele a encarou em desafio, um brilho perigoso passando pelos olhos de chumbo. — Eu sou o problema.

Chegar ao campo de treinamento debaixo do sol foi a pior parte para Levi, mesmo indo até lá a cavalo sentia o mormaço passar por suas vestes. Mesmo que seu corpo estivesse fresco pelo banho recente, sentia que logo estaria suado.

Sua chegada chamou a atenção de todos os presentes, até mesmo Eren parou com o ensinamento de combate com espadas que aplicava juntamente com um soldado loiro.

— Alteza... — Eren nem conteve a surpresa ao ver Levi ali, o olhar entediado do outro não expressava nem um pingo de surpresa. — Bem vindo. Veio se juntar a nós?

— Sim, alteza, vim observar o treinamento dos recrutas. — Falou com os braços cruzados, vendo como todos o encaravam como se estivesse com merda na cara. — Afinal, durante cada jantar em que estivemos vangloriou-se ridiculamente sobre eles.

— É uma honra conhecê-lo finalmente, alteza. — Um outro soldado loiro de olhos azuis se aproximou. — Sou o mestre de campo do exército de vossa majestade, mas pode me chamar apenas de Armin.

— Ele é nosso maior estrategista, ganhamos muitas guerras por ter um cérebro como o dele nos guiando. — O soldado que até então estava com Eren se aproximou, fazendo Levi erguer o rosto para encará-lo. — Sou o capitão Braun.

— Afaste-se de vossa alteza, Reiner, não queremos afugentá-lo. — Uma loira soou sarcástica, cruzando os braços. — Sou a tenente Leonarth, Annie Leonarth. Presumo que este não seja um lugar apropriado para um príncipe como o senhor frequentar.

Levi estreitou os olhos, principalmente ao ouvir risadinhas de deboche com a fala da tenente, como se aquilo já fosse uma piada interna entre eles.

— Por que diz isso?

INIMIGOS DO DESTINO (ERERI - RIREN)Onde histórias criam vida. Descubra agora