Capítulo 3

388 65 14
                                    

(Soraya)

Passado mais ou menos um mês do último encontro com Simone, chegou à minha loja uma correspondência. Só podia ser da prefeitura, visto que ninguém mais tinha aquele endereço. Umas semanas atrás, eu entreguei todas as documentações ao departamento urbano e estava esperando vir a inspeção. Quando abri o envelope, li as palavras:

Alvará de licença para estabelecimento.

Não acreditei. A carta já era a ordem que eu precisava para abrir meu bar! Não precisou vir inspeção alguma, simplesmente me concederam sem ao menos ninguém vir aqui. Quer dizer, a prefeita havia vindo, talvez isso significasse algo.

Fiquei surpresa pela carta por uns segundos, até que processei... Agora eu podia abrir meu bar! Preciso comemorar!

Como forma de agradecimento, separei o óleo que Simone havia gostado numa pequena caixa e coloquei-o junto a um bilhete:

Senhora prefeita,

Envio esse presente apenas como um mimo por ter me ajudado a começar meu novo empreendimento! Espero que goste.

Beijos,

A dona do bar.

Empacotei as coisas e pedi a um entregador para ir deixar na prefeitura. Ele prontamente atendeu meu pedido e fiquei ansiosa esperando alguma notícia de Simone.

Passou-se a manhã e a tarde inteira e nada dela aparecer ou sequer mandar uma mensagem. Será que meu presente havia chegado? Liguei para o entregador e ele me confirmou que tinha entregue para o chefe de gabinete dela pessoalmente. Não é possível que até essas horas não tenha chegado às mãos dela.

Eu tinha dado meu número, mas ela não tinha me dado o dela, então não havia como contactá-la. Eu nem sei porque eu estava tão ansiosa. Essa mulher apareceu ontem na minha vida, nem tem tanta importância assim...

O telefone toca.

-... Alô? -Atendo à ligação quase ofegante.

-Oi, Soraya.

Era a voz delicada e firme de novo.

-Oi, Simone! Recebeu meu presente?

-Recebi sim. Desculpa não ter ligado antes. Eu tava atolada de coisa pra resolver hoje. Já já tenho uma inauguração de obra pra ir. Tenho que ir pra casa me arrumar, mas não queria deixar de agradecer. Está feliz com seu alvará?

-Muito! Queria comemorar hoje! Você pode passar aqui mais tarde?

-Não sei, Soraya... Se der certo, eu te ligo, tá bom? A gente se fala. Agora tenho que ir. Tchau!

-Tchau, Si-

A ligação caiu antes mesmo de eu terminar de falar.

_________

(Simone)

Chegando em casa, depois de um dia conturbado e da inauguração de uma obra, finalmente entrei numa ducha morna. Eu deixava a água escorrer pelo meu corpo e ele revitalizava ao sentir as gotas descendo. Era como se o cansaço se esvaísse conforme a água caía. Porém, eu não conseguia pensar em outra coisa: qual era o presente que Soraya havia me enviado? Não tive nem tempo de abrir.

Ao sair do banheiro, coloquei um roupão e uma toalha no cabelo, tentando ficar o mais confortável possível. Eu logo ia pegar no sono. Mandei meu marido ir pra a outra suíte, porque essa noite eu queria dormir tranquila, sem ouvir os roncos dele.

A dona do barOnde histórias criam vida. Descubra agora