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DOIS ANOS HAVIAM se passado desde a chegada de Nalim ao labirinto, sua nova casa. Durante todo esse tempo, Nalim havia se integrado à comunidade, estabelecendo laços de amizade com a maioria dos clareanos, exceto Newt. Mas sinceramente, ninguém ligava muito para as intrigas entre eles.
Bea e Nalim eram como unha e carne, inseparáveis apesar de suas personalidades contrastantes. Beatrice era uma líder nata, mandona, com uma determinação e uma voz que ecoavam pela Clareira, enquanto Nalim preferia fazer suas próprias regras, mesmo que isso às vezes a colocasse em apuros.
Naquele dia, Beatrice e Minho estavam aproveitando um raro momento de pausa, sentados sob uma árvore no canto da Clareira, observando os outros Clareanos em suas tarefas. Ao lado deles estava Chuck, um garoto por volta de seus 13 anos que chegara há alguns dias.
────── Então, Chuck, você já se acostumou um pouco? ── Minho perguntou, lançando um olhar gentil para o garoto.
────── Acho que sim. É tudo meio confuso ainda, mas estou tentando. ── Chuck respondeu, tentando disfarçar o nervosismo.
────── Não se preocupe, fedelho. Todos nós passamos por isso. Em pouco tempo, você vai estar tão acostumado que nem vai se lembrar de como era lá fora. ── Beatrice disse com um sorriso encorajador.
────── E, enquanto isso, nós estamos aqui para te ajudar. ── Minho acrescentou, lançando um olhar cúmplice para Beatrice.
Beatrice observou Chuck com cuidado, vendo nele um reflexo dos próprios sentimentos de quando chegou à Clareira.
────── Você vai se sair bem, Chuck. Basta seguir as regras e se manter firme. ── Bea disse, sua voz firme mas acolhedora.
Chuck parecia mais relaxado, apreciando o apoio dos dois líderes. ──── Obrigado, Bea. Obrigado, Minho.
────── Ok, pessoal, temos um dia cheio pela frente. Chuck, você vai ajudar a cuidar dos porcos hoje. ── Beatrice disse, voltando ao tom sério. ──── É uma tarefa importante, então faça o seu melhor.
────── Certo, Bea. ── Chuck respondeu, com um sorriso tímido, sentindo-se mais confiante.
────── E quanto a nós? ── Minho perguntou, aproveitando a tranquilidade do momento.
────── Nós? Vamos aproveitar essa pausa enquanto podemos. ── Beatrice disse, recostando-se contra a árvore.
Minho sorriu, apreciando o raro momento de descanso ao lado de Beatrice. Os dois tinham trabalhado incansavelmente para manter a Clareira funcionando e segura, e esses momentos de pausa eram cruciais para recarregar as energias.
────── Você realmente sabe como lidar com os novatos, Bea. ── Minho comentou, admirando a maneira como Beatrice conduzia as situações.
────── Aprendi com os melhores. ── Bea respondeu, dando um sorriso rápido para Minho. ──── E você não é tão ruim assim, sabe?
────── Isso é quase um elogio. Vou aceitar. ── Minho respondeu com uma risada.
Os dois ficaram em silêncio por um momento, apenas observando a vida na Clareira continuar ao seu redor. Era nesses momentos que a parceria entre eles se fortalecia ainda mais, alimentada pela confiança e pelo apoio mútuo.
Bea estava com a cabeça encostada no ombro de Minho, olhando os Clareanos passarem e fazerem suas próprias coisas, algo chamou sua atenção. Uma cabeleira loura passando com os punhos fechados e uma expressão brava no rosto, era Newt.
Bea levantou o olhar, seguindo a trajetória de Newt com uma mistura de preocupação e curiosidade.
Minho percebeu a mudança na expressão de Beatrice e seguiu seu olhar até avistar Newt. Ele franziu o cenho, antecipando o motivo da raiva do amigo.
────── Parece que algo está acontecendo. ── Minho murmurou, levantando-se e estendendo a mão para ajudar Beatrice a fazer o mesmo.
────── Eu vou ver o que está acontecendo. Você vem comigo? ── Bea perguntou, com uma expressão determinada.
Minho assentiu, sabendo que era importante descobrir o que estava causando o alvoroço. Os dois se aproximaram de Newt, que estava parado em um canto, visivelmente perturbado.
────── Newt, o que aconteceu? ── Minho perguntou, tentando manter o tom calmo.
────── É aquela garota, Nalim. Ela e Ben... eles estavam se beijando. ── Newt rosnou, sua voz carregada de raiva.
────── E desde quando isso é da sua conta? ── Bea interveio, cruzando os braços.
────── Desde que ela é uma intrusa que veio aqui para causar problemas. ── Newt retrucou, sua voz cheia de desdém.
────── Newt, eu sei que você e Nalim não se dão bem, mas isso não lhe dá o direito de interferir na vida dela. ── Minho disse, tentando acalmar os ânimos.
────── Ela não pertence aqui, Minho. E não vou ficar de braços cruzados enquanto ela destrói tudo o que construímos. ── Newt respondeu, sua expressão endurecida.
────── Ela não veio para cá por quê quis. Você não pode controlar os sentimentos das pessoas, Newt. E se Nalim e Ben estão se gostando, isso não é da sua conta. ── Bea disse, sua voz firme.
Newt olhou para Beatrice com surpresa, não esperando que ela o confrontasse dessa maneira. Ele permaneceu em silêncio por um momento, antes de suspirar e recuar.
────── Talvez você tenha razão. Mas ainda não confio nela. E vou ficar de olho. ── Newt disse, antes de se afastar, deixando Minho e Beatrice sozinhos.
────── Você acha que ele vai causar problemas? ── Bea perguntou, olhando preocupada para onde Newt tinha ido.
────── Talvez. Mas vamos lidar com isso quando chegar a hora. Por enquanto, vamos deixar Nalim em paz. Ela merece ser feliz, assim como qualquer um de nós. ── Minho respondeu, colocando uma mão reconfortante no ombro de Beatrice.
Beatrice assentiu, sentindo-se grata pela presença de Minho ao seu lado. Juntos, eles enfrentariam qualquer desafio que a Clareira lhes apresentasse, inclusive a desaprovação de Newt. E, no final, a força de sua amizade e determinação seria o que os manteria unidos, não importando as adversidades.
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