𝗔𝗧𝗢𝗦 𝗜𝗠𝗣𝗥𝗨𝗗𝗘𝗡𝗧𝗘𝗦

359 32 30
                                    


          Aquilo não era uma boa ideia. Entregar um presente tão generoso aos guerreiros da humanidade, por mais merecedores que sejam, ainda era uma decisão bastante perigosa de ser fazer.

O fim do Ragnarok não havia apenas anunciado a vitoria da humanidade, mas também iniciado uma nova era de camaradagem -relutante- entre ambas as raças.

Só que, infelizmente, nem tudo se resume à flores e, antes mesmo que os acontecimentos do Ragnarok pudessem ser totalmente processados, as divindades logo se viram presas numa tarefa colossal: enviar as almas humanas para seus locais de origem.

Isso deveria ser fácil, em teoria. No entanto, graças a Zeus, as almas dos mortais falecidos também foram adicionadas nessa equação, o que piorou gravemente a situação.

[São bilhões de almas que devem ser guiadas, gradualmente, ate seus locais de origem. Cada uma com sua própria burocracia infernal-]

E, por mais que Tsukuyomi no Mikoto tenha dado a brilhante ideia de dividir o "serviço" em nacionalidades, ainda era uma tarefa colossal que somente foi complicada por Zeus.

Este que, pasmem, estava tomando chá em um dos jardins internos do Olimpo depois de ter delegado suas tarefas a outras pessoas. Com toda a falta de vergonha que apenas alguém como ele poderia possuir.

"Pai..."

Hermes, o deus mensageiro do Olimpo, patrono da diplomacia e dos comerciantes, não sabia por onde deveria começar a falar.

Haviam muitas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo em Valhalla, desde fofocas inocentes ate pedidos de casamentos inusitados que sempre envolviam os Einhejar de alguma maneira.

[Era impressionante o quanto aqueles humanos ficaram famosos em tão pouco tempo-]

"Eu... Eu realmente espero que o Senhor não se arrependa dessa decisão..."

"Não esquente a cabeça com isso, meu filho!" Zeus ri despreocupadamente, como se nada no mundo pudesse prejudica-lo.

"Eu tenho tudo sob controle! Então relaxe um pouco e tome uma xicara de chá com seu velho pai~"

A única coisa que Hermes pode fazer, em resposta a indiferença usual do mais velho, foi suspirar profundamente e obedecer. Sentando-se, assim, em uma das três cadeiras confortáveis que estavam vazias.

O pai do cosmos, por outro lado, aproveita o momento para encher uma nova xicara de chá. Não parecendo nem um pouco perturbado com os problemas que Valhala iria -possivelmente- ter que enfrentar no futuro.

"Além disso..." Zeus sorri, fazendo uma pausa para empurrar a xicara de chá na direção de Hermes. "Depois de todo o entretenimento que esses humanos nos deram... Achei justo oferecer um presente adequado em troca..."

"Entregando ao Pai da Humanidade uma dimensão?"

"Sim! Hahaha- Não foi uma excelente ideia?"

Não. Definitivamente não. E Hermes nem estava pensando profundamente na quantidade de pontos negativos que esse "plano" possuía.

Os sentimentos controversos que sentia devem ter sido, de alguma forma, denunciados em seu rosto, já que as próximas gargalhadas de Zeus acabam saindo altas demais para serem consideradas normais.

E isso, como sempre, não ajuda em nada na situação delicada de Hermes - Além de fazê-lo lembrar de onde Apollo havia herdado parte de sua personalidade dramática.

"Eu sei que já te avisei isso, mas..." Zeus prolonga o silêncio com uma risadinha. "... Você deveria aprender a relaxar, meu filho! Siga os passos do seu pai e pare de levar tudo a ferro e fogo~"

𝐃𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐎 caprichosoOnde histórias criam vida. Descubra agora