Capítulo 5

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(Soraya)

-Simone, este é meu marido.

Ela, já coberta com seu lenço, estende a mão para cumprimentá-lo.

-Tudo bom? Como vai? 

-Mais ou menos, Simone, já que minha esposa resolveu me omitir algumas informações. -Diz Carlos olhando para mim em tom de deboche.

-Meu querido, você se omitiu desde o momento que falou que não me apoiaria... Lá em Campo Grande, lembra? Por isso eu vim pra cá.

-Gente, desculpa, acho que essa é uma conversa particular. Vocês me dão licença que eu vou voltar pra festa. -Simone interrompe sem jeito ao presenciar o ocorrido.

-Desculpa, querida. Mais tarde a gente se fala. -Respondi.

Simone sai da sala e eu volto à procura das caixas.

-Soraya, eu sabia que você era safada, mas precisava pegar logo a prefeita da cidade? Não tem vergonha de ficar com mulher casada?

-Meu querido, eu não tenho vergonha de nada. Por que você acha que eu tenho um bar, um sex shop e um motel? Além do mais, você me traiu com várias, não tem autoridade de vir me acusar.

-Você sabe que isso não significou nada. Continuamos casados, você tem que respeitar nosso casamento.

-Do mesmo jeito que você respeitou? Ora, me poupe. Agora dê licença que vou levar os produtos pro meu cliente. Alguém aqui tem que trabalhar.

Carlos bufa e permanece estático na sala. Enquanto isso, pego a caixa de produtos e volto à festa.

-Aqui, querido. Tenho certeza que isso vai satisfazer suas necessidades. -Entrego os produtos e dou uma piscadela para o senhor que me solicitou as novidades da loja.

Ele abre um sorriso e dá a piscadela de volta, entregando a caixa para o que parecia ser um assessor. Agora eu tinha atraído a nata da cidade.

-Qual o valor, minha dama? -Pergunta o senhor.

-Passo os valores para seu gabinete, se preferir.

-Combinado. Moça esperta. Gosto da sua discrição.

Simone chega no meio da conversa e diz:

-Vejo que já conheceu o meu pai, Soraya. 

Eu, tentando conter o espanto, respondo:

-Não sabia que era seu pai. 

-Pois é. Ramez Tebet, Simone Tebet. -Ela aponta para o homem e depois para si mesma. 

-Ah, então vocês são a família Tebet... Interessante. -Eu estava surpresa com essa informação e tentando não rir.

Simone não percebeu que eu estava fazendo entrega de produtos de sex shop ao seu pai. Imaginou que eu estava apenas cumprimentando o senador. Já o homem não sabia que eu havia beijado sua filha minutos antes. Eu me meto em cada situação.

-Vim me despedir. Já está ficando tarde e eu preciso colocar minhas filhas na cama. -Diz Simone.

-Não, está tão cedo ainda... Fica só mais um pouco. Vai ter show, apresentações... Você devia ficar um pouco mais.

-Preciso mesmo ir. Vim me despedir do meu pai e de você. Nos falamos depois, ok?

-Tá bom. 

Acompanho-a até a porta, pois seu marido já a esperava no carro. Antes de sair para rua e alguém nos ver, pergunto:

-Tá tudo bem entre a gente?

-Claro. -Simone responde com a voz mirrada, olhando para baixo.

-Eu gostei que você veio. Mas eu quero que venha depois... sozinha.

A dona do barOnde histórias criam vida. Descubra agora