Capítulo 4

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(Soraya)

A inauguração do bar estava a todo vapor. Minha equipe ia de um lado para o outro trazendo caixas, bebidas, limpando e organizando as coisas em seus devidos lugares. Na minha cabeça só se passava uma coisa: eu ia ver Simone hoje à noite. Eu tinha de usar uma roupa digna dessa inauguração e da prefeita da cidade. Procurei em todos os lugares do meu guarda-roupa algo que fosse interessante, mas nada parecia bom.

Então, saí pela rua para comprar algo que servisse. Algo elegante, mas que também mostrasse a sensualidade que aquele lugar demandava. Eu queria chamar atenção de Simone, queria que ela me olhasse diferente, embora eu soubesse que ela só me via como uma vendedora.

Eu não parava de pensar nela desde que me ligou da última vez. Eu não conseguia parar de pensar nela usando aquele óleo, nas mãos macias deslizando pelo corpo, no cabelo bagunçado, no cheiro dela que senti de longe... Eu queria senti-la de perto. Quanto mais proibido parecia, mais eu queria.

Passou-se a tarde e eu finalmente achei algo que me servisse: um vestido longo vermelho com uma fenda na perna e um salto dourado. Não era perfeito, mas era o melhor que eu tinha. Deixei meus cabelos soltos, com as pontas levemente pra cima para parecer séria, mas despojada. Me maquiei com algo simples, coloquei joias douradas e meu melhor perfume.

Passei pelo salão principal e cumprimentei todos os funcionários, dando uma palavra a respeito da abertura do bar. Eu estava muito animada!

Quando menos espero... 

Simone chega acompanhada de uma comissão. Ela estava com um vestido longo preto de alça, mas usava um lenço pra cobrir o colo e as costas. Até sendo discreta ela chamava atenção.

Ela veio com pelo menos uns 8 homens ao redor, um dos quais imaginei ser o marido, pois entraram de mãos dadas. 

Meu coração acelerou a mil por hora e parecia que eu ia morrer de tanto nervosismo, mas fui cumprimentá-los. 

-Boa noite, tudo bem? Boa noi-... Bom? Tudo! -Eu cumprimento os homens em tom casual.

-Boa noite, Soraya. Linda inauguração. -Diz Simone quando finalmente chego para apertar sua mão. -Esse é Eduardo, meu marido e secretário de estado.

-Boa noite... secretário, prazer, tudo bom? -Eu disse com um sorriso simpático para conter meu coração prestes a sair da boca.

Ele sorri de volta e aperta forte minha mão. Se ele soubesse o quanto eu quero a mulher dele...

Interrompendo meus pensamentos, chega um funcionário e fala ao meu ouvido:

-Soraya, a gente precisa daquele produto... Uns clientes estão perguntando...

Do jeito que ele falou, parecia que eu vendia droga. Mas provavelmente era algum velho precisando de uma ajuda pra levantar a pipa que não sobe mais.

-Licença, secretário, prefeita... Preciso resolver uma coisinha. Aproveitem a festa. 

Me retiro e vou para a sala de produtos novos do sex shop para procurar uma caixa de produtos. Logo em seguida, escuto passos de salto alto vindo na direção da sala. Só uma pessoa conhecia aquela parte da loja...

Meu coração, que já não tinha batimento, começou a gelar. Meu corpo arrepiou, até que escutei a voz dela atravessando a porta:

-Precisa de ajuda, Soraya?

-N-não, tá tranquilo.. -Eu nem me virei pra responder.

-Tá tudo bem? Você parece nervosa com essa inauguração, mas está tudo ótimo. Meus assessores acharam incrível.

-Ah, então essa é a sua comissão? Pensei que vinha sozinha, já que não queria ser vista aqui.

-Eu chamei todos do gabinete e alguns vieram comigo. Ainda tem mais gente pra chegar. Você se esforçou tanto pra isso ficar pronto, achei que merecia ser prestigiada na abertura.

-Obrigada, Simone... -Me virei e tentei olhar nos olhos dela, mas falhei. Parecia que seus olhos iam me escanear por completo e eu não queria me sentir vulnerável. -Tô procurando uma caixa com uns produtos diferentes aqui. Me pediram e eu não lembro onde coloquei. É tanta coisa, meu deus...

-Quer que eu ajude a procurar? É só você me dizer o que é.

-Não, não... Quero que você aproveite a festa. Não deixe seu marido sozinho.

-Ah, ele tá bem entretido. Ele adora pessoas. Deve estar puxando assunto com todas. Eu é quem fico escanteada nessas ocasiões, porque sou mais tímida, por isso vim me esconder aqui.

-Hm... Tudo bem.

-Sabe, Soraya... Minhas costas doem tanto quando saio do trabalho... E aquele seu óleo me ajudou muito. Eu até trouxe ele na bolsa.

Onde essa mulher tá querendo chegar?

-Simo-...

-Você pode passar ele em mim? -Ela fecha a porta, tira o lenço que estava sobre seu colo e coloca sobre uma das caixas empilhadas, revelando também suas costas. Segurando uma bolsinha preta, ela tira de dentro o presente que eu havia lhe dado. -Por favor?

Eu pego aquele pote como se minha vida dependesse dele, tentando não parecer desesperada. Tiro meus anéis e os coloco sobre seu lenço. Me posiciono por trás dela e me aproximo de suas costas, sentindo o cheiro floral fresco de seu pescoço. Com minhas mãos, baixo as alças e passo aquele óleo sobre suas clavículas, massageando com cautela. Ela suspira e eu sinto o alívio que ela expele pelo ar.

-Tá bom assim? -Aperto um pouco a sua nuca com meus polegares e ela só balança a cabeça positivamente.

Afasto seu cabelo com uma mão e com a outra eu deslizo do pescoço até o ombro. 

-Seu cheiro é tão gostoso... -Digo quase suspirando aos seus ouvidos. 

-Continua... assim... -Ela contorcia para trás em sinal de prazer.

Massageio sua nuca e ela vira a cabeça em minha direção. Aproximo meu rosto do dela e encosto em seu lábio suavemente. Ela treme e eu tomo sua boca com a minha, até que ela responde procurando mais contato. Minha mão aperta sua cintura e ela cola no meu corpo, pegando na minha perna sob a fenda e gemendo fraco dentro da minha boca.

O som de seus lábios era a música mais bonita de ouvir e eu não conseguia parar de beijar.

Estava tão gostoso que eu nem ouvi quando alguém bateu à porta.

-Sor- Soraya... -Simone interrompe o beijo delicadamente. -Tem alguém batendo na porta.

-Porra, puta que pariu... Não tinha hora pior pra aparecer não, caralho?! -Digo e tento me recompor para abrir a porta. -Deve ser algum funcionário me procurando.

Ao abrir a porta, uma figura completamente inesperada aparece, quebrando o clima agradável.

-Como você abre um bar e não me avisa? -Diz a pessoa sorrindo, com a maior cara de pau do mundo.

-Carlos César???????? 

O homem tinha vindo de Campo Grande pra me vistoriar. 
























A dona do barOnde histórias criam vida. Descubra agora