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Abri o salão mais cedo, hoje era dia de pagofunk na quadra do morro e as mulheres estavam infernizando para terem uma vaguinha pra se produzirem.

— Irmã tô cansada — disse exausta me jogando na cadeira enquanto Ana fazia a unha de uma cliente — bora comer onde?

— Nem sei amiga, tô com mais uma cliente depois dela, acho que vou pedir uma quentinha e ficar daqui — disse concentrada em não arrancar bife.

— Então vou comprar e nós fica daqui mesmo, coca ou guaraná?

— Coquinha no gelo!

Deixei meu salão com as meninas trabalhando e subi o morro, fiz um coque no meu cabelo e entrei na viela sete, onde eu passava o povo falava comigo, cria do Alemão desde novinha né.

— Oi tio Wilton! — sorri chegando no restaurante já sentindo aquele cheiro gostoso de bife acebolado.

— Oi filha — beijou minha testa — o de sempre?

— Sim, duas por favor — disse aceitando o salgado que ele sempre me dava por conta da casa.

Me sentei no banquinho pra esperar e logo senti uma presença do meu lado.

— Por minha conta o dela Wilson.

Sorri ladina sem olhar para o lado, a voz de Coringa tava rouca e baixa, depois de ontem não nos falamos mais.

— Não precisa — fiz charminho devorando o salgado, na larica.

— Relaxa morena — murmurou não se aguentando e passando a mão grande na minha coxa nua disfarçadamente — na moral, tu num sai da minha cabeça.

— Engraçado, soube que chamou a Kelly pra boca hoje, imagina se eu não saísse da tua cabeça né? — rir debochada.

— Tá com ciúmes amor? — perguntou sorrindo cínico me fazendo bufar.

— Sou bem casada — mostrei a aliança fazendo ele revirar os olhos — só não entendo o que tu vê naquela mona sem sal, xoxada!

— Ela paga um boquete gostoso — deu de ombros olhando sem pudor pros meus peitos.

— Claro, mama o bonde inteiro, virou profissional — disse fazendo ele gargalhar.

Me peguei admirando o mais alto.

— Deixa de ciúmes vida — murmurou apertando onde passava com sua mão — tu paga um boquete gostosinho também.

— Também o caralho! — disse tirando sua mão de mim com raiva — eu sou totalmente diferente dessa biscate, no meu cu nunca entrou nada, já no dela.

Coringa ficou me olhando surpreso, percebi que tinha confessado algo que eu não deveria, e logo vi um sorrisinho brotar no canto do seu lábio.

— Bom saber — murmurou se levantando — vai piá lá no pagofunk?

— Nem sei, tô mega cansada — disse olhando em seus olhos escuros.

— Vai pô, coloca tudo o que tu quiser no meu nome — mandou autoritário — depois nós se acerta daquele jeitinho que tu sabe que eu gosto.

Mordi os lábios sorrindo sapeca para o homem que suspirou indo embora.

— Aqui minha flor.

— Obrigado tio!

Voltei pro salão e passei o dia fazendo cabelo e trança.

Voltei pra casa só o pó da rabiola, quando cheguei Livinho estava na sala com seus amigos fazendo carreira de maconha e cheirando, nem sequer olhei para eles, passei direto fechando a porta.

Alemão | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora