37. Brasil

84 12 5
                                    

Quando James viu a casa pela primeira vez, estava radiantemente quente lá fora. O sol estava lançando em tudo um brilho dourado, e é por isso que James podia ver com perfeita clareza as persianas vermelhas e verdes.

Regulus as pintou ele mesmo? Ele pagou a alguém para fazer isso por ele? James podia ouvir a água do oceano. Os pássaros cantavam e os insetos zumbiam pacificamente.

Quando James viu a casa pela primeira vez, ele não entrou por duas horas. Ele apenas ficou sentado do lado de fora, no cascalho com todas as suas malas, e chorou.

Fazia mais de um ano desde que Regulus morreu. Um ano cansativo onde tudo foi completamente e irrevogavelmente diferente. Ele não celebrava mais as coisas. Sem aniversário, sem Natal, sem Ano Novo. O tempo passou, isso era inevitável. Mas James queria reconhecer o mínimo possível o tempo passando sem Regulus. É por isso que ele não ficou tão chateado quanto deveria quando Barty e Evan não fizeram barulho sobre o casamento, ele entendeu como era.

Tudo mudou no ano seguinte a Regulus, mas quando James entrou naquela casa, na casa deles, foi como se o passado tivesse sido perfeitamente preservado e engarrafado. Havia caixas e caixas com as coisas de Regulus. Tudo o que tinha, ele despachava para a casa no Brasil. James reconheceu os retratos da casa em New Hampshire e os tapetes que cobriam os corredores do terceiro andar. Ele vasculhou caixas com roupas de Regulus que ainda cheiravam a ele e olhou na biblioteca para as pilhas e pilhas de livros empilhados no chão, ainda não colocados nas prateleiras.

Ele meio que esperava ouvir os passos de Regulus andando pelo corredor ou ouvir sua voz chamando por ele, pedindo a James para trazer a caixa com a chaleira para a cozinha. Mas James foi recebido apenas com silêncio.

Tudo na casa tinha vestígios de Regulus por toda parte. Pequenos vislumbres dele, novas partes dele que James conseguiu ter e manter, mesmo que ele não estivesse mais vivo. Levou vários dias para James percorrer toda a casa. Às vezes ficava muito pesado. Às vezes, era Regulus demais para não haver nada dele.

O primeiro post-it que James leu estava no armário do quarto principal. Era rosa brilhante, e James os notou por toda a casa, mas não conseguiu lê-los por dois dias. Ele viu a escrita pequena, organizada e ondulada de Regulus sobre eles em tinta preta e não suportou ler suas palavras ainda. O do armário foi bastante fácil. O post-it rosa brilhante colado na parede branca nua. Era uma frase de cinco palavras, uma que fez James sorrir em meio às lágrimas que se acumulavam.

'Comprar roupas melhores para James.'

Ele leu o primeiro e então, em um frenesi faminto, em um desespero silencioso para ter mais de Regulus, ele começou a andar pela casa lendo cada post-it, anotando-os enquanto o fazia.

No quarto.

'Deixar James colocar um de seus pôsteres aqui.'

Ele então riscou o um e colocou dois.

Na parede de um corredor.

'Pendurar os retratos meus e de James aqui.'

Na cozinha.

'Boas bancadas para dançar.'

'Comprar laranjas para James fazer muffins.'

No primeiro quarto vago.

'Para Barty e Evan.'

No segundo.

'Sirius e Remus?'

Pelas persianas vermelhas e verdes.

"De nada, James."

Na janela com vista para o gramado da frente.

Art Heist, Baby!  [concluído] + capítulos extrasOnde histórias criam vida. Descubra agora